Zera o cronômetro. A 21 dias da
eleição, a campanha ao Governo do Distrito Federal volta à posição de
start, com a desistência de José Roberto Arruda, que foi levado a
renunciar à candidatura depois de avaliar, com o seu grupo político, que
as chances de reverter a condenação pela Lei da Ficha Limpa são mínimas no Supremo Tribunal Federal. Além da certeza de que o pleito em Brasília é um verdadeiro enredo de filme,
garantia de emoções certas, resultados incertos e forte polarização,
restam-nos dúvidas em série. É preciso começar uma nova campanha a
partir de agora para podermos tentar responder a algumas perguntas...
Apesar de
ficha suja, Arruda era o candidato favorito do eleitor brasiliense ao
Buriti. Conseguirá transferir esses votos à dobradinha apadrinhada pelo
cacique Joaquim Roriz? Jofran Frejat, até então candidato a vice,
tornou-se o cabeça de chapa, e Flávia, mulher de Arruda, como vice,
completa o novo time. Talvez seja pouco tempo
para Arruda convencer que o combo Frejat-Flávia é a encarnação dele
próprio, de suas ideias, de seu carisma, avaliam alguns políticos que
bem conhecem as eleições no DF. Mas, como a campanha está recomeçando,
nunca se sabe. Do poder de convencimento de Arruda só os loucos
duvidariam. Ele próprio e sua turma abusam do otimismo e confiam
plenamente que o novo arranjo é capaz de dar ao grupo uma vitória em
primeiro turno. A ver.
E os outros candidatos, como ficam? Praticamente empatados, o
governador, Agnelo Queiroz, e Rodrigo Rollemberg, que se apresenta como
uma via alternativa e nova ao DF, terão de repensar suas estratégias de campanha.
Rollemberg ainda conta com a simpatia brasiliense por Marina Silva, que
desde a última eleição presidencial já levava a melhor por aqui. Mas,
numa primeira análise, o PT ganha mais com a saída de Arruda, visto que o
espólio eleitoral do candidato não cai automaticamente na conta de
Frejat, mesmo com Flávia, que carrega o sobrenome do marido, a tiracolo.
Não se pode esquecer, porém, da longa trajetória de Jofran Frejat na
política local, que num embate sobre a área de saúde, um tema crítico,
talvez pressione Agnelo.
A recuperação de Dilma Rousseff nas últimas pesquisas, o capital
político do PT no Distrito Federal e a histórica tendência de
polarização das eleições em Brasília alimentam as esperanças dos
petistas e colocam Agnelo em posição mais vantajosa, ainda não vista
nesta campanha. Será que, enfim, o partido vai mergulhar de verdade na
campanha de Agnelo? Foi assim em 2010 quando Roriz desistiu em favor da
mulher também por ter sido considerado ficha suja. Ali o PT entrou pra
valer na disputa. A desistência de Arruda para muitos surge como a
chance mais palpável de reeleição de Agnelo. Os petistas certamente vão
dormir mais tranquilos hoje. Agora, é esperar, acompanhar e se
surpreender com o desfecho da eleição. Ou não.
Fonte: Por ANA DUBEUX, Correio Braziliense - 15/09/2014 - - 09:40:16
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