Lula nunca hesitou em botar na fogueira seus amigos e correligionários
para tentar salvar a própria pele. Assim, o depoimento do informante à
PF, no dia 16 de dezembro, traz apenas uma série de embustes. O tiranete
deve ter sido informante mais veraz nos tempos da ditadura, em que
informava o Dops, segundo o livro de Romeu Tuma Júnior:
Em depoimento à Polícia Federal (PF) no dia 16 passado, no âmbito da
Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecia
falar de um outro governo, e não daquele cuja chefia ele exerceu ao
longo de oito anos. Todas as suas respostas às autoridades, relativas a
seu conhecimento do escândalo do petrolão, invariavelmente indicavam
ignorância ou envolvimento apenas incidental. A responsabilidade,
segundo ele, sempre foi dos outros – a começar por seu ministro José
Dirceu.
Como Lula prestou depoimento na condição de “informante”, conforme
consta no despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki, esperava-se que ele tivesse ao menos alguma contribuição a dar
para o esclarecimento dos fatos. Em sua oitiva, no entanto, Lula, a
exemplo do que já fizera no caso do mensalão, preferiu fazer os
brasileiros de tolos, ao dizer que nunca soube de nada a respeito de
desvios na Petrobrás quando era presidente. “Esses fatos não eram também
do conhecimento dos órgãos de fiscalização e controle, bem como da
própria imprensa”, justificou-se Lula. Não consta que tenha corado. Com
isso, Lula pretende convencer o País de que ele, como presidente da
República, estava sendo enganado tanto quanto os cidadãos comuns, embora
um dos principais beneficiados pelo assalto à Petrobrás tenha sido seu
partido, o PT.
Mas a exibição pública da essência de seu caráter e o insulto à
inteligência alheia não pararam por aí. Lula explicou à PF que “cabia à
Casa Civil receber as indicações partidárias” para preencher as
diretorias da Petrobrás, que estão no centro do escândalo. O chefão
petista lembrou que o ministro da Casa Civil na época era José Dirceu, a
quem coube “escolher a pessoa que seria nomeada”.
Lula disse que não participava, em nenhum momento, desse processo de
nomeação – ele apenas “recebia os nomes dos diretores a partir de
acordos políticos firmados”. Tais acordos eram feitos, declarou ele,
“pelo ministro da área, pelo coordenador político do governo e pelo
partido interessado na nomeação”. Para Lula, não havia nada de errado
nisso, pois “em uma política de coalizões presume-se que haja
distribuição de Ministérios e cargos importantes do governo para os
partidos políticos que compõem a base de apoio”.
Somente quando tudo era resolvido entre todas as partes, disse o
ex-presidente, é que o nome do escolhido lhe era submetido – e Lula
então resolvia se “concordava ou não com o nome apresentado” conforme os
“critérios técnicos que credenciavam o indicado”. Ou seja, o
ex-presidente quer mesmo fazer todo mundo acreditar que a Petrobrás foi
assaltada por diretores nomeados exclusivamente por suas qualidades
técnicas.
Além disso, a estratégia do “informante” petista é, como sempre foi,
desmoralizar as investigações. Ele sugeriu que os ex-diretores da
Petrobrás que delataram o esquema não contaram a verdade, e sim somente
aquilo que os investigadores queriam ouvir, em troca dos “benefícios que
a colaboração premiada dá ao delator”. Tudo isso faria parte de um
maligno “processo de criminalização do PT”, acusou Lula.
Mas o ex-presidente, mesmo sendo mestre na arte de dissimular, teve
de admitir à polícia que de fato é amigo do pecuarista José Carlos
Bumlai – aquele que está preso e confessou ter participado de um esquema
envolvendo um contrato da Petrobrás para abastecer os cofres do PT com
R$ 12 milhões. Lula garantiu, porém, que “jamais tratou com Bumlai sobre
dinheiro ou valores” – e isso, disse o petista, era “algo merecedor de
respeito”.
O depoimento de Lula é repleto de embustes dessa natureza. Em seus
melhores momentos, o ex-presidente declarou que “nunca tratou com
qualquer liderança de qualquer partido sobre a indicação de algum nome
para cargo na administração pública” e que o apoio dos partidos da
coalizão governista era “baseado na afinidade dos partidos com o
programa de governo”.
Depois disso, a Polícia Federal deve ter se convencido de que é impossível extrair de Lula alguma informação útil ou relevante, pois o chefão petista é simplesmente incapaz de dizer a verdade. (Editorial do Estadão).
Depois disso, a Polícia Federal deve ter se convencido de que é impossível extrair de Lula alguma informação útil ou relevante, pois o chefão petista é simplesmente incapaz de dizer a verdade. (Editorial do Estadão).
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