Visão Econômica
Notícia Publicada em 11/11/2015 14:49
Plano defendido por Lula, com Meirelles, enterraria o ajuste e não reativaria a economia
Cartões de crédito (Marcos Santos/USP Imagens)
A mudança da estratégia macroeconômica foi levantada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser perguntado em entrevista ao SBT, no dia 5 de novembro, sobre qual seria a saída para a crise, Lula disse que “faria uma política de crédito". A proposta faz parte da manobra para trocar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por Henrique Meirelles.
Lula o vende como a oportunidade de substituir o ajuste fiscal, tido por ele como o vilão que causa a recessão brasileira. A LCA Consultores argumenta, em relatório, que essa alternativa, explorada durante o período Guido Mantega (2006-2014), iria minar os esforços do ajuste fiscal e não restauraria a confiança. Assim, “os prêmios de risco e a taxa cambial continuarão em elevados patamares, bem como as taxas de juros e, portanto, o custo do crédito".
Entretanto, segundo acredita o Deutsche Bank, é possível que Lula continue a alimentar a tese do crédito com o objetivo de tornar mais fácil a indicação de Meirelles dentro do PT, já que ele ganhou a reputação de um “falcão” monetário [animal é atribuído aos BCs que estão em um momento subida dos juros] durante a sua estadia no Banco Central (2003-2011). Não é claro, porém, que Meirelles seria 100% contra o ajuste. O ex-presidente do BC indicou nesta quarta-feira, em um evento em Brasília, que o Brasil precisa continuar com o ajuste fiscal para enfrentar adversidades.
Mercados
Apesar de Lula ter intensificado as críticas a Levy e o mercado já assumir que ele já tem um "prazo de validade", a presidente Dilma Rousseff resiste e indica que não fará nada até o fim do ano. A consultoria Eurasia estima que a saída de Levy só ocorra no primeiro semestre de 2016. O aumento dos rumores sobre a mudança deu força para a Bolsa e para o real nesta quarta-feira.
Caso saia no início de 2016, Levy deixará a Fazenda com apenas 1 ano no comando da economia do país. É o menor período de um ministro no cargo desde Ciro Gomes, que ficou apenas 3 meses (entre setembro e dezembro de 1994), durante o governo Itamar Franco.
O Deutsche Bank concorda que o novo nome seria positivo para os mercados no curto prazo, mas a perspectiva para o médio prazo ainda está encurralada na “enorme dificuldade” em implementar o plano de austeridade fiscal e passar as reformas estruturais do Congresso independentemente de quem seja o ministro.
Exigências
Segundo o Valor Econômico, Meirelles só aceitaria o cargo com mãos de ferro para orientar as importantes secretarias de estado que estão sob os cuidados da pasta, como a Receita Federal e o Tesouro Nacional. Além disso, poderia exigir a saída do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
“Continuamos céticos com a possibilidade de que Meirelles irá substituir Levy sob essas condições, mas precisamos admitir que a probabilidade tende a crescer ao passo que a economia afunda ainda mais na recessão e não há um fim à vista para o impasse político”, avalia Faria, do Deustche.
(Com Reuters)
(Atualizada às 15h50)
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