(O Globo) O empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto (foto, à esquerda), do grupo Toyo Setal,
confirmou em audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba, realizada na
segunda-feira, que o então diretor da área de Engenharia e Serviços da
Petrobras, Renato Duque, mandou pagar parte da propina negociada nos
contratos fechados com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT.
Segundo ele, no total, as propinas pagas em dois contratos fechados pela
empresa somaram cerca de R$ 60 milhões. Os pagamentos de propina a
Duque eram feitos em dinheiro vivo, remessas ao exterior e doações
oficiais ao PT, explicou. O empresário entregou à Polícia Federal
depósitos realizados ao PT no valor de R$ 4,26 milhões. — O diretor Duque me pediu que fizesse contribuições ao PT decorrente
da comissão que havia negociado com ele — afirmou Mendonça Neto.
A Setal fechou dois contratos com a Petrobras nos quais foram pagas
propinas. Um deles na Refinaria Duque de Caxias, em parceria com a MPE
Montagens Industriais, e o outro na Refinaria Presidente Vargas, no
Paraná, no qual a Setal integrou um consórcio com a empreiteira Mendes
Junior e a MPE Montagens Industriais. Segundo ele, os contratos foram
fechados em 2007 e a propina foi paga durante a execução do contrato,
que durou até 2011.
As
notas de depósitos depósitos em contas do PT mostram que R$ 600 mil
foram "doados" ao diretório do PT de Salvador pela Setec, uma das
empresas de Mendonça Junior. Outras duas empresas do Grupo, a SOG Óleo e
Gás e PEM Engenharia, depositaram R$ 3,660 mil entre 2010 e maio de 2012 na
conta do PT Nacional.
Mendonça Neto afirmou que nunca teve contato com um político do PT,
embora negociasse diretamente e tenha sido pressionado por José Janene,
do PP-PR, um dos condenados do Mensalão. O deputado faleceu em 2010. O
empresário disse que Janene era bastante duro e que viu ele colocar um
interlocutor a tapas para fora do escritório que mantinha na Rua
Jerônimo da Veiga, no Itaim, em São Paulo.
— Ele tinha um jeito bastante duro de conversar. Sempre dizia: é uma
coisa de vocês, vocês vão acabar tendo problema no contrato - disse
Mendonça Neto, explicando que a ameaça era que o diretor de
Abastecimento prejudicasse a empresa, como de fato ocorreu num contrato
na Reduc.
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