EXPLORADO PELA POLÍCIA
Traficantes colombianos oferecem grande recompensa pela morte de cão farejador
Apesar da grande importância para a polícia local, Shadow não pode ser enxergado apenas como um herói - afinal de contas, suas atitudes não são naturais, e cães farejadores são muitas vezes submetidos a treinamentos extremamente abusivos e desgastantes para eles
01/08/2018 às 21:00
Por Bárbara Alcântara, ANDA
Além da grande quantidade de cocaína encontrada, o cão chamado Shadow (Sombra) também foi responsável pela prisão de cerca de 245 suspeitos ao longo dos anos. Com apenas seis anos, ele é tão valorizado que já foi transferido para o aeroporto de Bogotá, para levá-lo para fora da linha de fogo, sob proteção especial de oficiais – onde espera-se que ele não corra mais perigo.
A iniciativa de prometer recompensas não é nova do cartel. Há seis anos, os temidos Urabeños ofereciam quase R$ 2 mil a quem matasse um policial. A quantia pode parecer alta, mas com certeza é bem baixa quando colocada em comparação ao preço dado à morte do cão; isso evidencia o quanto Shadow foi prejudicial ao crime organizado da Colômbia.
“Sombra é uma enorme dor de cabeça para os traficantes de drogas”, disse um porta-voz da polícia em entrevista à mídia local. Só recentemente, Shadow encontrou 5,3 toneladas de cocaína no porto de Turbo. Isso se seguiu à descoberta de um estoque de quatro toneladas escondido em peças de carros que deveriam ser exportadas. Muitos deles ocorreram durante seu trabalho em portos na costa do Atlântico, dos quais grandes quantidades de cocaína são enviadas para a América Central e do Norte.
Apesar da grande importância para a polícia local, Shadow não pode ser enxergado apenas como um herói – afinal de contas, suas atitudes não são naturais. Nenhum animal se oferece por livre e espontânea vontade para servir ao país, assumindo o posto de “cão farejador”. É importante perceber que o perigo ao qual ele é exposto, é fruto não só de sua competência, mas de anos de exploração.
Os treinamentos de cães por oficiais da polícia podem ser torturantes e abusivos para os animais – ou então, no mínimo, muito cansativos e agressivos aos seus corpos. Quando o cão não consegue atingir os resultados esperados ou não são mais necessários, eles são muitas vezes descartados pelos oficiais, como objetos.
Isso sem contar os perigos aos quais eles são desnecessariamente expostos: inalam substâncias químicas perigosas, frequentam locais inseguros, desconhecidos, muitas vezes por lealdade ao seu treinador, se colocam na frente da bala para salvá-lo e, em casos como este, são colocados na linha de fogo, tendo uma recompensa oferecida pela sua morte.
Animais devem viver em liberdade, longe de perigos criados pelos humanos. Eles não devem ser explorados – submetidos a maus-tratos ou abusos físicos e psicológicos – e depois vistos como heróis ou descartados como objetos. Eles tem direito de viver uma vida digna e feliz, e agir de acordo com sua natureza e seguindo seus próprios instintos, não para satisfazer vontades humanas.
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