quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Assassinato em ônibus na Ceilândia

Dois homens teriam atirado, acertando o dono do veículo e um amigo

Eric Zambon
eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br


Waldir dos Reis, 25 anos, conversou com colegas pela última vez no início da tarde de ontem, na praça da Bíblia, no P Norte, em Ceilândia, antes de ser assassinado. 

Sentado no banco do motorista de um ônibus de sua propriedade, ele foi morto a tiros. Um dos dois amigos dele também foi  atingido na boca e levado ao hospital.

O crime aconteceu por volta de 12h30 e, por enquanto, a polícia não tem suspeitos, mas testemunhas disseram ter sido obra de dois menores de idade.

O motivo para tal ato também é um mistério. Waldir, que deixou a esposa Sueny Passos, 23 anos, e um filho de quatro anos, fazia transporte “pirata” com o ônibus há pelo menos dois anos. “Não sei de rixa que ele poderia ter. Era uma pessoa que não fazia mal a ninguém”, disse, aos prantos, a esposa, que consolava a mãe da vítima, dona Lerismar, enquanto a perícia entrava no ônibus. Uma suspeita é de que os menores, possíveis autores do crime, estariam se vingando porque um parente de Waldir tinha dívida de drogas com eles. 

Ação

Waldir era conhecido pelo apelido de Galego ou Galeguinho e costumava relaxar na praça em horário de almoço, antes de retomar o serviço na parte da tarde. Segundo testemunhas, dois menores de idade teriam chegado à porta da frente do ônibus e efetuado disparos de pistola contra a vítima e outro homem no transporte. Um terceiro amigo estaria no local e, enquanto os assassinos fugiam, teria ajudado a levar o ferido ao hospital.

Um amigo de infância de Waldir, que preferiu se identificar apenas como R., costumava conversar com a vítima no horário do almoço, mas, na tarde do crime, teve um imprevisto. “Tive que ficar na oficina para consertar meu próprio ônibus, que o Waldir tinha me vendido há um tempo. Não fosse por isso talvez eu também estivesse morto a essa hora”, desabafou o homem de 35 anos. Ele ajudou a consolar familiares na Praça da Bíblia.

Lamento

Outro conhecido do falecido que compareceu ao local do crime foi o primo de Waldir, Edson Ferreira, de 36 anos. “Saí do serviço para ver o que aconteceu com ele. Não o via há quase dois anos, mas é uma pena né?”, lamentou o homem, que confessou sentir muito também por dona Lerismar, prima de sua mãe.

Ninguém sabe, ninguém viu

O crime aconteceu em frente a um centro comercial e próximo a uma parada de ônibus. Apesar da multidão de curiosos ao redor do ônibus, ninguém soube informar o paradeiro dos culpados. Agentes da 19ª DP, onde o inquérito foi aberto, levaram três rapazes para a delegacia, mas, segundo um oficial, apenas na condição de testemunhas. Um menor de idade chegou a ser interpelado pelos policiais sobre participação no assassinato. Ele teria tentado recolher um par de chinelos da cena do crime, mas ainda não se sabe o envolvimento do rapaz com o ocorrido.

Pense Nisso

Foi-se o tempo em que crimes aconteciam somente à noite e em endereços remotos, com a preocupação dos criminosos em se esconder. É cada vez mais comum assaltos e, inclusive, homicídios acontecerem à luz do dia, em locais cheios de pessoas transitando, a exemplo do crime que vitimou o jovem Waldir dos Reis, em Ceilândia. Mesmo com recursos que poderiam facilitar a identificação e captura de suspeitos, muitas vezes, eles passam despercebidos - ou até são vistos, mas quem os viu prefere não se envolver por medo de retaliação.

Motivo pode ter sido rixa no transporte

Populares da cena do crime comentaram sobre possível rixa entre Waldir e outros responsáveis por transporte pirata, mas a polícia ainda não trabalha com essa possibilidade e a família da vítima também afirma desconhecer o assunto.

O fato é que o momento é propício, de acordo com o  DFTrans, para o surgimento de linhas irregulares em Ceilândia, o que poderia criar ou agravar rixas entre diferentes proprietários. Segundo o órgão, a empresa Marechal, que substituirá a Pioneira no atendimento à grande parte da cidade, está demorando para colocar os ônibus novos na rua. A companhia antiga, no entanto, estaria deixando a qualidade do serviço cair, o que propiciaria defasagem na qualidade do serviço de transporte público da região. Enquanto isso, os piratas aproveitam a ausência da fiscalização para lucrar.

Sem informações

Até o fechamento desta edição, a 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia) não tinha maiores detalhes sobre o caso. Também não havia informações sobre o estado de saúde da segunda vítima.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


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