quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Derrota mostra governo dividido entre Wagner e Mercadante


Deu no Correio Braziliense


A derrota do Planalto com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara escancarou a divisão de estilo entre o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro da Defesa, Jaques Wagner, principais expoentes da nova articulação política da presidente Dilma Rousseff. Wagner tentou costurar, até o último momento, uma aliança entre PT e PMDB na Câmara, na tentativa de impedir o embate entre Cunha e Arlindo Chinaglia (PT-SP), enquanto Mercadante optou pelo confronto e apostou na mobilização dos demais ministros, como Cid Gomes (Educação) e Gilberto Kassab (Cidades), para ajudar a esvaziar o PMDB e reverter casos de infidelidade na base aliada, já que os sinais de debandada pró-Cunha se tornavam nítidos.


A estratégia deu errado.


O governo ainda tenta digerir as traições internas, já que Chinaglia teve menos votos do que poderia na coligação partidária que o apoiou formalmente. Isso sem levar em conta o PP e o PRB, que comandam os ministérios da Integração Nacional e do Esporte, respectivamente, e apoiaram oficialmente Eduardo Cunha.

A presidente Dilma Rousseff, que montou a Esplanada dos Ministérios para garantir a fidelidade da própria base de sustentação, sentiu o impacto da própria fragilidade e agora terá de ter cuidado redobrado, pois a derrota política poderá transformar-se em derrota econômica.


UM ANO DIFÍCIL…
O ano será difícil, e é preferível, na visão de estrategistas da petista, distensionar os ânimos para não atrapalhar iniciativas legislativas importantes, como a prorrogação, por mais quatro anos, da Desvinculação das Receitas da União (DRU), e as mudanças no seguro-desemprego e nas regras de pensões (veja quadro).


Ontem, Mercadante disfarçou a derrota na Câmara, manifestando certa indiferença sobre a eleição de Cunha. “Na Câmara, houve a disputa entre as duas principais bancadas. Essa é uma Casa política. Tem votação, a gente ganha ou perde. O importante é manter o diálogo e a disposição de construção de uma agenda que o país precisa”, desconversou.

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