Reinaldo Azevedo
25/02/2014
às 3:52
A
presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta, em Bruxelas, que é
inútil a imprensa brasileira tentar criar uma conflito entre ela e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será que os jornalistas andam
mesmo fazendo esse tipo de fuxico?
Antes
fosse assim, não é? Seria melhor para a presidente Dilma e, em certa
medida, para o país. É evidente que a imprensa brasileira tem mais o que
fazer do que se dedicar a fuxico que possa indispor o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e a atual mandatária da nação.
Para a má sorte
da presidente, quem anda investindo no conflito são os muitos braços
que Lula mantém na Presidência da República.
Lula tem
recebido, como sabem, uma verdadeira romaria de empresários e políticos
para ouvir reclamações sobre o governo.
E, o que é pior para Dilma, tem
concordado com os interlocutores. A presidente, é claro!, não pode
admitir isso de público, então, para todos os efeitos, a culpa recai
sobre os ombros largos dos jornalistas.
Nesta quarta, em Bruxelas, na Bélgica, disse a presidente aos repórteres, segundo informa a Folha:
“Eu acho que vocês podem de todas as formas criar qualquer conflito,
barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula, que vocês não vão
conseguir. Eu e o presidente Lula não temos divergências, a não ser as
normais”.
Dilma sabe
que não é assim. E os jornalistas também sabem que estão cansados de
ouvir lulistas e dilmistas reclamando uns dos outros, embora ninguém se
atreva a dar a cara a tapa. Nos bastidores, a presidente é a mais
furiosa com o clima de fofoca permanente.
Querem um
exemplo? Pois não! No domingo, a Confederação Nacional de Agricultura e
Pecuária do Brasil, a CNA, e a Confederação Nacional da Indústria, a
CNI, ofereceram um jantar a Dilma lá em Bruxelas, no Hotel
Steigenberger.
Ela foi àquele país participar da reunião de cúpula
Brasil-União Europeia. Os empresários estavam justamente incitando a
presidente a fechar um acordo com os europeus. Se possível, no âmbito do
Mercosul; se não, que o nosso país desse início a uma negociação
bilateral.
O encontro
foi cordial. Uma influente coluna de política no Brasil, no entanto,
publicou nesta segunda que tanto CNI como CNA estão mobilizadas em favor
da volta de Lula. É apenas mentira.
E aqui
cumpre lembrar algumas coisas. O Mercosul é uma desgraça para nós.
Impede o Brasil de fazer acordos com outros países porque ou todo mundo
topa, ou ninguém faz. “Todo mundo” quem? Os membros que compõem o bloco:
Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, que, por enquanto,
está suspenso.
Estão em
curso no mundo 354 acordos bilaterais, metade deles firmada de 2003 a
esta data. O Brasil assinou só três e mantém apenas um: com Israel. Os
outros dois, com a Palestina, calculem vocês, e com o Egito, não deram
certo.
Os EUA estabeleceram nada menos de 14 e estão prestes a fechar um
pacto gigante com a União Europeia, que participa de 32, que pode nos
empurrar para a periferia do mundo. A China, com a importância que
assumiu no planeta, já assinou 15.
Lula não é
o pai do Mercosul, mas está na origem da política comercial caduca
vigente, que condena o país ao atraso. Os empresários da indústria e do
agronegócio estavam pedindo a Dilma, no domingo, que mude o rumo dessa
prosa. No Brasil, no entanto, a notícia que circulou é que estão
reivindicando a volta do ex-presidente.
Então
encerro agora com um recado direto a Dilma: sabe, presidente, quem
plantou a falsa informação? Não foram os jornalistas, não, mas petistas
ligados ao sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É o que se chama “fogo amigo”.
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