Carlos Chagas
Publicado: 17 de outubro de 2014 às 0:48 - Atualizado às 0:57
Com todo o respeito e as devidas
escusas, mas é melhor seguir os conselhos de Floriano Peixoto e “confiar
desconfiando”. Fala-se do resultado das duas recentes pesquisas
sobre o segundo turno das eleições, apresentado pelo Ibope e a
Datafolha. Tem-se a impressão de que os dois institutos não quiseram
comprometer-se nem correr riscos, evitando repetir o vexame do primeiro
turno.
Nada melhor para escapulir de outra arapuca do que concluir pelo empate técnico
e empurrar com a barriga a hipótese de novos erros. Assim, os números
coincidiram milimetricamente: 51 a 49. Caso as urnas falem outra
linguagem, pelo menos até a eleição os institutos estarão preservados.
Claro que a disputa pode estar mesmo empatada, mas se não estiver, só
saberemos dia 26. Mesmo nessa hipótese, sempre haverá a desculpa de que o
eleitorado só se decidiu na hora extrema ou de que o povo mudou. Não
serão deixados, porém, rastros de outros erros.
A verdade
é que pesquisa é pesquisa. Não ganha eleição. Ainda mais quando fica
impossível esquecer as lambanças do primeiro turno, que não vale à pena
lembrar, no mínimo por uma questão de caridade. De qualquer forma,
estamos vivendo o fim do ciclo da ditadura dos institutos. Menos porque
eles faturaram dezenas de milhões de reais, até agora, mais porque
sempre será uma temeridade atribuir a cinco ou dez mil consultados a
opção de 143 milhões. Para as próximas eleições, será preciso reformular
métodos e meios de aferição da vontade popular. Por enquanto, só temos
os atuais institutos para tentar vislumbrar o futuro. Devemos considerar
seus números, na falta de outros instrumentos, mas sabendo que a
verdadeira pesquisa verifica-se apenas no dia da eleição. Ninguém
garante que Dilma ou Aécio não estejam desde já com percentuais muito
maiores do que os divulgados. Só saberemos daqui a dez dias.
APENAS UM BLOCO DE MÁRMORE
Vamos imaginar um bloco de mármore, daqueles bem
grandes que são tirados das jazidas e levados para uma oficina. Será
apenas um bloco de mármore antes que o escultor comece a manobrar
martelo, formão e cinzel. De lá poderá sair o David, se Michelangelo
estiver por perto, ou a Venus de Milo, no caso de Fídias. Por enquanto
sem forma alguma, mas quem negará que aquelas duas maravilhas da
escultura universal já não estavam lá dentro do bloco de mármore, à
espera de quem as revelasse? Ou, em se tratando de aprendizes
incompetentes, que nada sairá senão pedaços informes da pedra?
Assim também a sucessão presidencial.
São tantas as promessas de Dilma e de Aécio, mas ambos ainda estão
diante de um bloco de mármore, no caso, o Brasil. Caberá ao vencedor dar
forma real aos seus discursos, mas estarão eles inspirados por Fídias ou Michelangelo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário