sexta-feira, 4 de julho de 2014

Últimos dias da Copa do Mundo



Muita gente já começa a se perguntar como vai ser depois que o clima de festa no País acabar
ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br


Sabe quando a casa está cheia de parentes e, de repente, todos vão embora? Por um lado, a sensação é de alívio. A tranquilidade de poder voltar à rotina e arrumar os cômodos sem que ninguém tire as coisas do lugar é animadora. Mas, por outro, fica o vazio. O lugar, que andava sempre tão animado, fica sem graça. Deve ser mais ou menos essa a sensação de um país que sedia a Copa quando o Mundial acaba. 


O Brasil respira futebol.  Caminhando pela avenida comercial do Sudoeste, por exemplo, é possível flagrar conversas sobre o tema nas mesas de bares e restaurantes. 


Como se não bastasse, tem a Fifa Fan Fest e os turistas que trazem um colorido especial à cidade. Mas e quando a Copa acabar, como é que fica? Essa é uma das perguntas mais feitas nas redes sociais.

Bares
Para os donos de bares, ficará a saudade de uma das épocas de maior lucro. No Restaurante e Choperia Fausto & Manoel, na Quadra 101  do Sudoeste, o faturamento aumentou 40%. 

“Estamos sem ações programadas para o pós-Copa. Esse mês foi tão movimentado que nos   dias em que não houve jogos ficamos até meio perdidos no tempo”, brinca Adelmo Fausto, de 48 anos, um dos donos.

Segundo ele, depois da Copa, o movimento pode ficar até 10% abaixo do normal. “O pessoal gastou muito, pode ser que tenhamos uma queda. Vamos sentir falta da agitação, mas aos poucos a ficha vai caindo”, diz.

Nos hotéis, o número de hóspedes deve cair, mas as férias de julho e o turismo de negócios prometem impedir que eles fiquem vazios. “O esperado é que, com o Congresso e ministérios funcionando a todo vapor, nosso movimento se mantenha. 

Houve aumento na ocupação porque fomos o hotel credenciado pela Fifa e recebemos delegações, mas, após o Mundial, contamos com a volta do nosso público original”, conta Jesus Ribeiro, gerente da Região Centro Oeste da BHG, administradora do Royal Tulip. 


Saudade para quem fica e para quem vai
 
Na Feira da Torre, a Copa também vai deixar saudades. “Nosso faturamento aumentou   30%.  O clima   é muito bacana, principalmente porque está sendo tranquilo, sem bagunça”, conta Nonata Barbosa,   47, dona de uma loja de souvenirs. 
 
Os chilenos Alexandro Munhoz,   35, engenheiro, e  a enfermeira Tatiana Munhoz,   32, já estão tristes pela despedida. “Estamos encantados com a cidade. Não queremos que a Copa acabe”, dizem.
 
Maicon Rodrigues, de 20 anos, é de Rio Verde (GO). Ele é militar e veio para o Mundial a trabalho. “Foi graças à Copa que eu pude conhecer Brasília. Apesar da vontade de voltar para casa, a animação das pessoas têm amenizado a saudade e contribuído para um bom evento. Quando acabar voltamos a realidade, né?”, indaga.
 
O empresário Ismael Leão, 31 anos, tem motivos de sobra para querer que a Copa não acabe: “Tenho uma empresa de Telecom e forneci material para a Anatel. Espero que os negócios continuem aquecidos porque o investimento foi alto. Desejo que os brasilienses,   possam  usufruir da infraestrutura construída por muito tempo”, diz.
 
Ponto de vista
 
O psicólogo Luiz Flávio Mendes explica que, de modo geral, os brasileiros sentirão o término da Copa. De acordo com ele, pelo fato de o Mundial ocorrer no Brasil, todos se envolveram  de alguma maneira. “A sensação de vazio  desta vez será maior. 
 
 
Os brasileiros estão vivenciando a Copa todos os dias,  mesmo antes do seu início, com a preparação para o evento, a chegada das seleções, dos turistas e com os jogos.  As pessoas vão precisar se readaptar à rotina, como quando voltamos férias”, afirma. 
 
Segundo Mendes, alguns podem até se sentir culpados por não ter aproveitado o evento como poderiam.   Mas a sensação de que o sonho acabou estará mais relacionada ao resultado da Copa. “Se a seleção for campeã, as comemorações ofuscarão o encerramento e a readaptação será menos abrupta”. 
 

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