Na indústria da bondade não tem crise
Na bíblia maniqueísta da indústria da bondade, militares são do mal e gays são do bem
GUILHERME FIUZA
02/05/2015 - 10h00 - Atualizado 02/05/2015 10h00
Todos os setores da economia nacional já estão sentindo esse tranco, menos a indústria da bondade. Para ter uma ideia, ela acaba de faturar R$ 150 mil do deputado Jair Bolsonaro, condenado por homofobia. Este país pode cair no abismo, que os coitados estarão sempre no céu.
Bolsonaro foi condenado por danos morais, pela Justiça do Rio de Janeiro, por suas declarações ao programa CQC, da TV Bandeirantes, sobre homossexualismo.
Perguntado sobre o que faria se tivesse um filho gay, o deputado militar disse que isso não aconteceria, porque seus filhos “tiveram boa educação”. Trata-se, evidentemente, de um preconceituoso. Bolsonaro acha que homossexualismo é falta de educação. A pergunta é: por que ele não pode manifestar sua opinião?
Militantes de esquerda cansam de declarar que militares são retrógrados, entre outros juízos “progressistas” igualmente preconceituosos. Por que não são processados? Porque na bíblia maniqueísta da indústria da bondade militares são do mal e gays são do bem.
A deputada e ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário pediu a cassação do mandato de Jair Bolsonaro porque ele afirmou que só não a estupraria porque ela “não merecia”. O bizarro Bolsonaro faz a festa dos bonzinhos profissionais. Mas surge outra dúvida. Antes de soltar seu disparate, o deputado foi chamado pela ex-ministra, em público, de “estuprador”. Por que ninguém pediu a cassação do mandato de Maria do Rosário? Por que seu insulto não foi tipificado como lesivo à honra ou à moral e nem sequer ganhou repercussão?
Porque Maria do Rosário é acionista da indústria da bondade, vive disso. Ela defende que centenas de jovens da periferia invadam um shopping, como direito de ir e vir. É uma estupradora do bom-senso.
Um shopping ocupado por uma multidão em bando (mais ou menos agressiva) deixa de servir ao público comum. Muda de finalidade. Torna-se um território ocupado. Mas é claro que as lentes da hipocrisia embaçam essa realidade – até porque realidade não é o forte dessa turma. O negócio deles é discurso. E a única aplicação imune a riscos hoje no Brasil é investir na retórica coitada. Basicamente, é o que segura o governo em pé.
Sabendo bem disso, Dilma Rousseff deu uma resposta sui generis aos protestos de 12 de abril: atacou a redução da maioridade penal. Foi sua primeira declaração pública após as novas manifestações contra seu governo em todo o país. Em geral ela fala de reforma política, a aspirina do governo popular. Mas dessa vez, com dois terços da população defendendo seu impeachment, ela precisava de um remédio mais forte – e abriu o dicionário de primeiros socorros progressistas. Não tem erro. Pode ser maioridade penal, orgulho gay, proselitismo feminista ou ditadura militar, tanto faz. No Brasil, um governo desastroso é capaz de se safar com uma leve maquiagem humanista.
Se você foi desempregado pela crise, ou se simplesmente está com preguiça de trabalhar, funde uma ONG de direitos humanos e ataque Jair Bolsonaro. Não tem emprego melhor. Você vai conseguir publicidade, simpatia, quem sabe até um convênio com o governo popular. E invista pesado na demagogia gay. As ONGs do Rio de Janeiro que processaram o deputado de direita por homofobia vivem seu momento de glória, com a incrível sentença obrigando o réu a desembolsar R$ 150 mil. Como é doce a vida dos gigolôs da bondade.
Bolsonaro disse que seus filhos não seriam gays porque foram bem educados. E levou chumbo da Justiça por isso. Parece que estamos entrando nos anos de chumbo vermelho, ou cor-de-rosa. Cuidado com o que você fala. Mas se você quiser fundar um partido progressista, chegar ao poder e roubar seu país discursando pelos direitos humanos, aí tudo bem.
O militante revoltado de Marcelo Adnet denunciou a “dona Rede Globo” por escolher Lucélia Santos, uma atriz branca, para viver a escrava Isaura. Está próximo o dia em que isso não será mais uma piada no Brasil. A piada será o próprio Brasil.
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