quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Juiz ordena investigação de Cerveró por lavagem e ocultação de bens


  14/01/2015 17h46


Substituto no processo da Lava Jato autorizou a prisão do ex-diretor.
Na decisão, Marcos Josegrei afirmou que havia possibilidade de fuga.

Camila Bomfim Da TV Globo
Na decisão que autorizou a prisão preventiva do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o juiz Marcos Josegrei determina a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigar atos de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial. Segundo ele, esses atos "vêm sendo praticados nos últimos meses até esta data por Nestor Cerveró".


Substituto do juiz responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro, que está em férias, Josegrei também autorizou a PF a obter os valores comerciais dos imóveis do ex-diretor no Rio de Janeiro transferidos para parentes.


Cerveró foi preso pela PF na madrugada desta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, quando chegava de viagem de Londres. Ele já havia sido denunciado por crimes investigados na Lava Jato. Conforme o inquérito, os ilícitos financeiros cometidos pelo ex-diretor ocorreram entre 2006 e 2012.



No despacho que autorizou a prisão, Josegrei aargumenta que havia indício de que Cerveró poderia fugir do país.



"[Cerveró] parece mesmo não enxergar limites éticos e jurídicos para garantir que não sofra as consequências penais de seu agir, o que pode, no limite, transbordar para fuga pessoal caso perceba a prisão como possibilidade real e iminente", escreveu o juiz no despacho.



Josegrei também afirma que Cerveró realizou a transferência dos imóveis para proteger o próprio patrimônio. Ele relatou o que apontou como discrepância entre os valores declarados pelo ex-diretor e os valores comerciais dos imóveis.
Cerveró afirmou ter dois imóveis – um de R$ 160 mil e outro de R$ 200 mil –, em Ipanema, bairro nobre do Rio. O juiz destaca: "Para se ter uma ideia, o valor de avaliação judicial feita sobre o apartamento 201 do mesmo edifício em 3 junho de 2013 foi de R$ 2,3 milhões".



Na decisão, também é descrita a  tentativa de saque, em 16 de dezembro de 2014, de quase R$ 500 mil de um fundo de previdência privada com imediata transferência da quantia para a filha do ex-diretor.



O despacho reforça que Cerveró, na condição de diretor internacional  da Petrobras, teria dado causa ao oferecimento de propina no valor de US$ 53 milhões, cuja entrega fora intermedidada por Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, preso durante a Operação Lava Jato. O texto também aponta o ex-diretor como responsável por "lavar" o dinheiro correspondente à propina.



"Em duas operações envolvendo a Petrobras, há indícios suficientes para o recebimento da denúncia que apontam no sentido de que ele [Cerveró] tenha sido diretamente beneficiado, juntamente com Fernando Baiano, pelo recebimento de vantagem indevida no total de US$ 40  milhões", escreveu Josegrei.


Para o juiz, "o desfrute é consequência lógica de quem recebe grandes somas de dinheiro". Ele também afirmou que Cerveró mora em apartamento de R$ 7,5 milhões, de propriedade de uma empresa offshore.

Ainda nesta quarta, a juíza federal Gabriela Hardt intimou Nestor Cerveró a participar de audiência na sede da Justiça Federal do Paraná no próximo dia 13 de fevereiro. A juíza é substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, da qual o titular é Sérgio Moro, que está em férias.

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