(Estadão)A presidente Dilma Rousseff gravou neste sábado, 25, cenas para o
programa de TV do PT, que irá ao ar em 6 de agosto, dez dias antes das
manifestações de rua previstas contra o governo. Dirigida pelo
marqueteiro João Santana, a propaganda tentará mostrar que, apesar da
crise, o Brasil de hoje é um país melhor do que há 13 anos, quando era
governado pelo PSDB.
O
contraponto com o PSDB, no entanto, será feito de forma sutil. Ao
contrário do que ocorreu na campanha eleitoral, os petistas não
pretendem mais investir na estratégia do "nós contra eles", mesmo
porque, atualmente, ensaiam uma aproximação com o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), na tentativa de barrar articulações pelo
impeachment de Dilma.
Dirigentes do PT dizem que o programa não vai ignorar a crise
política e econômica, mas mostrará que no passado tudo era pior. Em sua
mensagem, Dilma afirmará que o País está pronto para voltar a crescer e
superar as dificuldades. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
gravou seu depoimento na segunda-feira, também vai defender o partido e o
governo. A Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desvendou um
esquema de corrupção na Petrobrás, não terá destaque no programa, que
será apresentado pelo ator José de Abreu.
O desenvolvimento social da era Dilma e Lula é um dos motes do
roteiro de João Santana, que tentará apresentar uma mensagem de
esperança. "Não tenho medo de ser otimista", disse Lula, nesta
sexta-feira, ao participar da cerimônia de posse da diretoria do
Sindicato dos Bancários do ABC, dando o tom do que será sua mensagem em
rede nacional de rádio e TV.
O programa do PT terá dez minutos de duração e exibirá, ainda,
cenas de Dilma em viagem pelo País, nos próximos dias. Antes reclusa no
Palácio do Planalto, a presidente seguirá agora o conselho de Lula para
"conversar com a população". O ex-presidente pediu para Dilma sair do
gabinete e pôr o pé na estrada, começando pelo Nordeste, onde há uma
debandada de antigos eleitores do PT, que não atribuem a melhoria das
condições de vida ao governo.
O Planalto e a cúpula do PT sabem que poderão enfrentar novos
panelaços durante a exibição da propaganda petista. A avaliação, porém, é
que Dilma não pode mais parecer acuada e precisa sair da defensiva.
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