"Não existe negociação política no Conselho de Ética" - Foto: PSDB
Após uma reunião a
portas fechadas que durou mais de três horas, a bancada do PSDB decidiu
nesta terça-feira, 10, que vai defender a cassação do mandato do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A medida foi tomada
porque os tucanos consideraram "fantasiosa" e "pífia" a defesa
apresentada por ele até agora.
A decisão da bancada será levada à
Executiva Nacional do PSDB, que deve formalizar o rompimento com Cunha. A
única chance de os tucanos mudarem de opinião é se ele decidir abrir um
processo de impeachment da presidente da Dilma Rousseff. Ele se
comprometeu a tomar uma posição final sobre o assunto após o dia 24 de
novembro.
A data coincide com a votação do caso de
Cunha pelo Conselho de Ética. Já a reunião da executiva do PSDB está
marcada para o dia 26. Segundo apurou o jornal Estado de S. Paulo, o
peemedebista pediu à cúpula tucana para trocar seus integrantes do
conselho: Betinho Gomes (PSDB-PE) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) já
adiantaram que vão votar a favor da cassação.
Questionado pela reportagem, o líder do
PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), garantiu a permanência dos dois e
negou que Cunha tenha feito um pedido direto a ele. "Não existe
negociação política no Conselho de Ética. Os deputados foram eleitos e
lá ficarão. Só podem sair se renunciarem", disse. As votações no
Conselho de Ética e no plenário são abertas.
O líder tucano reuniu-se com Cunha ontem
no começo da tarde. Participaram do encontro os deputados Bruno Araújo
(PSDB-PE), Mendonça Filho (DEM-PE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Como
sempre, nós cobramos uma posição dele sobre o impeachment. Eduardo nos
disse apenas que vai decidir, mas não adiantou se será a favor", disse
Maia.
Mudança
Até então, o PSDB tinha uma posição
crítica, mas não enfática contra Cunha. Apesar de ser investigado como
beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras, o presidente da
Câmara sempre foi tido como estratégico para a abertura de um processo
de impedimento da presidente. "Hoje seria melhor que tanto Dilma quanto
Cunha renunciassem", disse Sampaio.
Para o líder do PSDB, Cunha "tem tudo
para ser cassado" se não apresentar provas mais consistentes no Conselho
de Ética. Na semana passada, ele concedeu uma série de entrevistas para
apresentar sua defesa.
A iniciativa, porém, repercutiu mal e os
congressistas tucanos passaram a cobrar uma manifestação mais dura dos
líderes do partido. "A defesa é fantasiosa, de uma fragilidade absoluta.
Falta consistência. Aquelas entrevistas foram desastrosas", disse
Sampaio.
Hoje a
bancada divulgará uma nota sobre o assunto com a assinatura de todos 54
integrantes da bancada. Além do PSDB, o DEM e o PPS consideram "frágil" a
defesa de Cunha.
Basicamente, o presidente da Câmara fez duas
alegações: ele não é dono pessoal das contas (estariam em nome de
terceiros) e os recursos financeiros são oriundos de venda de carne
bovina na década de 1980 para o hoje extinto Zaire.
Além da defesa frágil, a oposição ficou
irritada com a aproximação de Cunha do governo. Nas últimas semanas, o
peemedebista passou a manter conversas com o chefe da Casa Civil, Jaques
Wagner, e com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os contatos ocorreram no momento em que a
Procuradoria-Geral da República aprofundou as investigações contra o
presidente da Câmara.
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