Folha
Às vésperas das eleições britânicas, uma reportagem deixou em maus
lençóis os dois partidos que se revezam no governo de Sua Majestade
desde 1922. Jornalistas do diário “Daily Telegraph” e da emissora
Channel 4 procuraram parlamentares conservadores e trabalhistas com uma
proposta indecorosa.
Eles se identificaram como representantes de uma empresa chinesa em busca de ajuda para expandir os negócios no Reino Unido. Os repórteres frisaram que a companhia estava “cheia de dinheiro” e precisava de aliados “influentes” no poder.
DOIS EX-CHANCELERES
O discurso seduziu dois medalhões que já exerceram o cargo de ministro das Relações Exteriores: o conservador Malcolm Rifkind e o trabalhista Jack Straw. Eles se animaram tanto que toparam o convite sem sequer checar se a tal empresa existia – e tudo era fictício, do nome à suposta sede em Hong Kong.
Uma câmera escondida flagrou os dois políticos negociando o cachê e explicando como poderiam usar o mandato para favorecer clientes.
Rifkind prometeu obter informações de ministros e marcar reuniões com embaixadores. “Isso abre canais de acesso muito úteis”, gabou-se. Straw disse atuar “abaixo do radar” e contou ter forçado a mudança de uma norma da União Europeia para beneficiar um contratante.
SUSPENSÃO IMEDIATA
Os dois foram suspensos de seus partidos após a publicação da reportagem, no domingo. O Channel 4 exibiria um programa especial sobre o caso na noite de segunda, com o título de “Políticos de aluguel”.
Em todo o mundo, há empresários e parlamentares dispostos a negociar à margem da lei. A diferença não está nas virtudes dos indivíduos de cada país, e sim na eficácia das instituições para puni-los, como deve acontecer no Reino Unido.
No Brasil, a prisão de empreiteiros acusados de corrupção foi uma boa surpresa. Mas o sucesso da Lava Jato ainda depende de seus efeitos no outro lado do balcão: o dos políticos que alugaram seus mandatos.
Eles se identificaram como representantes de uma empresa chinesa em busca de ajuda para expandir os negócios no Reino Unido. Os repórteres frisaram que a companhia estava “cheia de dinheiro” e precisava de aliados “influentes” no poder.
DOIS EX-CHANCELERES
O discurso seduziu dois medalhões que já exerceram o cargo de ministro das Relações Exteriores: o conservador Malcolm Rifkind e o trabalhista Jack Straw. Eles se animaram tanto que toparam o convite sem sequer checar se a tal empresa existia – e tudo era fictício, do nome à suposta sede em Hong Kong.
Uma câmera escondida flagrou os dois políticos negociando o cachê e explicando como poderiam usar o mandato para favorecer clientes.
Rifkind prometeu obter informações de ministros e marcar reuniões com embaixadores. “Isso abre canais de acesso muito úteis”, gabou-se. Straw disse atuar “abaixo do radar” e contou ter forçado a mudança de uma norma da União Europeia para beneficiar um contratante.
SUSPENSÃO IMEDIATA
Os dois foram suspensos de seus partidos após a publicação da reportagem, no domingo. O Channel 4 exibiria um programa especial sobre o caso na noite de segunda, com o título de “Políticos de aluguel”.
Em todo o mundo, há empresários e parlamentares dispostos a negociar à margem da lei. A diferença não está nas virtudes dos indivíduos de cada país, e sim na eficácia das instituições para puni-los, como deve acontecer no Reino Unido.
No Brasil, a prisão de empreiteiros acusados de corrupção foi uma boa surpresa. Mas o sucesso da Lava Jato ainda depende de seus efeitos no outro lado do balcão: o dos políticos que alugaram seus mandatos.
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