OS TRÊS PATETAS 1 – Governo opta por chicana e tenta melar julgamento de contas no TCU
A presidente
Dilma Rousseff, como evidencia a capa da revista VEJA desta semana,
entregou a faixa presidencial ao Pixuleco.
Lula está no comando, e o
novo velho presidente mostra as suas garras. Numa incrível e
irresponsável entrevista coletiva, três ministros de estado, como se
fossem Os Três Patetas, anunciaram que o governo vai recorrer à
corregedoria do Tribunal de Contas da União (TCU) para acusar o
impedimento de Augusto Nardes, relator das contas do governo relativas a
2014.
Caso não
seja bem-sucedido, o Planalto anuncia que poderá apelar ao Supremo.
Acusação: Nardes não teria imparcialidade para julgar porque já teria
antecipado seu juízo. Segundo disseram, o processo, que deveria ser
técnico, já se tornou político. Ah, sim: o Curly, o Larry e o Moe da
entrevista, no caso, foram Luís Inácio Adams, Nelson Barbosa e José
Eduardo Cardozo.
Antes que eu
me alongue sobre as circunstâncias em que se dá essa patuscada,
tratemos da coisa em si, que andou angustiando muitos leitores. É
possível que a iniciativa do governo até provoque um adiamento do
julgamento, previsto para esta quarta. Mas é nula a chance de a
corregedoria acatar a reclamação. Ainda que acontecesse, teria de contar
com a maioria do plenário. Esqueçam. Na verdade, a patetada servirá
para unir ainda mais o tribunal.
Nelson Barbosa, José Eduardo Cardozo e Luís Inácio Adams durante entrevista coletiva
Aí restará o caminho do Supremo, sabe-se lá com base em que dispositivo legal. O tribunal teria de dar uma liminar suspendendo o julgamento ou declarando a suspeição de Nardes — e isso também não vai acontecer. A menos que se queira, aí sim, transformar uma crise, que é econômica e política, também numa crise institucional. O TCU é um órgão de assessoramento do Poder Legislativo. Duvido que o Supremo vá entrar nessa.
Então por
que a entrevista dos Três Patetas, com direito a dedo no olho, soco no
nariz e pancada na cabeça? Ora, em primeiro lugar, para demonstrar que o
governo está sob nova gerência: agora é com Lula, e ele não teme crise
institucional porque se considera acima dela. Em segundo lugar, o
objetivo é desmoralizar o julgamento, cujo resultado é conhecido: Nardes
vai, sim, recomendar a rejeição das contas — até porque já as rejeitou.
O governo só teve de responder a um questionário por isso. A iniciativa
do trio é uma farsa.
O governo e
os petistas querem que o relatório de Nardes chegue ao Congresso, onde
será votado, sob suspeição. Também se trata de fazer pressão na Câmara,
onde deputados vão decidir o destino de Dilma. Inicialmente, ao menos
254 têm de defender a instalação de uma comissão para avaliar a denúncia
contra a presidente; numa fase posterior, 342, no mínimo, teriam de
admitir a denúncia, hipótese em que Dilma será afastada. O Planalto
tenta emprestar a tudo isso um tom de conspiração.
“Fazer a luta política”
O leitor que não está familiarizado com as
práticas e os jargões das esquerdas precisa saber que existe uma
expressão dos pixulequentos chamada “luta política” — na verdade, o que
se diz é exatamente isto: “É preciso fazer a luta política”.
O
significado é um tantinho diferente do que as palavras indicam na sua
denotação. “Fazer uma luta política” poderia ser, simplesmente, lutar
por um ponto de vista, uma ideia, uma leitura da realidade. Não! Em
esquerdês, essa estrovenga quer dizer outra coisa: “fazer a luta
política” significa mobilizar o que estiver ao alcance da mão, mesmo as
mentiras mais asquerosas, para fazer triunfar a versão conveniente ao
partido.
Para um
esquerdista, desde que se “faça bem a luta política”, a verdade do
partido triunfará, mesmo que o povo não entenda os motivos. Em 2005,
quando o PT foi pego com a boca na botija do mensalão, optou-se pela
dita-cuja. Lembram-se? Os intelectualoides do PT, liderados por Marilena
Chaui, inventaram o tal “golpe da mídia”. No ano passado e neste, a
mesma ladainha. Só que, desta feita, a crise econômica não deixa
triunfar a mentira.
Agora que
Dilma passou a faixa para o Pixuleco, os petistas decidem, então, fazer a
tal “luta política”, acusando a ilegalidade e a ilegitimidade do
julgamento do TCU. O ato é de uma espantosa irresponsabilidade. É claro
que o governo pode e deve se defender, mas não atacando as instituições.
Para lembrar
Desde que ficou claro que o TCU tendia a
rejeitar as contas de Dilma, surgiram na imprensa, adivinhem como e qual
a origem!, acusações contra os ministro Aroldo Cedraz, presidente do
tribunal; Raimundo Carreiro (corregedor); Vital do Rêgo e o próprio
Nardes, relator do caso.
Naquele
acordão malsucedido que passou por Renan Calheiros há coisa de um mês e
meio, o presidente do Senado havia se comprometido a inverter ao menos
dois votos, jogando-os no colo do Planalto. Não conseguiu. A truculência
palaciana foi contraproducente: hoje, estima-se, o governo pode perder
por nove a zero. Para a turma sem limites, restou atacar a idoneidade do
próprio tribunal.
Isso só prova, mais uma vez, que chegou a hora de pôr um ponto final nessa pantomima dos patetas.
Leia mais:
TRÊS PATETAS DOIS - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/os-tres-patetas-2-em-nota-tcu-repudia-declaracoes-de-adams-nardes-nega-antecipacao-de-voto/
TRÊS PATETAS TRÊS - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/os-tres-patetas-3-aecio-governo-quer-mudar-o-juiz-porque-esta-perdendo-o-jogo/
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