Veja números e problemas da Petrobras na gestão Graça Foster.No acumulado de 2014, a perda com o chamado custo de oportunidade desperdiçada teria superado os R$ 10 bilhões.
Executiva assumiu presidência da estatal em fevereiro de 2012.
Desde lá, ações caíram mais de 60% e empresa encolheu R$ 225 bilhões.
Os anos de gestão Graça Foster na Petrobras foram marcados não só pelo “maior caso de corrupção
da história do Brasil", conforme definiu o procurador do Tribunal de
Contas da União (TCU), Julio Marcelo de Oliveira, como também pelo
acúmulo de uma série de números negativos da petroleira.
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Nesse período, subiram os gastos com importação de combustíveis, o
endividamento da petroleira explodiu, o lucro caiu, as ações despencaram
na bolsa e o valor de mercado da companhia derreteu.- Ex-gerente da Petrobras diz ter alertado Graça Foster pessoalmente
- Graça Foster reafirma que ex-gerente não foi clara em relação a denúncias
- Após adiar 2 vezes, Petrobras divulga balanço sem baixas por corrupção
- Cálculo havia apontado perda de R$ 88,6 bilhões, segundo Graça Foster
- Petrobras reduz investimentos e desacelera ritmo de projetos
- Entenda a operação Lava Jato
De fevereiro de 2012 a dezembro de 2014, as ações da Petrobras se desvalorizaram mais de 60% e a companhia encolheu mais de R$ 200 bilhões na bolsa, caindo para o 4º lugar no ranking das maiores da Bovespa.
Ações em queda
Cotação dos papéis preferenciais da Petrobras, em R$
Já o endividamento líquido da Petrobras passou de um patamar de R$ 100 bilhões no início de 2012 para mais de R$ 260 bilhões no final de setembro de 2014, segundo o último balanço divulgado – o que levou a Petrobras a ganhar o título de “petroleira de capital aberto mais endividada do mundo”.
Veja gráficos abaixo
Embora a maior parte dos problemas tenham sido gerados os agravados por decisões feitas antes da chegada de Graça Foster à presidência da estatal, a executiva acabou perdendo as condições políticas para se manter no cargo após as denúncias da operação Lava Jato envolvendo a Petrobras. Graça Foster não foi, até o momento, implicada diretamente nas investigações, mas acabou enfraquecida pela repercussão do caso.
Cobrança de demissão
A oposição passou a cobrar a demissão de Graça Foster após vir à tona que a cúpula da petroleira foi alertada diversas vezes sobre a ocorrência de irregularidades em contratos da estatal.
Graça Foster acabou perdendo as condições politicas para ficar no cargo (Foto: Reprodução: TV Globo)
Segundo denúncia da ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca, apesar de ter sido alertada sobre irregularidades, a direção da empresa não agiu para conter os desvios bilionários e ainda destituiu de seus cargos os executivos que tentaram barrar o esquema de corrupção.
Graça Foster nega a acusação e afirma que Venina não foi clara em relação às denúncias de irregularidades e que em um e-mail longo enviado em outubro de 2011 não mencionou em "nenhum momento" corrupção, fraude, cartel ou conluio.
Petrobras encolhe
Valor de mercado, em R$ bilhões
Fonte: Economatica
A situação da dirigente da petroleira piorou, entretanto, após a divulgação do balanço do 3º trimestre. Segundo o blog do Camarotti, Dilma ficou contrariada com a intenção do conselho de administração da Petrobras de divulgar balanço com baixa contábil de R$ 88 bilhões, incluindo as perdas por desvios em corrupção. A presidente da República atuou pessoalmente para retirar do balanço esse dado.
O balanço foi divulgado sem as baixas contábeis, mas a empresa acabou dando uma sinalização do tamanho das baixas que poderá ter que registrar, ao declarar que a avaliação de 52 empreendimentos em construção ou em operação citados na Lava Jato estão com valor contábil mais de R$ 60 bilhões acima de seu valor justo.
Funcionária de carreira
Maria das Graças Silva Foster assumiu a presidência da petroleira em 13 de fevereiro de 2012. Ela foi a escolhida para substituir José Sérgio Gabrielli, que estava há sete anos no comando da empresa, indicado pelo governo Lula.
Funcionária de carreira da Petrobras, Graça Foster ingressou na estatal em 1978 e se tornou a primeira mulher do mundo a comandar uma empresa de petróleo de grande porte.
Ela foi eleita pela revista norte-americana “Fortune” a executiva mais poderosa fora dos EUA e ficou em 4º lugar no ranking mundial.
Dívida em alta
Evolução do endividamento líquido, em R$ bilhões
Fonte: Petrobras
Prejuízos
O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estima que, desde 2012, a companhia deixou de ganhar mais de R$ 48 bilhões em função da defasagem dos preços da gasolina e do diesel vendidos no Brasil, em relação aos valores internacionais.
No acumulado de 2014, a perda com o chamado custo de oportunidade desperdiçada teria superado os R$ 10 bilhões.
Evolução da produção
Média diária, em milhões de barris
Fonte: Petrobras
No acumulado de janeiro a setembro de 2014, o lucro foi de R$ 13,439 bilhões, uma queda de 22% frente ao mesmo período do ano passado.
Dados positivos
De números positivos, a Perobras sob a gestão de Graça Foster conseguiu registrar sucessivos recordes no pré-sal. A produção de petróleo também voltou a crescer após quase dois anos estagnada.
No acumulado de 2014, a produção diária foi de 2,6 mil barris, alta de 3% em comparação com 2013.
A companhia também informou ter registrado no ano passado o 6º recorde anual sucessivo de processamento e de produção de derivados.
Lucro em queda
Resultado financeiro líquido, em R$ bilhões
Fonte: Petrobras
O descompasso entre o crescimento da produção da Petrobras e do consumo de combustíveis no Brasil, no entanto, continua obrigando a companhia a importar gasolina e diesel.
Desde 2011, o país voltou a consumir mais do que produz, perdendo a autossuficiência, comemorada pela Petrobras e pelo governo em 2006, quando a produção de petróleo equiparou-se ao volume de derivados consumidos à época no país (ainda que tenha sido mantida a necessidade de importação de algum volume de combustível).
A previsão de Graça Foster era que a Petrobras poderia reconquistar a autossuficiência em volume de petróleo produzido (quando esse volume alcança o de combustíveis consumidos) em 2015.
No final de janeiro, no entanto, a Petrobras anunciou que teria de reduzir os investimentos e desacelerar o ritmo de projetos de exploração e refino em razão da atual situação financeira da companhia.
Dificuldades de caixa
A Petrobras enfrenta dificuldades de caixa para financiar os seus novos projetos e já admitiu que terá que rever mais uma vez o seu plano de negócios.
A empresa previa investimentos de US$ 220,6 bilhões para o período entre 2014 e 2018. No plano estratégico anterior, de 2013 a 2017, eram previstos US$ 236,7 bilhões.
Para complicar ainda mais o cenário de "inferno astral", os preços do petróleo caíram para níveis de 2009, abaixo dos US$ 50, o que diminui a rentabilidade de projetos no pré-sal.
Denúncias
Os negócios da Petrobras começaram a ficar sob suspeita a partir de indícios de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e de pagamento de propina a funcionários da petroleira pela companhia holandesa SBM Offshore.
Mas foram as suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, que colocaram a companhia de vez nas páginas policiais.
Segundo o TCU, o negócio causou à estatal um prejuízo de US$ 792,3 milhões. Em decisão preliminar, o TCU determinou, em 2013, o bloqueio dos bens de 11 atuais e ex-diretores da estatal, entre eles o antecessor de Graça Foster na presidência da empresa, José Sérgio Gabrielli.
A executiva admitiu que a compra da refinaria nos EUA "não foi um bom negócio", mas afirmou que, na época, a aquisição foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Administração e estava dentro da diretriz da estatal de expandir o refino de óleo no exterior.
Membros do TCU defenderam o bloqueio de bens de Graça Foster em razão dos prejuízos com Pasadena, mas o julgamento do pedido já foi adiado 3 vezes.
Opeação Lava Jato
A operação Lava Jato foi deflagrada em março do ano passado e dois ex-diretores da Petrobras tiveram a prisão decretada, além de executivos e sócios de construtoras e doleiros.
Segundo as investigações, diretorias da estatal fraudavam contratos com empresas fornecedoras para obter o pagamento de propinas.
A Justiça já aceitou a denúncia de dezenas de investigados. Informações divulgadas pelo Ministério Público Federal (MPF) apontam que os crimes investigados pela Lava Jato desviaram ao menos R$ 2,1 bilhões da Petrobras.
Até o momento, a procuradoria apresentou 18 acusações criminais contra 86 pessoas por crimes como corrupção, contra o sistema financeiro, tráfico internacional de drogas, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Fora do Brasil, a Securities and Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de capitais no país, abriu uma investigação sobre a Petrobras. A empresa ainda enfrenta ações movidas por acionistas nos Estados Unidos que acusam empresa de ter divulgado informações enganosas e de ter superfaturado o valor de suas propriedades.
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