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Nova publicação em Direitas Já! |
Conservadores, com orgulhoby Leitor Direitas Já! |
Contribuição da leitora Liziê Moz Correa, através do nosso email leitordireitasja@gmail.com.
Quando
o avô se demora em suas reflexões, com um olhar consternado, está a
pensar nos valores do neto. Ou melhor, na falta deles. O avô, que saíra às
ruas na década de 1960, bradando contra a “classe dominante”, dizendo
que é proibido proibir e que a moral é convenção burguesa, nunca se
sentira autorizado a impor limites aos próprios filhos. Seria
hipocrisia. Hoje percebe que, naquela altura, era um jovem que sabia
tudo o que não queria. Mas não fazia ideia, como seus colegas, do que,
de fato, queria. Seus filhos cresceram, ouvindo que todos os valores
vigentes estavam errados, sem saber quais eram, exatamente, os valores
certos; e se tornaram pais. Pais absolutamente permissivos, da geração
Coca-Cola, que assim como Peter Pan, prometeu jamais crescer. Pais
“parceiros”, colegas, que dizem: “Te cuida, filho!”, mas não ensinam o
que é cuidar-se. São as gerações progressistas, que se riem de tudo
aquilo que mais faz falta em suas vidas.
Já
há algumas décadas, vivemos um processo de liberação de costumes que
tem sido encarado como progresso por muitos arautos da “liberdade”
(leia-se: liberdade com relação aos costumes e, geralmente, submissão
com relação ao Estado). Aqueles que ousam falar em limites, moral,
valores, são taxados de “conservadores”. Universitários e intelectuais
costumam torcer o nariz ao pronunciar esta palavra, como se pejorativa
fosse, como se conservar o que é bom e funcional fosse obrigatoriamente
um atraso pelo simples motivo de que esse algo é antigo.
Vivemos numa
sociedade de transformações tecnológicas, na qual não acompanhamos a
velocidade das informações. Naturalmente, é a sociedade do descartável,
onde não perdemos tempo com o que não dá uma resposta imediata, um feedback.
Parece-nos estranho que nosso erro possa ter sido abandonar coisas
simples e milenares, e que num mundo que nos oferece a individualização
dos produtos e serviços, um sentimento coletivo possa constituir o
prisma através do qual vemos a realidade.
É
inegável que a partir da segunda metade do século XX, o mundo viveu o
seu apogeu científico e que desde então passamos a ter muito maior
acesso ao conhecimento e aos bens de consumo que as gerações passadas.
Viver, hoje, é mais confortável que ontem, graças ao capitalismo, que os
tolos que não aprenderam nada com a queda do Muro tanto criticam.
Superamos doenças que no passado eram incuráveis, conseguimos nos
comunicar com quem está do outro lado do globo, vemos o que acontece em
qualquer parte do planeta sem sairmos de casa, através da internet.
E
apesar de tudo isso, sentimos que falta algo. É o vazio deixado pela
falta de fé no outro, é o abandono que se sente no mundo onde vale tudo;
cada um por si e Deus por ninguém.
O uso de drogas, álcool e remédios
cresce exponencialmente. O sexo, quando do declínio do prestígio da
moral e da religião, passou a ser liberado. Mas agora, que o “amor” é
livre, por que não é duradouro? A libertinagem parece ter sido o único
“valor” coerente defendido pela “geração paz e amor”. Estamos livres das
amarras dos valores, dos bons costumes, da moral. Mas por que a
depressão atinge 30% da população da nossa sociedade “liberta”? Será que
nossa falsa liberdade nos escravizou?
Jogamos
fora o que aprendemos das antigas gerações por ser a moral uma
“convenção burguesa”, porque a moderna sabedoria, tão vociferada nas
universidades, diz que não existe certo e errado, que precisamos superar
estas idéias pré-concebidas.
Quando Einstein pronunciou a sua sentença
de que “tudo é relativo”, provavelmente não imaginou que engenheiros
sociais se apropriariam tão covardemente de sua teoria da Física. Os
resultados empíricos disso podem ser observados. Na sociedade onde não
existe certo e errado, alunos que nunca respeitaram a autoridade de um
professor vão às ruas pedir investimentos na educação. Jovens que nunca
aprenderam nem mesmo a ser bons filhos já se tornam pais. Multiplicam-se
as promessas de amor eterno aos namorados nas redes sociais, sem que a
maioria de nós consiga ser fiel nem mesmo aos melhores amigos.
O
que o Estado deveria fazer sobre isso? Nada, a meu ver. Para que
conservar um dogma tão místico como a crença no poder do Estado de nos
resgatar das nossas misérias? Conserve-se o que é funcional, e não o que
só espalhou desventura e caos. Os valores não emanaram de nenhum
governo e, portanto, nunca foi papel deste promovê-los. Nossos
representantes no Legislativo consagram os valores da sociedade naquelas
cartas constitucionais que os governos costumam descumprir a torto e a
direito. Um governo faz muito quando cumpre com nossas expectativas de
preservar aquilo que estabelecemos na Constituição. É papel dos
indivíduos e das famílias reafirmarem aquilo que acreditam. Quando
ninguém possui valor algum, o Estado, tal qual um parasita, encontra
ambiente propício para se alastrar cada vez mais e tomar conta das vidas
que os próprios indivíduos haviam abandonado há horas.
Neste
mundo em que os valores perderam o valor, quem os mantém está
conservando o equilíbrio em meio ao caos moderno. Nós, que renunciamos à
anarquia moral institucionalizada na sociedade, não aceitamos perder o
que foi cultivado pelas gerações anteriores, o que havia de mais nobre e
digno entre a herança deixada pelos nossos antepassados. Somos
conservadores, sim. E com orgulho.
Leitor Direitas Já! | 22 de abril de 2015 às 6:26 pm
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