(Estadão) Na tentativa de recompor sua base de apoio no Congresso após a derrota
que sofreu na eleição para a presidência da Câmara, a presidente Dilma Rousseff
cedeu à pressão dos partidos e aceitou que eles indiquem os dirigentes de
estatais e autarquias e outros órgãos ligados aos ministérios que dirigem. No
jargão político, esse tipo de ocupação de espaço é chamado de "ministério
com porteira fechada".
De acordo com informações
de bastidores do governo, Dilma pediu aos dirigentes partidários que se
entendam e não queiram invadir o espaço do outro. Quando isso ocorrer, eles
deverão levar até o Planalto a lista com os nomes dos indicados para os cargos
de segundo e terceiro escalões. A Casa Civil fará, então, uma triagem entre as
escolhas técnicas e políticas para depois anunciar os contemplados.
Mesmo com a recomendações
de Dilma, há disputa entre os partidos pelo controle de órgãos considerados
importantes para a visibilidade das legendas. É o caso do Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas (Dnocs). O PMDB, tendo à frente o presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL), e o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo
Alves (RN), lutam para manter Walter Sousa à frente da autarquia. O PP, que
controla o Ministério da Integração Nacional, exige nomear para a
diretoria-geral d0 Dnocs o ex-deputado Paulo Henrique Lustosa, do Ceará.
Compensação. O PP perdeu o Ministério das Cidades para o PSD de Gilberto Kassab e
foi um dos primeiros a exigir a compensação da "porteira fechada" à
presidente. Para dar o recado, a sigla apoiou a candidatura do peemedebista
Eduardo Cunha contra o candidato oficial, o petista Arlindo Chinaglia (SP).
Como Dilma saiu derrotada na Câmara, ela não perdeu tempo e mandou dizer ao
presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), que atenderá às
reivindicações do partido.
As reclamações pela perda
de espaço é grande também na tendência petista Construindo um Novo Brasil
(CNB), à qual pertencem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro
José Dirceu, condenado no processo do mensalão. Por ter recebido poucos
ministérios, a CNB exige da presidente a nomeação de seus integrantes para
cargos nas estatais. Um deles é a ex-ministra Miriam Belchior, que perdeu o
Ministério do Planejamento. Os petistas querem que ela seja nomeada para a
presidência da Caixa Econômica Federal. Outro é o ex-deputado Roberto Carlos
Braga, que disputou e perdeu o governo do Espírito Santo. Dilma já recebeu da
ala petista o pedido para que ele seja nomeado para a Companhia Docas do Estado
(Codesa).
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