
Olhe a foto acima, de Orlando Brito, e responda rápido: que cidade é essa?
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte?
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte?
Quem se deixou influenciar-se com os arranha-céus, pensando que a foto é de alguma metrópole tradicional do Brasil, errou.
A foto é da cidade projetada por Lúcio
Costa, considerada revolução nos padrões do urbanismo e da arquitetura
mundial, patrimônio da humanidade, mas que vem sendo vilipendiada todos
os dias pela cobiça da especulação imobiliária.

Projetada
inicialmente para ter prédios de no máximo oito andares – um terço a
mais do que no Plano Piloto -, Águas Claras abriga espigões com até
trinta andares. Foto de Chico Sant’Anna
A imagem é de duas cidades do Distrito
Federal: Guará, em primeiro plano, e Águas Claras,em segundo. A primeira
foi concebida para ter edifícios de, no máximo, seis andares e, a
segunda, oito andares. Hoje, no Guará, há prédios de dez andares e de
até de 30 andares, em Águas Claras.
Mesmo fenômeno de hiper-verticalização estão vivenciando cidades-satélites como o Gama, Samambaia, Ceilândia e Sobradinho. Espigões cortam os céus, sem que haja uma preocupação como que está na terra: redes de águas pluviais, abastecimento de água potável, captação de esgoto, coleta seletiva de lixo, estacionamentos, dimensões de ruas e avenidas, falta de transporte coletivo, escolas, centros de saúde, delegacias.
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Como
se fossem tropas medievais, os espigões de Águas Claras parecem marchar
sobre Brasília. Aos poucos o verde vai dando lugar ao cinza do
concreto. Foto de Felipe Bastos.

Áreas
urbanas concebidas para receber apenas casas,estão sendo ocupadas por
grandes prédios afetando toda a infra-estrutura e sistema viário
existentes. Foto de Chico Sant’Anna
O projeto inicial prevê edifícios de 15 andares, mas se Águas Claras começou com oito e chegou a 30 pavimentos, qual será o limite da Oklândia de Luiz Estevão?
Outras regiões, como o Taquari, na saída Norte de Brasília, e o Núcleo Rural Vargem da Benção – também rico em nascente que abastecem o Lago Paranoá -, próximo ao Recanto das Emas, estão na mira da mesma sanha avassaladora.
Na Vargem da Benção há produtores rurais assentados ainda por Juscelino Kubitschek e que estão ameaçados a dar lugar a um setor habitacional para 50 mil moradores num local que é classificado como Área de Proteção Ambiental – APA.
Veja aqui como é a Vargem da Benção
Arniqueiras – localizada entre o Park Way e
Águas Claras-, que nem teve sua situação fundiária resolvida ainda,
também está na mira das empreiteiras para receber prédios semelhantes
aos de Águas Claras.

Espigões
de Águas Claras cobiçam as terras de Arniqueiras, até outro dia, um
setor de chácaras para a produção de hortigranjeiros. Foto de Cláudia
Andrade.
Tanto na eleição ao GDF, quanto à Câmara Distrital existem candidatos que defendem claramente esses dois pontos de vista. Existe a bancada da especulação imobiliária e a bancada do crescimento sustentável.
A escolha é sua, senhor e senhora eleitores.
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