04/11/2014
às 5:59
O
PT, finalmente, fala a verdade — pode não ser toda ela, mas é parte
dela ao menos. Nesta segunda, a Comissão Executiva Nacional do partido
divulgou uma resolução espantosa (clique aqui para
ler a íntegra). Trata-se de um dos textos mais rancorosos e
esquerdopatas desde que o partido chegou ao poder, em janeiro de 2003.
Vale dizer: 12 anos no comando do país, com chance de chegar a 16, não
aplacaram, como diria o poeta, a fúria do algoz. Ao contrário. O texto
tem, reitero, ao menos a virtude da sinceridade:
a: deixa claro que a disposição para o diálogo do governo Dilma é uma farsa;
b: confessa que seu objetivo é promover o que chama “revolução cultural” para construir a “hegemonia”;
c: evidencia que o objetivo da reforma política é mesmo aniquilar ou subordinar as demais vozes da sociedade.
Eu nunca tive dúvida a respeito desses propósitos. Mas havia quem tivesse. Agora, não precisa ter mais. Os petistas o confessam.
Entre
outras barbaridades, pode-se ler no documento: “A oposição, encabeçada
por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu
nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o
ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”. Uma única
mentira constrange; uma borrasca delas assume certo tom de comicidade.
Note-se que não vai acima o perfil de um partido adversário, mas o de
uma força que tem de ser eliminada.
Esse é o
partido que terá o comando do governo, ao qual pertence a presidente
Dilma Rousseff, que diz querer o “diálogo” com a oposição. Mais: Aécio
obteve 48,36% dos votos — 51.041.155. Quer dizer que metade do
eleitorado votou no racismo, no machismo, no ódio, na intolerância e na
nostalgia da ditadura? Um texto como esse é um acinte e um disparate.
Essa gente está no comando do país, o que explica muita coisa.
Reitero,
no entanto, que não falta à resolução ao menos a virtude da sinceridade.
O texto confessa: “É urgente construir hegemonia na sociedade, promover
reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a
democratização da mídia”.
O leitor
pouco familiarizado com alguns termos próprios da política pode não
identificar, mas o PT está se referindo à “revolução gramsciana”, numa
referência ao teórico comunista italiano Antonio Gramsci. Na mesma
resolução, o partido deixa claro: “Para transformar o Brasil, é preciso
combinar ação institucional, mobilização social e revolução cultural”.
O que é
“hegemonia”? É a ditadura perfeita. Prefiro citar o próprio Gramsci, que
a definiu como ninguém. Para que você entenda a referência, é preciso
saber que ele chamava o partido que comandaria a sociedade como o
“Moderno Príncipe”. Leiam o que escreveu:
“O Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele. O Moderno Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”.
Entenderam?
A revolução cultural gramsciana, que conduz à hegemonia, esta que o PT
agora diz abertamente querer, faz do “partido” a única verdade possível.
Desaparecem os valores e a moral. Será crime o que o partido definir
que é crime. Será virtude o que o partido definir que é virtude. Toda
ação, diz Gramsci, deve ser analisada apenas segundo um critério: ela
serve para aumentar o poder do partido ou para combatê-lo? Se servir
para aumentar, não importa o que seja, é bom; se servir para combatê-lo,
não importa o que seja, é ruim.
Mensalão, aloprados, roubalheira na Petrobras??? Aumentam o poder do partido? Então são virtudes.
E o PT dá o caminho da sua busca pela ditadura perfeita. Está lá na resolução:
- reforma política, precedida de um plebiscito, através de uma Constituinte exclusiva;
- democracia na comunicação, com uma Lei da Mídia Democrática — isso quer dizer “censura”;
- retomada do projeto que entrega a administração federal a conselhos populares.
A
resolução do PT retira a máscara do segundo governo Dilma e deixa claro
que aqueles que embarcarem nessa conversa estarão pondo a corda no
próprio pescoço. Assim, tudo o que os políticos comprometidos com a
democracia representativa puderem fazer para que os petistas não assumam
o comando da Câmara deve ser feito.
Para
encerrar, observo: não se iludam os líderes do PMDB. O partido está na
mira da “revolução cultural” petista, cuja hegemonia, obviamente, só
poderia ser conseguida com a destruição da legenda aliada.
Espalhem o texto. Agora não há mais disfarce. É projeto ditatorial mesmo! Mas não vão conseguir.
PS: Aí o
idiota diz: “O Reinaldo acha que o PT é comunista!”. Não! Eu não acho!
Quando vejo Lula e Zé Dirceu, penso em outros tipos… Em comunistas, não!
Nunca disse que o PT é comunista. Digo que é autoritário com pretensões
totalitárias. Isso, eu digo.
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