Pedro do Coutto
O temor de ser assaltado, principalmente no verão, quando os roubos sempre aumentam, está alarmando tanto a população do Rio de Janeiro quanto a de São Paulo. O tema é destacado na edição de ontem da Folha de São Paulo pela repórter Ligia Mesquita, ao relatar o clima de apreensão que envolve frequentadores das praias do Guarujá.
São tantos e tão seguidos os arrastões que os banhistas, grande parte dos quais procedentes da capital do estado passaram a deixar seus pertences em lugares seguros, para não expô-los à sanha dos ladrões, cada vez mais ousados, que partem para se apoderar dos objetos que não lhes pertencem.
A situação no Rio não é diferente. Ao contrário, pelas incidências dos roubos é provavelmente maior. Por uma razão muito simples, as praias cariocas são muitas e intensamente frequentadas nos dias de sol.
Principalmente a do Arpoador atrai os assaltantes em busca de cordões, bolsas celulares e dinheiro. Aos domingos verdadeiras hordas descem dos ônibus aos gritos no Posto 6, colocando em destaque o impulso à agressividade que os conduz e preparando-os para as tentativas de assalto a que se propõem maleficamente. A necessidade de reforço do policiamento é evidente para desestimular os inimigos da lei, mas não apenas o aumento das tropas, mas sobretudo a sua mobilidade.
No posto 6, a Avenida Rainha Elizabeth e as Ruas Joaquim Nabuco e Francisco Otaviano formam um perímetro que se torna alvo nas ações de pivetes em bando. Na noite de 31 de dezembro, entretanto, como a força policial era grande e evidente, poucos casos de roubo se verificaram.
Isso prova que a Polícia em geral, colocada de forma aparente, como não podia deixar de ser, bloqueia as ações de roubos e furtos. Mas a questão é que nos demais dias o risco é sempre bastante alto.
Se compararmos as praias cariocas de hoje com as de vinte ou trinta anos atrás vamos verificar contraste: a sensação de temor generalizada aumentou na mesma proporção do crescimento dos delitos. A violência urbana é um fato e seu reflexo projeta-se na economia de modo geral.
CONSUMO DE DROGAS
A população do Rio, hoje em torno de 7 milhões de habitantes, é três vezes maior que a de sessenta anos atrás e o consumo de drogas estruturou-se de uma forma difícil de combater, criando um câmbio interno para os objetos roubados. Os ladrões acham que trocarão o valor dos roubos praticados por drogas de valor mais alto, nas revendas. Ou então que com os roubos vão poder consumir drogas que alimentam seu vício.
Dentro desse quadro, o esforço policial, sobretudo o da PM, necessita ser maior e mais preparado para o combate que se projeta a partir de pontos localizados nas favelas da cidade. Junto com o tráfico de drogas verifica-se o de armas, inclusive armamentos pesados. O desafio está colocado mais uma vez para o governo do Rio de Janeiro com base nas UPPs, as quais, de uns tempos para cá passaram até a ser alvejadas por bandidos. Há necessidade de esforço conjunto enorme, que começa a partir do consumo e termina no confronto entre a polícia e o crime.
A população do Rio espera, com ansiedade, providências urgentes e concretas para que as pessoas possam exercer seu direito de sair de casa com tranquilidade e segurança.
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