sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ronaldo Caiado, líder do DEM no Senado, pede desculpas por traição de deputados do DEM

Ronaldo Caiado, líder do DEM no Senado, pede desculpas por traição de deputados do DEM




Alguns deputados ditos da ‘oposição’  garantem a vitória do ajuste fiscal da Dilma e alguns petistas deixam Dilma na mão
DEM e PSB, dois partidos de oposição, garantem a vitória da MP do ajuste fiscal na Câmara; parte da base, inclusive petistas, deixa Dilma na mão


O governo venceu, e o texto-base da Medida Provisória 665, que restringe as regras para a concessão do seguro-desemprego, foi aprovado. Mas o Planalto teve de suar, e o placar foi apertado: 252 a 227. Foram apenas 25 votos de diferença. Querem uma medida da dificuldade? Se os deputados de partidos de oposição que votaram “sim” tivessem votado “não”, a MP teria sido rejeitada: foram 8 do DEM, 7 do PSB e 1 do Solidariedade. Ao todo, pois, 16 oposicionistas engrossaram as fileiras governistas

 Se eles fossem subtraídos dos 252 a favor e somados aos 227 contra, o placar teria sido 237 a 242 contra o governo. E a MP teria ido para o espaço. Logo, é justo que Dilma seja grata a parte do DEM e do PSB pela ajuda. Eles deram a vitória a um governo ao qual se opõem.

Não estou fazendo ironia, não. É fato! Afinal, convenham: votar com o governo é tarefa, em princípio, dos governistas. Mas estes também traíram. Dez deputados do PT deixaram Dilma na mão: nove não apareceram, e um votou contra. Dos 64 votos do PMDB, 13 disseram “não” à MP. No PDT, que tem o Ministério do Trabalho, houve unanimidade contra: 19. No PP, as defecções chegaram a 18 dos 39 votantes; no PTB, 12 dos 24. 


Todos têm titulares na Esplanada dos Ministérios. E olhem que houve esforço concentrado. Michel Temer teve de trabalhar. Ao fim da votação, José Guimarães, líder do governo na Câmara (PT-CE), sugeriu que os partidos aliados receberiam a devida compensação. Cobrado a se explicar, não o fez.


Notem: se a oposição tivesse votado unida, e a base desunida, o meu título seria este: “Governistas derrubam MP do ajuste fiscal”. Como a oposição também se desuniu, e como seus votos foram essenciais para a aprovação da medida, então não há como: “DEM e PSB, dois partidos de oposição, garantem a vitória da MP do ajuste fiscal na Câmara; parte da base, inclusive petistas, deixa Dilma na mão”.


A votação foi tumultuada, com militantes da CUT e da Força Sindical nas galerias, protestando contra o texto. Membros da Força portavam cartazes com as fotos de Dilma e Lula sob o título: “Procurados”. Quando eles derramaram sobre o plenário o que chamaram de “PTrodólares”imitação da moeda americana com as efígies de Lula, Dilma e João Vaccari Neto —, Eduardo Cunha esvaziou as galerias. Os petistas gritavam histericamente, pedindo que saíssem do local… Justo eles, né?, sempre tão educados num Parlamento. 


A gente viu o que fizeram no Paraná… Concluída a votação do texto principal, os oposicionistas entoaram em coro uma adaptação de uma samba celebrizado por Beth Carvalho: “O PT pagou com traição/a quem sempre lhe deu a mão”. Inconformados, petistas e membros do PCdoB acusavam falta de decoro e comportamento incompatível com o Parlamento.


Depois da rejeição de dois destaques, deputados de oposição promoveram um panelaço em plenário, para tristeza do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que bufava: “São panelas importadas. Depois, vão jantar no Piantella”, referindo-se a um restaurante chique de Brasília. Não entendi a ilação deste comunista do Brasil: parece que ele considera que só pode jantar no Piantella ou quem vota com o governo ou quem é favorável a que se restrinjam as condições para o seguro-desemprego…


O governo venceu, sim. Mas a votação demonstrou como está desarticulada a base. Ou Dilma não teria dependido dos votos de DEM e PSB. Os oposicionistas fizeram o governo sangrar até o limite. E, como já deixamos claro aqui, os petistas estiveram entre os que mais deram trabalho a Dilma.


Eduardo Cunha (PMDB-RJ) presidiu a sessão com impressionante calma. Era o dono da bola. Sabia que, se quisesse, aplicaria outra derrota a Dilma, seja pondo seus liderados para votar contra, seja deixando-se enredar pelas manobras da oposição, adiando mais uma vez a votação. Mostrou quem está no poder naqueles domínios. Na noite anterior, já tinha desferido um cruzado no queixo do PT: ou o partido fechava questão, ou o PMDB não se comprometia com a MP. Dilma não conseguiu enquadrar seu partido. Coube a Cunha fazê-lo.
O PT acabou.


Caiado pede 'desculpas' por traição de deputados do DEM

Embora oposicionista,  partido entregou oito dos 22 votos em favor da medida provisória que endurece regras trabalhistas
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), pediu desculpas nesta quinta-feira pelo que considera "traição" de deputados do partido por eles terem votado a favor da Medida Provisória 665, que restringe acesso a seguro-desemprego e abono salarial. O apoio do DEM - ferrenho partido oposicionista que deu oito dos 22 votos a favor da medida do ajuste fiscal - foi decisivo para o governo obter os 25 votos favoráveis na votação do texto-base na Câmara.


Contrário à fusão do DEM com o governista PTB, Caiado atribuiu a votação da bancada a esse movimento partidário. "Desde o primeiro momento, alertei que os que defendiam a fusão queriam jogar o Democratas no colo do governo. A votação do arrocho fiscal de ontem comprovou essa tese. Foi deprimente ver o partido agir assim. Cabe a nós pedirmos desculpas por essa traição ao sentimento da população brasileira", disse ele, em nota.

O líder do DEM no Senado afirmou que, embora a votação de partidários em favor do governo tenha machucado "profundamente", isso não vai tirar o ânimo e a determinação. Segundo ele, a sociedade precisa entender que os que ficarem no partido continuarão na oposição. "Se os parlamentares que se comprometeram com a oposição tivessem votado contra a MP do PT, teríamos encurtado esse governo e definido um novo rumo para o país. A votação de ontem é o sinal claro do fim do ciclo do PT. Panelaços, faixas e 'PeTro Dollares' voando pelo plenário. A luta continua", destacou.

Fonte: Estadão Conteúdo – Blog  Reinaldo Azevedo


Nenhum comentário: