Publicado: 16 de julho de 2015 às 09:24 - Atualizado às 10:02
Diário do Poder
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A
maior parte dos bens foi adquirida por meio da Cedraz Administradora de
Bens Próprios, criada pelo advogado em sociedade com a mãe (Foto:
Reprodução/TV Justiça)
Alvo da Operação Politeia, o advogado Tiago Cedraz,
de 33 anos, ergueu patrimônio milionário à frente de uma banca que atua
no Tribunal de Contas da União (TCU), órgão presidido pelo pai, Aroldo
Cedraz.
Em paralelo à atuação da banca na corte de contas, em menos de três anos ele fechou a compra de imóveis de quase R$ 13 milhões e, até abril, figurava como dono de um jatinho Cessna, de dez assentos, conforme levantamento do Estado.
A maior parte dos bens foi adquirida por meio da Cedraz Administradora de Bens Próprios, criada pelo advogado em sociedade com a mãe, Eliana Leite Oliveira, mulher do ministro.
Formado em 2006 em direito, Tiago é tido como persona influente no órgão dirigido pelo pai, embora não atue formalmente nas dezenas de processos que seu escritório mantém na corte - outros advogados do escritório é que têm procurações nos autos. Conforme autoridades do tribunal, circula por gabinetes discutindo processos e já se encarregou até de colher sugestões para a montagem da equipe de secretários de fiscalizações, nomeados pelo ministro.
A atuação na corte e o sucesso nos negócios estão agora sob suspeita, diante de denúncias do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, delator da Lava Jato. Em depoimento, ele disse ter pago R$ 1 milhão ao advogado para que um processo da empreiteira fluísse conforme seus interesses. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), há indícios não comprovados de que o dinheiro seria repassado ao ministro Raimundo Carreiro, relator de processos da construtora.
O delator ainda mencionou pagamentos a Tiago para obter informações do TCU. Diante das suspeitas de tráfico de influência e corrupção, o STF autorizou buscas em imóveis de Tiago em busca de mais provas para instruir a investigação. O advogado e o ministro negam as acusações.
A joia mais cara do patrimônio imobiliário do advogado é uma chácara de 10 mil metros quadrados no Lago Sul, área mais nobre da capital federal. Foi adquirida por R$ 7,2 milhões em 2013 e abrigava, até pouco tempo, mansão de 1,5 mil metros quadrados, com seis suítes, piscina, sala para seis ambientes e casa anexa exclusiva para hóspedes.
A compra foi fechada com Sultan Rashed Sultan Alkaitoob, embaixador dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, e posta em nome da Cedraz Administradora de Bens próprios.
No mercado de Brasília, a aquisição é considerada um "negócio das arábias", ante à possibilidade de que a área seja loteada para um condomínio. Conforme fonte que participou da negociação, o ministro Cedraz, na ocasião, foi pessoalmente à embaixada buscar as chaves. O imóvel, que já chegou a ser posto à venda por Tiago por R$ 12,5 milhões, não tem mais construção.
Na Asa Sul, desde 2013 Tiago fechou a compra de dois apartamentos num mesmo prédio, por quase R$ 6 milhões. Cada um tem 250 metros de área privativa. Um custou R$ 2,72 milhões à empresa aberta por Tiago e a mãe. O outro foi negociado pelo advogado a R$ 2,95 milhões, sendo R$ 662 mil pagos no ato e o resto financiado pelo Banco do Brasil em 61 prestações (cinco anos).
A Cedraz Administradora tem capital social de R$ 20 milhões. Além dos imóveis, até abril a empresa figurava nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como dona de um Cessna, operado pela Sane Participações e Investimentos, com atuação nos setores de energia e construção.
De lá para cá, os registros foram alterados e a Sane aparece agora como proprietária.
O escritório vasculhado pela PF anteontem, de padrão nababesco, fica numa casa de 1,5 mil metros quadrados, em nome de Tiago, que ele ergueu em 2012.
Na Bahia, terra dos Cedraz, outra frente de negócios do advogado era a Euroconsult Consultoria, Projetos e Participações, aberta em sociedade com o primo Luciano Araújo, tesoureiro do Solidariedade, também citado na delação de Pessoa - segundo o empresário, ele buscava os pagamentos da UTC.
Questionado, Tiago informou que a Euroconsult foi fechada em 2014. Em nota, ele explicou que os bens estão declarados e são "compatíveis com a atuação destacada do advogado, cujo escritório, com mais de 35 mil processos em todos os ramos do direito, é um dos mais procurados e respeitados de Brasília".
Tiago sustenta que a mãe tem apenas R$ 1 mil em cotas da Cedraz Administradora e que só figura como proprietária devido à imposição legal de no mínimo dois sócios para constituir uma empresa limitada. O escritório de Tiago classifica a ação da PF de "violência sem precedentes" e alega que Pessoa "mente a fim de se beneficiar". (AE)
Em paralelo à atuação da banca na corte de contas, em menos de três anos ele fechou a compra de imóveis de quase R$ 13 milhões e, até abril, figurava como dono de um jatinho Cessna, de dez assentos, conforme levantamento do Estado.
A maior parte dos bens foi adquirida por meio da Cedraz Administradora de Bens Próprios, criada pelo advogado em sociedade com a mãe, Eliana Leite Oliveira, mulher do ministro.
Formado em 2006 em direito, Tiago é tido como persona influente no órgão dirigido pelo pai, embora não atue formalmente nas dezenas de processos que seu escritório mantém na corte - outros advogados do escritório é que têm procurações nos autos. Conforme autoridades do tribunal, circula por gabinetes discutindo processos e já se encarregou até de colher sugestões para a montagem da equipe de secretários de fiscalizações, nomeados pelo ministro.
A atuação na corte e o sucesso nos negócios estão agora sob suspeita, diante de denúncias do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, delator da Lava Jato. Em depoimento, ele disse ter pago R$ 1 milhão ao advogado para que um processo da empreiteira fluísse conforme seus interesses. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), há indícios não comprovados de que o dinheiro seria repassado ao ministro Raimundo Carreiro, relator de processos da construtora.
O delator ainda mencionou pagamentos a Tiago para obter informações do TCU. Diante das suspeitas de tráfico de influência e corrupção, o STF autorizou buscas em imóveis de Tiago em busca de mais provas para instruir a investigação. O advogado e o ministro negam as acusações.
A joia mais cara do patrimônio imobiliário do advogado é uma chácara de 10 mil metros quadrados no Lago Sul, área mais nobre da capital federal. Foi adquirida por R$ 7,2 milhões em 2013 e abrigava, até pouco tempo, mansão de 1,5 mil metros quadrados, com seis suítes, piscina, sala para seis ambientes e casa anexa exclusiva para hóspedes.
A compra foi fechada com Sultan Rashed Sultan Alkaitoob, embaixador dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, e posta em nome da Cedraz Administradora de Bens próprios.
No mercado de Brasília, a aquisição é considerada um "negócio das arábias", ante à possibilidade de que a área seja loteada para um condomínio. Conforme fonte que participou da negociação, o ministro Cedraz, na ocasião, foi pessoalmente à embaixada buscar as chaves. O imóvel, que já chegou a ser posto à venda por Tiago por R$ 12,5 milhões, não tem mais construção.
Na Asa Sul, desde 2013 Tiago fechou a compra de dois apartamentos num mesmo prédio, por quase R$ 6 milhões. Cada um tem 250 metros de área privativa. Um custou R$ 2,72 milhões à empresa aberta por Tiago e a mãe. O outro foi negociado pelo advogado a R$ 2,95 milhões, sendo R$ 662 mil pagos no ato e o resto financiado pelo Banco do Brasil em 61 prestações (cinco anos).
A Cedraz Administradora tem capital social de R$ 20 milhões. Além dos imóveis, até abril a empresa figurava nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como dona de um Cessna, operado pela Sane Participações e Investimentos, com atuação nos setores de energia e construção.
De lá para cá, os registros foram alterados e a Sane aparece agora como proprietária.
O escritório vasculhado pela PF anteontem, de padrão nababesco, fica numa casa de 1,5 mil metros quadrados, em nome de Tiago, que ele ergueu em 2012.
Na Bahia, terra dos Cedraz, outra frente de negócios do advogado era a Euroconsult Consultoria, Projetos e Participações, aberta em sociedade com o primo Luciano Araújo, tesoureiro do Solidariedade, também citado na delação de Pessoa - segundo o empresário, ele buscava os pagamentos da UTC.
Questionado, Tiago informou que a Euroconsult foi fechada em 2014. Em nota, ele explicou que os bens estão declarados e são "compatíveis com a atuação destacada do advogado, cujo escritório, com mais de 35 mil processos em todos os ramos do direito, é um dos mais procurados e respeitados de Brasília".
Tiago sustenta que a mãe tem apenas R$ 1 mil em cotas da Cedraz Administradora e que só figura como proprietária devido à imposição legal de no mínimo dois sócios para constituir uma empresa limitada. O escritório de Tiago classifica a ação da PF de "violência sem precedentes" e alega que Pessoa "mente a fim de se beneficiar". (AE)
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