quarta-feira, 21 de outubro de 2015

DILMA VIRÁ DO FRIO PEGANDO FOGO


Carlos Chagas

Mesmo no frio da Suécia e da Finlândia, a presidente Dilma pegou fogo. Teve certeza de que por trás da sugestão de Rui Falcão para demitir Joaquim Levy está o Lula. O alvo de sua resposta agressiva, de que não vai demitir, foi o ex-presidente da República, não o presidente do PT, simples acessório.


Madame ficou uma fera e deu o troco: o governo pensa diferente do partido.


Não haverá que falar em rompimento, mas as relações entre o antecessor e a sucessora esfriaram mais do que as estepes geladas da Escandinávia. Ao desembarcar em Brasília, porém, ela parecerá a irmã do Tocha Humana.


Por certo que Joaquim Levy sai chamuscado do episódio, mas fica no ministério,pelo menos até o dia em que sua paciência estourar. Perde também a tal agenda positiva de que tanto fala o Lula.


Para cada lado que Dilma se volte, surgem problemas. O mais agudo de todos chama-se Eduardo Cunha, capaz de surpreender dando seguimento ao pedido de impeachment da presidente, a ser reapresentado hoje pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.


Acirrará os ânimos a simples formação de uma comissão especial de deputados para examinar a proposta. Como o prazo para essa manifestação é de 90 dias, imagina-se a questão estendida para o próximo ano, a menos que o presidente da Câmara entre em desespero.


Mesmo forçado a renunciar, decidiu ficar onde está e enfrentar o Conselho de Ética, onde imagina dispor de maioria. A bancada de seus seguidores é forte, não a ponto da decretação do afastamento da chefe do governo, mas bastante para incomodar o palácio do Planalto. Por isso ainda persistem tentativas de um acordo entre Dilma e Cunha, visando a preservação de seus mandatos. Aguarda-se a chegada da presidente que virá do frio pegando fogo.


DOIS NÚMEROS
Amanhã o Banco Central dirá se reduz, aumenta ou mantém os juros no patamar de 14.25%. Qualquer das três opções será prejudicial à política econômica.


Quinta-feira o IBGE divulga os números das demissões havidas em todo o país desde o começo do ano. Há quem fale em um milhão de trabalhadores com carteira assinada, apenas nesse período.


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