O nosso corpo pode realizar várias
funções sozinho, nós podemos comer que nossos órgãos digestivos vão
fazer a sua parte, podemos respirar que nossa circulação trabalha
involuntariamente, podemos andar que nossos nervos e cérebro vão se
coordenar de acordo com a nossa intenção, mas só uma função do corpo
humano é incompleta: a função da procriação. Para essa função, a da
complementariedade, assim como tantas outras estabelecemos algumas
normas que a potencializem para o bem comum.
Co-Autor com Robert P. George e Sherif
Girgis do livro “What is Marriage? Mand and Woman: A Defense” que foi
citado duas vezes na Suprema Corte, aos apenas 31 anos de idade, Ryan T.
Anderson é fundador e editor do site Public Discourse, já foi editor
assistente do First Things dentre outros, com inúmeras aparições na
mídia e jornais, Anderson recebeu seu bacharelado em Artes da
Universidade de Princeton, graduando Phi Beta Kappa e Magna cum Laude.
Da Universidade de Notre Dame, ele recebeu o doutorado de filosofia
política e mestrado, também co-escreveu um artigo “What is Marriage?”
para o Harvard Journal of Law and Public Policy.
Com um currículo tão grande que teve de
ser resumido, Anderson tem provavelmente pego a causa mais impopular
para os jovens da sua época: ser crítico do casamento homossexual. E ele
faz isso sem usar teologia, tradição ou moralidade, se limitando a usar
apenas filosofia e ciência social para formar uma política pública que
responda porque o governo se importa com o casamento.
Para os advogados do casamento
homossexual, “casamento é entre dois adultos que consentem em amar um ao
outro, estabelecido tanto por prioridade ou por intensidade emocional”,
em outras palavras diz Ryan “Casamento é sobre estabelecer sua pessoa
número um”, não vai muito longe da justificativa de Singer para a bestialidade
e talvez por isso o movimento se incomode tanto quando há a comparação.
Essa filosofia sobre casamento falha em explicar as três regras
matrimoniais e a razão do envolvimento do governo com casamento em
primeiro lugar.
Ryan toma Aristóteles para analisar
todas as formas de comunidade, para ele tem de serem observadas as ações
a que a comunidade participa, os bens que ela busca e as normas que
moldam a vida comunitária. Por exemplo uma comunidade acadêmica
universitária tem como atividade essencial estudar, sendo esportes e
outras atividades não essenciais ao objetivo fim: a busca pela verdade
e é essa busca que molda o seu código de honra, suas normas, não ganhar
taças e troféus.
E o casamento? O que faz a comunidade do
casamento diferente da universidade, do time de futebol? É só o
sentimento? Não temos sentimentos por nossos amigos ou nossos
pais e avós, como isso pode ser exclusivo? É só o desejo sexual? Mas
não envelhecemos e perdemos o apetite, como manter isso permanentemente?
É só o consentimento? O que falar do caso Armin Meiwes?
Primeiro, o casamento é uma relação monogâmica, segundo tem de ser observada a regra da exclusividade sexual e terceiro, a da união permanente.
Basicamente essas regras servem para que um homem e uma mulher se unam
como marido e esposa para ser pai e mãe a toda criança dessa relação.
Toda vez que um bebê nasce haverá uma mãe por perto, o grande problema é
se haverá um pai presente na vida da criança e até quando. O casamento
aumenta as chances que um homem ficará atrelado tanto à criança que ele
ajudou a gerar quanto à mulher indispensável para isso.
O casamento une as duas metades da
humanidade (macho e fêmea), não apenas na união dimensional dos
parceiros unidos (corpo e mente), mas no que se espera dessa união.
Parceria não é algo genérico, só se é parceiro em alguma coisa, com um
objetivo comum. Da mesma forma, não existe a abstração pai e mãe, mas
paternidade e maternidade, um conjunto de condições que dita que pais
não podem ser mães e mães não podem ser pais na educação de uma criança,
mesmo que possam ser no sustento.
Para Anderson “se um homem não se
responsabiliza exclusivamente e permanentemente com uma mulher as
chances de se criarem crianças sem pai e famílias fragmentadas cresce.
Quanto maior o número de parceiras um homem tem, e menor a vida dessas
relações, maiores as chances de ele ter crianças com múltiplas mulheres.
Essa atenção e recursos pessoais divididos além de suas capacidades
então terão consequências que pesarão não só para a mãe e a criança, mas
para toda a sociedade.” O casamento vem regular uma desigualdade
reprodutória, afinal, uma mulher pode suportar uma quantidade limitada
de filhos de nove em nove meses, um homem pode fazer uma multidão de
forma ilimitada nesse período, por isso os povos antigos viam a
poligamia com maior naturalidade mas também era um tempo em que a mulher
tinha um papel restrito.
O governo não estava interessado em romance
quando reforçou as normas do casamento, mas na redução da criminalidade
e de custos sociais. O fim da cultura do casamento gera gravidez na
adolescência, mães solteiras, pobreza, crime, abuso de drogas e
problemas de saúde e todos esses cuidados tem de sair do bolso de
alguém, geralmente punindo famílias bem constituída.
Como há famílias fragmentadas, o Estado toma o papel de pai e aparece a cultura do welfare, eis o preço do liberalismo social: a destruição do capital humano e aumento do poder estatal.
Até mesmo os que defendem o casamento de
membros do mesmo sexo irá impor limites aos tipos de relacionamento que
podem ser considerados casamento e irão destacar qual relacionamento é
casamento e qual tipo que não. Contudo que razões são essas? Olhe os
tipos de relacionamento abaixo:
Throuples: O poliamor já aterrisou no Brasil, Ryan Pergunta: “Se eu fosse processar demandando igualdade para meu throuple, em qual princípio seria negado igualdade ao throuple
uma vez que se diz que o aspecto matrimonial de haver uma relação
homem-mulher é irracional e arbitrária? A maneira que nós chegamos à
idéia de monogamia é que é um homem e uma mulher que podem unir-se ao
tipo de ação que pode criar uma nova vida e poder prover essa nova vida
de uma mãe e um pai. Uma vez que se diz que o aspecto homem-mulher é
irracional e arbitrário, não haverá um princípio racional para reter a
regra de dois.”.
Monogamish:
Parece preservar a idéia de casal, mas a pessoa pode ter parceiros
sexuais fora do casamento, desde que com a anuência do parceiro. Se
consentimento faz o casamento, por qual razão há uma norma que obriga
exclusividade?
Wedlease: Um jogo de palavras com a palavra wedlock
e signifca casamento temporário. Anderson comenta “que se casamento é
primordialmente sobre um romance entre adultos, e paixões podem ir e
vir, por que a lei presume o casamento ser permanente? Por que não é
emitido licenças temporárias de casamento?”.
Sim, o casamento homossexual deseja
preservar as três regras, mas não dá nenhuma boa razão, uma
justificativa natural e objetiva, do motivo de querer preservá-las,
senão um mero desejo de cópia, casamento não é só intensidade emocional
assim como universidades não são só esportes. Assim as justificativas
para o casamento homossexual alteram a percepção cultural sobre o
relacionamento heterossexual.
Ryan comenta que “ele reorienta a
instituição do casamento longe das necessidades da criança para focar
nos desejos dos adultos.”. Por mais que haja vídeos e vídeos com fortes
apelos emocionais mostrando crianças felizes sem família, não dá para
alterar a realidade de uma necessidade natural que uma criança ainda não
está na idade de julgar que possui. Se redefinimos a lei para que pai e
mãe sejam opcionais, a sociedade com dificuldade vai enxergá-los como
críticos.
Isso em nada serve, como danifica os interesses que motivam e justificam o papel do Estado no casamento, casamento não é um namoro com outro nome,
mas uma instituição com obrigações e deveres devido a sua finalidade.
Se o Estado não agir minimamente assegurando essas três regras do
casamento, adiante irá intervir muito mais nas consequências da sua
ausência.
Sem contar as preocupações com a liberdade como espécie e liberdade religiosa como gênero.
Matt Walsh, blogueiro e falador de
verdades profissional (palavras dele), nos conta que o movimento
homossexual já deixou claro que a simples não adesão de cristãos na
festa pode gerar uma guerra contra padeiros, fotógrafos, ateliês de noivado, floristas. Sem contar o caso de Chick-Fil-A e do CEO da Mozilla. Nem padres ficam de fora da perseguição, quanto mais programas de TV como Duck Dinasty e esportes. Até mesmo quem não fornecer o local acaba
na mira. No Brasil vários negócios já foram processados por não
aceitarem intimidade homossexual em seu ambiente, o que não pune somente
o dono, mas são todos os funcionários que pagam a conta.
Como atacar uma igreja diretamente daria
uma repercussão negativa, o maior alvo dos ataques são os negócios que
não possuem a mesma aura de sacralidade, sendo cristão ou não. Isso tudo
vindo de um grupo que diz não querer impor seu estilo de vida a
ninguém.
Mas americanos não ficam sofrendo
calados, tanto cuidado em não ferir os sentimentos alheios acaba gerando
situações inusitadas que lembram as tabelas da zambininha.
Steven Crowder descobriu outro grupo que possui a proteção da polícia
politicamente correta mas que não gosta muito de fazer bolos para
casamento de pessoas do mesmo sexo: os islâmicos. Colocar ambos grupos em colisão foi uma sacada genial do humorista conservador.
Mas qual o problema de legalizar e uns
poucos casarem dessa forma? A lei ensina um ponto de vista e afeta a
cultura que afeta crenças que justificam ações, a lei moldará então a
cultura e a percepção pública do que é casamento. O resultado disso em
poucos anos é uma geração inteira de crianças e mulheres vítimas de uma
idéia que iniciou como inconsequente e um número de políticos muito
dispostos à colherem os frutos da desgraça que criaram.
Os liberais brasileiros, se forem
inteligentes, não estão obrigados a lidar com o problema de famílias
fragmentadas a serem usadas em debates para justificar políticas de welfare,
que ao fim, ajudará a causa do estado grande. Fortalecer o instituto da
família, de forma que essa possa competir com o governo, pode ser a
solução para uma maior independência do cidadão brasileiro em relação ao
Estado.
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