O Quênia e seus exemplos inspiradores: da resiliência ao socioambientalismo
10/01/2019 16:03
Por Sucena Shkrada Resk *
Sim. Exemplos inspiradores vêm do leste do continente africano e especialmente de países como o Quênia, e não se restringem a resultados na tradicional corrida de São Silvestre por aqui e chegam à esfera socioambiental, além do fato de Nairobi ser a cidade-sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). É da resiliência contra um cenário de carestia, seca, fome, repressão e violência, que brotam ações proativas, que quem sabe, podem um dia mudar o curso de modelos políticos e econômicos que acentuam a vulnerabilidade dos cidadãos por décadas.
Uma mudança que pode parecer insignificante mas se tornou relevante recentemente no país, foi resultado da pressão popular que culminou na atual Constituição (2010), com a meta de reforçar a democracia e os direitos humanos. Só agora, quase uma década depois, as moedas quenianas não estampam mais a “glorificação” de políticos; agora, as figuras de destaque são os animais selvagens, como o elefante, demonstrando o respeito ao meio ambiente. Animal que sofre uma grande pressão por décadas por causa da caça ilegal devido ao interesse econômico do marfim (cujo comércio está proibido desde 1989).
Para minimizar este impacto na família dos mamíferos, existe, por exemplo, um “orfanato de elefantes” em Nairobi, que são reintegrados à vida selvagem quando completam quatro anos. É o David Sheldrick Wildlife Trust. (Abram o link.É lindo!)
https://youtu.be/q7Cq45xbolE
Alguns parques nacionais ainda resistem à pressão sobre a riqueza da fauna e flora selvagens. Entre estas unidades de conservação, estão a Reserva Queniana de Maasai Mara, onde elefantes, gazelas, gnus, zebras, entre outros animais protagonizam também um espetáculo da natureza anualmente com o processo migratório em direção ao Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia, nos períodos de chuva.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Pnuma, o Quênia atualmente é um dos poucos países do mundo que promulgou o limite legal mais restritivo para o chumbo em pintura (90 partes por milhão).
Com um olhar sobre a conservação nos oceanos, uma das iniciativas interessantes por lá está sendo realizada na Ilha de Wasini. Com a pressão e morte dos corais, um projeto está possibilitando o cultivo de novos corais em base de concreto para repovoar o que foi perdido. No campo da energia limpa/renovável, mais um destaque no país é com relação ao incentivo, há alguns anos, à energia solar e ao uso de biogás em áreas rurais, a populações mais vulneráveis.
Entre as propostas mais recentes, está o projeto FlipFlopi concebido pelo queniano Ben Morison, que tem como objetivo a construção de um veleiro tradicional de plástico reciclado, que deverá navegar pela costa da África Oriental para propagar a mensagem de que a dependência de plásticos de uso único é um desperdício destrutivo. A proposta tem o apoio da ação Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, e deverá fazer parte da campanha neste ano, na região de Zanbibar.
Quem poderia imaginar? O Quênia também é um dos maiores produtores de rosas no mundo, está em quinto lugar como exportador mundial. Mas a expressão ‘nem tudo são rosas’ cabe perfeitamente à esta realidade, que emprega milhares de pessoas. A corrida para a manutenção de empregos mais justos (grandes fazendas e mais de 2 mil produtores locais), atendimentos de normas sanitárias, consumo sustentável de água e a certificação internacional adquirida pelos produtores em 2016 vão neste sentido.
E de onde era a ativista Wangari Maathai – exatamente do Quênia (veja esta matéria no blog a respeito (Mês das Mulheres: a relevância permanente das contribuições socioambientais de Wangari Maathai) .
Todos estes exemplos demonstram a necessidade de se desconstruir estereótipos a respeito de países e principalmente de cidadãos da África Subsaariana, como se estivessem fadados a cenários dantescos infinitos, sem possibilidade de atitudes como estas, que são fonte de esperança em um mundo com tantas desigualdades e sofrimentos.
*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Sim. Exemplos inspiradores vêm do leste do continente africano e especialmente de países como o Quênia, e não se restringem a resultados na tradicional corrida de São Silvestre por aqui e chegam à esfera socioambiental, além do fato de Nairobi ser a cidade-sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). É da resiliência contra um cenário de carestia, seca, fome, repressão e violência, que brotam ações proativas, que quem sabe, podem um dia mudar o curso de modelos políticos e econômicos que acentuam a vulnerabilidade dos cidadãos por décadas.
Uma mudança que pode parecer insignificante mas se tornou relevante recentemente no país, foi resultado da pressão popular que culminou na atual Constituição (2010), com a meta de reforçar a democracia e os direitos humanos. Só agora, quase uma década depois, as moedas quenianas não estampam mais a “glorificação” de políticos; agora, as figuras de destaque são os animais selvagens, como o elefante, demonstrando o respeito ao meio ambiente. Animal que sofre uma grande pressão por décadas por causa da caça ilegal devido ao interesse econômico do marfim (cujo comércio está proibido desde 1989).
Para minimizar este impacto na família dos mamíferos, existe, por exemplo, um “orfanato de elefantes” em Nairobi, que são reintegrados à vida selvagem quando completam quatro anos. É o David Sheldrick Wildlife Trust. (Abram o link.É lindo!)
https://youtu.be/q7Cq45xbolE
Alguns parques nacionais ainda resistem à pressão sobre a riqueza da fauna e flora selvagens. Entre estas unidades de conservação, estão a Reserva Queniana de Maasai Mara, onde elefantes, gazelas, gnus, zebras, entre outros animais protagonizam também um espetáculo da natureza anualmente com o processo migratório em direção ao Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia, nos períodos de chuva.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Pnuma, o Quênia atualmente é um dos poucos países do mundo que promulgou o limite legal mais restritivo para o chumbo em pintura (90 partes por milhão).
Com um olhar sobre a conservação nos oceanos, uma das iniciativas interessantes por lá está sendo realizada na Ilha de Wasini. Com a pressão e morte dos corais, um projeto está possibilitando o cultivo de novos corais em base de concreto para repovoar o que foi perdido. No campo da energia limpa/renovável, mais um destaque no país é com relação ao incentivo, há alguns anos, à energia solar e ao uso de biogás em áreas rurais, a populações mais vulneráveis.
Entre as propostas mais recentes, está o projeto FlipFlopi concebido pelo queniano Ben Morison, que tem como objetivo a construção de um veleiro tradicional de plástico reciclado, que deverá navegar pela costa da África Oriental para propagar a mensagem de que a dependência de plásticos de uso único é um desperdício destrutivo. A proposta tem o apoio da ação Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, e deverá fazer parte da campanha neste ano, na região de Zanbibar.
Quem poderia imaginar? O Quênia também é um dos maiores produtores de rosas no mundo, está em quinto lugar como exportador mundial. Mas a expressão ‘nem tudo são rosas’ cabe perfeitamente à esta realidade, que emprega milhares de pessoas. A corrida para a manutenção de empregos mais justos (grandes fazendas e mais de 2 mil produtores locais), atendimentos de normas sanitárias, consumo sustentável de água e a certificação internacional adquirida pelos produtores em 2016 vão neste sentido.
E de onde era a ativista Wangari Maathai – exatamente do Quênia (veja esta matéria no blog a respeito (Mês das Mulheres: a relevância permanente das contribuições socioambientais de Wangari Maathai) .
Todos estes exemplos demonstram a necessidade de se desconstruir estereótipos a respeito de países e principalmente de cidadãos da África Subsaariana, como se estivessem fadados a cenários dantescos infinitos, sem possibilidade de atitudes como estas, que são fonte de esperança em um mundo com tantas desigualdades e sofrimentos.
*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário