Com a
maioria das lideranças patinando na lama dos escândalos do mensalão e
petrolão, os petistas tiveram que se socorrer do time reserva. Não se
espere grande coisa da "nova tigrada". Sibá Machado é um encrenqueiro da
selva; José Guimarães é irmão do mensaleiro Genoino e teve seu
secretário preso com dinheiro na cueca; Luiz Sérgio, relator da
Petrobras, que já foi carregador de outro mensaleiro, José Dirceu, é um
serviçal do partido, alcunhado de "garçon". Eu vou é chamar o Lombroso:
O Partido
dos Trabalhadores é o mais importante do Brasil: comanda a Presidência
da República há 12 anos, elegeu a bancada mais numerosa da Câmara dos
Deputados e possui o maior número de filiados. Ainda assim, dentre os
muitos sinais da decadência recente da sigla estão a falta de renovação
de líderes. A cúpula petista na Câmara é o melhor exemplo disso.
Hoje, os
três homens mais influentes do Partido dos Trabalhadores na Casa não são
figuras respeitadas por sua experiência nem jovens lideranças em
ascensão. A elite do PT é composta por nomes oriundos do banco de
reservas. O trio é formado por Sibá Machado (AC), o líder do PT, José
Guimarães (CE), líder do governo, e Luiz Sérgio (RJ), o relator da CPI
da Petrobras.
Sibá
chegou à liderança do PT depois de vencer apenas duas eleições na vida. A
primeira foi em 2010, também para a Câmara. Até então, ele havia feito
carreira em cargos de confiança do partido em seu Estado. Passou uma
temporada no Senado durante o governo Lula porque era suplente de Marina
Silva, escolhida como ministra do Meio Ambiente. Dentre seus momentos
mais marcantes, está sua renúncia à presidência do Conselho de Ética
exatamente quando o colegiado se preparava para julgar o pedido de
cassação contra Renan Calheiros (PMDB-AL).
Quem
passou o bastão para Sibá foi outro nome que, até pouco tempo atrás,
fazia parte do segundo time da bancada: Vicentinho (SP). Embora tenha
uma carreira mais longa do que dos três acima, o deputado nunca foi um
líder entre seus pares. Seu histórico diz tudo. No auge da crise do
mensalão, por exemplo, Vicentinho subiu à tribuna para acusar o colega
Pauderney Avelino (DEM-AM) de racismo. O deputado amazonense havia usado
as expressões "noite negra" e "denegrir". "Não podemos permitir que
determinadas palavras desqualifiquem uma raça", argumentou o petista.
Há dez
anos, José Guimarães era um deputado estadual quando seu principal
assessor foi preso em um aeroporto com dinheiro na cueca. O líder
petista tem outra peculiaridade: é irmão de José Genoino, um dos nomes
fortes do PT no Congresso que acabou alijado do poder após o mensalão.
Já o
fluminense Luiz Sérgio chegou à Câmara há 16 anos, mas ainda não
conseguiu ver um de seus projetos aprovado. Uma das poucas virtudes
políticas do ex-carregador de malas do mensaleiro José Dirceu é a
capacidade de cumprir ordens sem se queixar – é apelidado de "garçom,
aquele que só anota pedidos –, o que explica sua passagem malsucedida
pela Secretaria de Relações Institucionais, seu rebaixamento para o
Ministério da Pesca e, agora, a escolha de seu nome para comandar as
investigações na CPI mais temida pelo governo.
A falta
de renovação e a ausência de peso político na linha de frente do PT na
Câmara tem mais de uma explicação.O natural e constante processo de
substituição de lideranças foi prejudicado por casos de corrupção que
derrubaram figuras como Antonio Palocci, José Dirceu, José Genoino e
João Paulo Cunha. Dois nomes que emergiram no período pós-mensalão
também caíram em desgraça: Cândido Vacarezza, que foi líder do governo
na Câmara, e André Vargas, que chegou a ser vice-presidente da Casa,
foram varridos por causa de seu envolvimento com personagens do
petrolão.
Dos seis
líderes mais importantes da Câmara, Sibá é o mais velho. Guimarães é o
segundo. O deputado acreano tem 57 anos; o colega cearense, 56. A
oposição, por exemplo, tem como líder o jovem Bruno Araújo, de 43 anos.
No PMDB, o escolhido foi Jorge Picciani, de apenas 34 anos. O do DEM é
Mendonça Filho, com 48. O do PSD, Rogério Rosso, com 46. O do PSB,
Fernando Coelho Filho, 31. O do PP, Eduardo da Fonte, 43. O líder do
PSDB, Carlos Sampaio, é o mais experiente: tem 52 anos
Os três
deputados do PT que se destacam pela experiência e desfrutam de algum
respeito entre os colegas foram parar em segundo plano. Arlindo
Chinaglia (SP) perdeu a disputa pela Presidência da Câmara depois de uma
articulação atrapalhada do governo. Henrique Fontana (RS) deixou a
liderança do governo porque o novo presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB), se recusava a negociar com ele. Marco Maia (RS) recusou a
relatoria da CPI da Petrobras por falta de disposição para exercer uma
função tão desgastante.
A falta
de figuras de destaque parece atingir também a cúpula do governo. Os
três ministros mais importantes do entorno da presidente Dilma
acumularam derrotas nos dois primeiros meses do segundo mandato. Aloizio
Mercadante, da Casa Civil, Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral, e Pepe
Vargas, de Relações Institucionais, estão entre as poucas pessoas com
acesso direto à chefe do Executivo. Caberia a eles tocar o dia a dia do
governo, especialmente o relacionamento com o Congresso e a sociedade. O
que se viu até agora, entretanto, foi uma articulação política débil,
que conseguiu não só perder a eleição para a Presidência da Câmara ainda
no primeiro turno como irritar o presidente eleito, Eduardo Cunha, e
desmoralizar um dos poucos quadros graduados do PT na Casa, Arlindo
Chinaglia.
Até mesmo
os caminhoneiros conseguiram deixar o governo na berlinda nesta semana,
depois que o Executivo fechou um acordo fictício com entidades que não
representavam o movimento grevista. E não há muitos sinais de que a
sorte do PT e do governo será muito diferente nos próximos meses.
(Veja.com).
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