(Estadão) Numa sessão tumultuada, a CPI da Petrobrás aprovou 140 novos
requerimentos, entre eles a convocação do presidente do Instituto Lula,
Paulo Okamotto, a quebra de sigilos do ex-ministro José Dirceu e de sua
empresa, a JD Assessoria e Consultoria, a convocação e quebra de sigilo
do lobista Milton Pascowitch, além de acareações entre os principais
personagens da Operação Lava Jato, entre eles o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto
A convocação de Okamotto
passou a ser discutida após a Polícia Federal revelar que a Camargo
Corrêa, investigada;na Lava Jato, doou R$ 3 milhões ao instituto. O
PT impôs sua obstrução até parte da sessão na tentativa de retardar o
andamento da votação. A oposição, alinhada com os peemedebistas,
conseguiu derrubar os pedidos de retirada de pauta dos petistas e os
requerimentos puderam ser apreciados em bloco, de uma só vez. A ordem do
dia no plenário, que estava prevista para começar nesta manhã, foi
suspensa e, numa ação orquestrada, assim que os requerimentos foram
aprovados na CPI, a votação da reforma política foi retomada no
plenário. Os requerimentos extra pauta não foram apreciados.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) acusou a CPI, comandada
pelo PMDB, de não convocar e blindar os envolvidos nas investigações que
acusam outros partidos além do PT. Júlio Camargo, da Toyo Setal, e
Jayme de Oliveira Filho, conhecido como Careca, ficaram de fora das
convocações. “Estão blindando (Jayme e Júlio) porque atinge o presidente
da Casa (Eduardo Cunha), que suspendeu a sessão (no plenário) de forma
muito adequada”, apontou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), autor dos
requerimentos que não foram votados. “Júlio Camargo é central nesse
processo”, concordou o relator Luiz Sérgio (PT-RJ), lamentando a forma
como os requerimentos foram aprovados.
Exaltados, os petistas reclamaram que a ação foi orquestrada
para expor o PT no dia da abertura de seu 5º Congresso. “Não pode
transformar a CPI em tiro ao alvo ao PT”, protestou Florence. Os tucanos acusaram o PT de impedir as investigações da CPI.
“Bandidos do PT estão presos e eles não querem que sejam acareados?”,
provocou o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP). “Hoje no PT tem bandidos
de quinta categoria”, insistiu o tucano.
Pedidos de quebra de sigilo de Dirceu e de sua empresa já
haviam sido autorizados pela Justiça Federal do Paraná, que concentra as
ações ligadas à Lava Jato. Na ocasião, a defesa do ex-ministro tentou
derrubar o pedido por entender que a empresa do petista não ter
"qualquer vínculo com os contratos das empreiteiras com a Petrobrás".
Acareações. Entre os requerimentos aprovados
está uma série de acareação entre o ex-diretores da Petrobrás Paulo
Roberto Costa e Renato Duque, o ex-gerente Pedro Barusco e o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Foram aprovados também pedidos de
acareação com o doleiro Alberto Youssef e o ex-presidente da estatal
José Sérgio Gabrielli.
Há ainda aprovações para acesso a quebra de sigilo e
convocações de parentes de Youssef; quebra de sigilos e busca e
apreensão no Grupo Schahin; quebra de sigilo contra as empresas de Julio
Faerman (ex-representante da SBM Offshore) e de seus filhos Eline e
Marcello Faerman; e novas convocações, como da viúva do ex-deputado José
Janene (PP-PR), Stael Janene, da mulher de Paulo Roberto Costa, Marici
Costa, do ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage,
de funcionários da CGU, e do petista José de Filippi Júnior.
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