Como se previa, o nome da presidente Dilma Rousseff apareceu finalmente
num dos processos contra a Petrobras, o movido pela cidade de
Providence, capital do estado americano de Rhode Island, que alega ter
tido prejuízos na compra de ações da Petrobras devido ao esquema de
corrupção na estatal brasileira.
Como uma das “pessoas de interesse
da ação”, ela ainda não é ré no processo, mas poderá vir a ser se no
decorrer das apurações ficar provado que ela sabia do que estava
acontecendo na estatal quando assinou folhetos de propaganda para vender
ações no mercado internacional, ou se tiver sido negligente.
Ela e
mais algumas autoridades brasileiras e membros do Conselho de
Administração da Petrobras que presidiu estão arrolados no processo, e
mesmo que tenha imunidades que a impeçam de depor no processo, a
presidente Dilma ficará no mínimo sujeita às pressões de escritórios de
advocacia americanos em busca de um bom acordo.
É mais um percalço
político para uma presidente que em vez de estar em lua de mel com seu
eleitorado e os partidos que apoiaram sua reeleição, passa por maus
momentos especialmente dentro de seu próprio partido, o PT.
Já aparecem
relatos de que a presidente Dilma estaria deprimida, e que teria até
mesmo chorado recentemente, depressão atribuída por pessoas próximas às
dificuldades por que vem passando na montagem de seu novo ministério. A
presidente confessou depois que se sentia muito sozinha.
Diante da
intenção de dar novos ares a um segundo mandato, fazendo um governo mais
com a sua cara do que a de Lula ou do PT, a presidente teria sucumbido
diante das pressões partidárias, e ela própria não estaria satisfeita
com o resultado até aqui.
Não combina com a imagem de Dilma esse choro
quase-público, mas a humanizaria e daria pelo menos a sensação a nós
outros que estamos de fora desse processo de montagem do novo governo a
sensação de que a presidente pelo menos estaria tentando fazer algo de
novo.A presidente confessou depois que se sentia muito sozinha.
Por
que é estarrecedor ver-se o resultado final da parte já definida do
ministério, fruto da mesma prática deletéria de escolher um partido para
cada ministério, sem levar em conta a capacidade do escolhido ou sua
especialização na área que comandará.
A situação é tão trágica que um
partido como o PRB, da Igreja Universal, se sente em condições de
ameaçar ir para a oposição caso o ministério dos Esportes não vá mesmo
para o pastor George Hilton, um completo ignorante na área, tão ou mais
que seu padrinho o pastor Marcelo Crivela, que confessou não saber nem
mesmo reconhecer uma minhoca quando foi indicado para a pasta da Pesca.
O
maior problema para Dilma parece ser mesmo o ex-presidente Lula, que
não estaria nada satisfeito com a liberdade que ela ensaia na escolha do
ministério, depois de ter conseguido convencê-la de que teria que
colocar na Fazenda um economista ortodoxo e fiscalista para tentar se
aproximar do mercado financeiro e dar segurança aos eventuais
investidores.
A verdade é que Dilma jamais seria presidente da
República se não tivesse passado na cabeça de Lula essa ideia magistral
de lançar uma mulher, ainda por cima apresentá-la ao eleitorado como
grande gestora. Os fatos o desmentiram, mas o imaginário popular ainda
está dominado pela fantasia de que o PT é o partido que cuida melhor dos
pobres e desemparados, o que bastou para uma vitória apertada.
Uma
vitória eleitoral que trouxe uma derrota política para o PT, pois os
fatos teimam em continuar desmentindo o que foi dito na campanha
eleitoral, tendo como carro-chefe o escândalo da Petrobras que está
destruindo a estatal por dentro sem que se tome uma providência para
reverter o quadro.
Todos os aumentos de preços negados estão sendo
anunciados dia após dia, e até mesmo a abertura de capital da Caixa
Econômica já foi admitida pela presidente que acusava seus adversários
de quererem acabar com os bancos públicos.
Para cúmulo de seus
azares, a própria presidente Dilma dias atrás foi traída por um reflexo
freudiano e anunciou que tomará “medidas drásticas” na economia, o mesmo
que acusou seu adversário de tramar caso fosse eleito. A ponto de tê-lo
inquirido no primeiro debate entre os dois: “Quais são as medidas
impopulares que o senhor vai tomar se for eleito?”.
Só mesmo chorando.
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