30/01/2014
às 6:06Assim não, Joaquim Barbosa!
Pois é,
leitores… Eu não sou um barbosista, como vocês sabem. Quando Joaquim
Barbosa acerta, eu aplaudo. Quando ele erra, eu critico. Na verdade,
isso vale para ele e para qualquer pessoa. Nesta quarta, por exemplo,
ele errou feio. Deu uma palestra no King’s College, da Universidade de
Londres. E fez o que alguém na sua posição não deve fazer: falou mal da
política e dos políticos no Brasil. E foi além.
Barbosa criticou com dureza a situação das prisões brasileiras, que definiu como um “horror”, informa a Folha,
e disse que assim é por culpa dos políticos, já que o assunto não rende
voto. Digamos que ele tenha razão no mérito: não cabe ao presidente de
um Poder esse tipo de discurso? Tivesse apenas apontado o tal “horror”,
vá lá; as considerações sobre a política é que são impróprias. Imaginem
um ministro da Suprema Corte dos EUA em visita ao Brasil largando a
língua no Congresso americano… Não dá pé.
Até porque
cabe aqui um pergunta direta e reta. Barbosa é o presidente do Conselho
Nacional de Justiça. O que ele fez, na sua esfera de competência, para
diminuir essas dificuldades?
A seu tempo, Gilmar Mendes, por exemplo,
promoveu um grande mutirão para, entre outras coisas, libertar pessoas
que estavam irregularmente presas pelos mais diversos motivos. Barbosa
tem de descobrir que alguém na sua posição tem de estar mais
comprometido com a ação do que com a denúncia.
Indagado
sobre o tema, Barbosa também falou sobre o suposto racismo no Brasil:
“Entre negros e mulatos, são a maioria dos brasileiros, mais de 50%,
muito mais que as cotas. Os brasileiros não gostam de discutir esse
assunto. A TV brasileira parece a TV da Dinamarca”.
Quais
“brasileiros” não gostam de “discutir esse assunto”? O Brasil terá em
breve lei de cotas raciais, em vigor em todas as universidades públicas,
até para o ingresso no funcionalismo federal. O absurdo é tal que
bolsas para doutorado já obedecem ao critério da cor da pele.
Em parte,
ele tem razão: temos discutido pouco esse assunto… E um conselho final:
não é a primeira vez que Barbosa trata “os brasileiros” como um conjunto
ou corpo ao qual ele não pertencesse. Barbosa é o quê? Escandinavo?
Eu
não gosto disso que chamo “discurso de motorista de táxi”. Como todo
respeito, é sempre a categoria mais insatisfeita do Brasil. E opina mais
do que o Reinaldo Azevedo. É a gente botar o traseiro no banco, lá vem
uma crítica “aos brasileiros”, que sempre fazem tudo errado.
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