Cupincha de Lula no TCU, Múcio já havia sido acionado para isentar
Dilma de responsabilidades pela compra de Pasadena. Agora o
ex-presidente que livrar a pupila do crime das pedaladas fiscais.
(Folha) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estimulou pessoalmente o
responsável pela análise das contas do governo Dilma Rousseff no TCU
(Tribunal de Contas da União) a contestar as chamadas "pedaladas
fiscais". O movimento ocorreu no mesmo período em que o petista começou a criticar
abertamente a condução da gestão de sua afilhada política.
A Folha apurou que Lula disse ao ministro José Múcio Monteiro, de
quem é próximo, achar razoável que o órgão pedisse explicações sobre as
manobras. Nelas, bancos públicos usam seus recursos para pagamentos do
governo, o que é ilegal. A conversa se deu quando o voto do ministro, contestando o atraso no
repasse, já estava pronto. Segundo relatos, Lula disse que isso "daria
um susto" na presidente.
O voto de Múcio concluía que as manobras que a equipe do ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega fez entre 2013 e 2014 feriram a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Às vésperas do julgamento no TCU, marcado para 17 de junho, o relator do
processo, ministro Augusto Nardes, indicou a integrantes do governo que
a tendência era que o órgão rejeitasse as contas de 2014 do governo
federal.
O recado chegou a Lula, que viu se desenhar o cenário favorito para a
oposição: uma possível reprovação das contas de Dilma pelo TCU, que pode
ser reiterada no Congresso, abriria espaço para um processo de
impeachment contra a presidente. Aliados dizem que Lula passou então a defender o adiamento do parecer
sobre as contas. No julgamento, em decisão inédita, o TCU deu 30 dias
para que Dilma explicasse as irregularidades.
Questionado sobre a conversa entre o ex-presidente e Múcio, o Instituto
Lula, por meio de sua assessoria, disse que Lula "repudia e lamenta a
reiterada prática do jornal Folha de S.Paulo de lhe atribuir
afirmações a partir de supostas fontes anônimas, dando guarida e
publicidade a todo o tipo de especulação".
O ministro Múcio foi procurado não respondeu até a conclusão desta
edição. Uma ala do Planalto vê este como mais um sinal de que o
ex-presidente
quer se distanciar de Dilma e creditar à sucessora a crise do governo,
eximindo-se de qualquer responsabilidade. Lula tem criticado Dilma
publicamente e chamou sua gestão de "governo de
mudos". Para o petista, a presidente, ele e o PT estão "no volume
morto".
Os mais críticos a Lula dizem que o movimento de ataque e, em seguida,
recuo, tem sido comum no comportamento do ex-presidente em relação a
Dilma. Eles lembram quando, nos bastidores, o petista estimulou que
parlamentares do PT votassem contra o ajuste fiscal do governo em nome
de bandeiras do partido. Diante da real possibilidade de derrota, porém,
Lula pediu união à bancada.
Outro setor do governo diz que o ex-presidente está "irritado e
inquieto" com os resultados do governo e acredita que as críticas "para
fora" podem surtir mais efeito do que os conselhos diretos à presidente.
Caso queira ser candidato em 2018, apostam esses petistas, Lula não pretende deixar seu projeto político afundar dessa maneira.
Caso queira ser candidato em 2018, apostam esses petistas, Lula não pretende deixar seu projeto político afundar dessa maneira.
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