sexta-feira, 26 de junho de 2015
De
vez em quando, as redes sociais desencavam uns assuntos mofados, um
monte de gente curte e compartilha e com isso, certos mitos voltam.
Com a crença em remover agrotóxicos dos alimentos, aconteceu o mesmo. É impossível remover agrotóxicos dos alimentos.
Receitas caseiras a base de água sanitária, água oxigenada, iodo, hipoclorito, bicarbonato, carvão ativado, vinagre, limão ou argila são, além de ineficazes, muitas vezes não recomendadas. Observe que o hipoclorito afeta a tireoide.
Os agrotóxicos são substâncias químicas ou biológicas normalmente utilizadas para combater possíveis pragas que podem vir a causar danos aos cultivos. Existem três tipos: herbicidas (combatem ervas daninhas), inseticidas (combatem pragas) e fungicidas (obviamente sobre fungos). Os agrotóxicos dividem-se basicamente em dois grupos de transmissão: por contato ou sistêmicos - os agrotóxicos sistêmicos, mais usados atualmente penetram no fruto desde a seiva e incorporam-se ao DNA do vegetal. Seu acúmulo no organismo leva ao câncer, alergias em geral, doenças generativas e desequilíbrios hormonais. Em gestantes, pode causar má formação fetal.
Higienizar os vegetais é fundamental para eliminar possíveis parasitas, contudo remove apenas a parte do agrotóxico usado nas plantações. Para eliminar parasitas em geral, o mais recomendado é deixar de molho em soluções à base de cloro ou cloreto de sódio e permanganato de potássio, produtos tradicionalmente à venda em supermercados e distribuídos gratuitamente em postos de saúde mantidos pelo SUS. Na ausência de ambos, soluções de limão ou vinagre diluídos em água resolvem perfeitamente.
O brasileiro já consome em média 5 litros anuais de agrotóxico, muitos proibidos em outros países ou adulterados e contrabandeados sem qualquer controle. Comprar orgânicos, além de ser melhor para a saúde, fortalece a agricultura familiar, mantém a terra nas mãos de pequenos produtores, não financia a agroindústria transgênica e claro, qualquer produtor de fertilizantes sintéticos, que não contaminam apenas os alimentos, mas também o solo e os lençóis freáticos do entorno.
Deixando seus orgânicos de molho, não esqueça de usar bacias, deixar em água corrente não vai cobrir toda a superfície e ainda desperdiçar mais água.
Trago abaixo dois artigos e deixo também a Nota Técnica de Esclarecimento sobre o Risco de Consumo de Frutas e Hortaliças cultivadas com Agrotóxicos divulgada pela ANVISA para baixar do link ou ler diretamente do meu slideshare.
Com a crença em remover agrotóxicos dos alimentos, aconteceu o mesmo. É impossível remover agrotóxicos dos alimentos.
Receitas caseiras a base de água sanitária, água oxigenada, iodo, hipoclorito, bicarbonato, carvão ativado, vinagre, limão ou argila são, além de ineficazes, muitas vezes não recomendadas. Observe que o hipoclorito afeta a tireoide.
Os agrotóxicos são substâncias químicas ou biológicas normalmente utilizadas para combater possíveis pragas que podem vir a causar danos aos cultivos. Existem três tipos: herbicidas (combatem ervas daninhas), inseticidas (combatem pragas) e fungicidas (obviamente sobre fungos). Os agrotóxicos dividem-se basicamente em dois grupos de transmissão: por contato ou sistêmicos - os agrotóxicos sistêmicos, mais usados atualmente penetram no fruto desde a seiva e incorporam-se ao DNA do vegetal. Seu acúmulo no organismo leva ao câncer, alergias em geral, doenças generativas e desequilíbrios hormonais. Em gestantes, pode causar má formação fetal.
Higienizar os vegetais é fundamental para eliminar possíveis parasitas, contudo remove apenas a parte do agrotóxico usado nas plantações. Para eliminar parasitas em geral, o mais recomendado é deixar de molho em soluções à base de cloro ou cloreto de sódio e permanganato de potássio, produtos tradicionalmente à venda em supermercados e distribuídos gratuitamente em postos de saúde mantidos pelo SUS. Na ausência de ambos, soluções de limão ou vinagre diluídos em água resolvem perfeitamente.
O brasileiro já consome em média 5 litros anuais de agrotóxico, muitos proibidos em outros países ou adulterados e contrabandeados sem qualquer controle. Comprar orgânicos, além de ser melhor para a saúde, fortalece a agricultura familiar, mantém a terra nas mãos de pequenos produtores, não financia a agroindústria transgênica e claro, qualquer produtor de fertilizantes sintéticos, que não contaminam apenas os alimentos, mas também o solo e os lençóis freáticos do entorno.
Deixando seus orgânicos de molho, não esqueça de usar bacias, deixar em água corrente não vai cobrir toda a superfície e ainda desperdiçar mais água.
Trago abaixo dois artigos e deixo também a Nota Técnica de Esclarecimento sobre o Risco de Consumo de Frutas e Hortaliças cultivadas com Agrotóxicos divulgada pela ANVISA para baixar do link ou ler diretamente do meu slideshare.
Lavar alimentos pode ser inútil para tirar agrotóxicos, dizem especialistas
Defensivos agrícolas podem ficar dentro dos alimentos.
Instituto pede regras mais rígidas para controlar venenos.
Deixar vegetais de molho no vinagre antes de levá-los à mesa pode ser ótimo para matar micróbios, mas
nem sempre vai funcionar quando se quer tirar agrotóxicos de frutas e verduras, relataram especialistas ouvidos pelo G1.
Em 15 de 20 culturas analisadas pela Anvisa foram encontrados ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à agência, como o endossulfan em pepino e pimentão; acefato em cebola e cenoura; e metamidofós em pimentão, tomate, alface e cebola.
"Dentre as medidas necessárias está a reavaliação toxicológica das substâncias pela Anvisa, uma vez que vários agrotóxicos utilizados no Brasil já foram proibidos em outros países, diante das evidências de seus riscos", comunicou a ONG em nota ao G1.
Para o engenheiro de alimentos Carlos Eduardo Sassano, professor da Universidade de Guarulhos, o problema seria resolvido se os agrotóxicos fossem utilizados da maneira correta. "Se fossem usados dentro dos padrões permitidos, não teria problema", defende.
Segundo ele, o consumo de alimentos orgânicos poderia ser uma boa alternativa, mas é difícil haver produção suficiente. "Estamos falando de uma sociedade moderna, onde a produtividade tem que ser alta. Por isso a gente não vislumbra agricultura sem agrotóxico."
O médico Angelo Trapé, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discorda da opinião dos colegas. Segundo ele, as irregularidades encontradas pela Anvisa não mostram que haja perigo ao consumidor, pois a quantidade de agrotóxicos nos alimentos é muito pequena. "A população pode ingerir alimentos de maneira segura que não vai causar nenhum dano à sua saúde."
De 3.130 amostras coletadas pela agência, 29% apresentaram algum tipo de irregularidade.A dificuldade cresce nas situações em que há penetração da substância. “Nesse quadro, a fervura pode inativá-la, mas há agrotóxicos à base de zinco ou estanho, à base de metais, que são chamados estáveis”, afirma Wong. “Quando isso ocorre, o aquecimento não inativa, logo não reduz o perigo.”
Já existe no Brasil uma “indicação de banimento” para as três substâncias. Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, afirmou na quarta-feira (23) que esses ingredientes causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
De acordo com Pignati, a estatísticas não mostram essas doenças relacionadas a agrotóxicos porque é difícil fazer exames para identificar substâncias tóxicas no organismo. "Aqui em Mato Grosso, se eu quiser fazer uma análise de suspeita de resíduos de agrotóxicos no sangue ou na urina, tenho que mandar a amostra para o Rio de Janeiro ou São Paulo".
Os fabricantes de defensivos agrícolas, por meio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), defendem que os produtores rurais estão cada vez mais preocupados em aplicar corretamente os agrotóxicos.
"A Andef considera fundamental tranqüilizar a população quanto à segurança dos alimentos tratados com defensivos aplicados de acordo com as recomendações agronômicas e oficialmente registrados", afirmou a instituição em nota divulgada à imprensa.
A preocupação com resíduos tóxicos na comida ganhou força nesta quarta-feira (24), quando um relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou alta presença de agrotóxicos nos alimentos brasileiros.
Segundo Anthony Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) da Faculdade de Medicina da USP, “se o agrotóxico for de superfície, de aplicação limitada à parte externa do alimento, elimina-se o risco na maioria das vezes lavando bem”, diz. Os casos do morango e do tomate, por exemplo, poderiam ser “facilmente resolvidos” assim.
O médico Wanderlei Pignati, professor de Saúde Ambiental na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é mais cético em relação à água. "[Lavar os alimentos] não resolve praticamente nada. Vai eliminar o agrotóxico que tem na casca, mas o grande problema está dentro", afirma.
Segundo Wong, do Ceatox, a total eliminação de situações de risco depende do governo. “Aí, só fiscalização mesmo. Não tem como eliminar por lavagem ou fervura.”O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) defende regras mais rígidas para agrotóxicos.
Defensivos agrícolas podem ficar dentro dos alimentos.
Instituto pede regras mais rígidas para controlar venenos.
Deixar vegetais de molho no vinagre antes de levá-los à mesa pode ser ótimo para matar micróbios, mas
nem sempre vai funcionar quando se quer tirar agrotóxicos de frutas e verduras, relataram especialistas ouvidos pelo G1.
Em 15 de 20 culturas analisadas pela Anvisa foram encontrados ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à agência, como o endossulfan em pepino e pimentão; acefato em cebola e cenoura; e metamidofós em pimentão, tomate, alface e cebola.
"Dentre as medidas necessárias está a reavaliação toxicológica das substâncias pela Anvisa, uma vez que vários agrotóxicos utilizados no Brasil já foram proibidos em outros países, diante das evidências de seus riscos", comunicou a ONG em nota ao G1.
Para o engenheiro de alimentos Carlos Eduardo Sassano, professor da Universidade de Guarulhos, o problema seria resolvido se os agrotóxicos fossem utilizados da maneira correta. "Se fossem usados dentro dos padrões permitidos, não teria problema", defende.
Segundo ele, o consumo de alimentos orgânicos poderia ser uma boa alternativa, mas é difícil haver produção suficiente. "Estamos falando de uma sociedade moderna, onde a produtividade tem que ser alta. Por isso a gente não vislumbra agricultura sem agrotóxico."
O médico Angelo Trapé, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discorda da opinião dos colegas. Segundo ele, as irregularidades encontradas pela Anvisa não mostram que haja perigo ao consumidor, pois a quantidade de agrotóxicos nos alimentos é muito pequena. "A população pode ingerir alimentos de maneira segura que não vai causar nenhum dano à sua saúde."
De 3.130 amostras coletadas pela agência, 29% apresentaram algum tipo de irregularidade.A dificuldade cresce nas situações em que há penetração da substância. “Nesse quadro, a fervura pode inativá-la, mas há agrotóxicos à base de zinco ou estanho, à base de metais, que são chamados estáveis”, afirma Wong. “Quando isso ocorre, o aquecimento não inativa, logo não reduz o perigo.”
Já existe no Brasil uma “indicação de banimento” para as três substâncias. Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, afirmou na quarta-feira (23) que esses ingredientes causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
De acordo com Pignati, a estatísticas não mostram essas doenças relacionadas a agrotóxicos porque é difícil fazer exames para identificar substâncias tóxicas no organismo. "Aqui em Mato Grosso, se eu quiser fazer uma análise de suspeita de resíduos de agrotóxicos no sangue ou na urina, tenho que mandar a amostra para o Rio de Janeiro ou São Paulo".
Os fabricantes de defensivos agrícolas, por meio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), defendem que os produtores rurais estão cada vez mais preocupados em aplicar corretamente os agrotóxicos.
"A Andef considera fundamental tranqüilizar a população quanto à segurança dos alimentos tratados com defensivos aplicados de acordo com as recomendações agronômicas e oficialmente registrados", afirmou a instituição em nota divulgada à imprensa.
A preocupação com resíduos tóxicos na comida ganhou força nesta quarta-feira (24), quando um relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou alta presença de agrotóxicos nos alimentos brasileiros.
Segundo Anthony Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) da Faculdade de Medicina da USP, “se o agrotóxico for de superfície, de aplicação limitada à parte externa do alimento, elimina-se o risco na maioria das vezes lavando bem”, diz. Os casos do morango e do tomate, por exemplo, poderiam ser “facilmente resolvidos” assim.
O médico Wanderlei Pignati, professor de Saúde Ambiental na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é mais cético em relação à água. "[Lavar os alimentos] não resolve praticamente nada. Vai eliminar o agrotóxico que tem na casca, mas o grande problema está dentro", afirma.
Segundo Wong, do Ceatox, a total eliminação de situações de risco depende do governo. “Aí, só fiscalização mesmo. Não tem como eliminar por lavagem ou fervura.”O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) defende regras mais rígidas para agrotóxicos.
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