Artigo de
Rodrigo Montoya, no jornal O Globo, analisa a grave situação da
Venezuela sob as botas do bolivarianismo e sua influência na Unasul.
Faltou dizer que o Brasil precisa cair fora desse ninho de tiranos onde
Lula e Dima o enfiaram:
A
qualidade da política internacional do regime revolucionário bolivariano
é comparável à de sua política econômica. Mas, enquanto as
consequências dos desacertos econômicos adquirem visibilidade cotidiana
por seu impacto sobre o bem-estar da população, os custos de um manejo
diplomático torpe podem passar desapercebidos por algum tempo para
amplos setores da opinião pública.
Alguns
desses custos começam a se tornar evidentes quando a percepção externa
de uma economia à beira da insolvência se agrega à imagem de um governo
impopular e mal-humorado.
Nicolás
Maduro respondeu de forma grosseira a três estadistas latino-americanos
em um fórum em Caracas sobreparticipação democrática. A intenção dos
ex-presidentes Andrés Pastrana, da Colômbia, e Sebastián Piñera, do
Chile, de visitar na prisão o dirigente da oposição Leopoldo López foi
rechaçada. As críticas formuladas ao regime, por meio de caricaturas e
artigos em publicações de Colômbia e Espanha, foram interpretadas como
uma conspiração internacional.
As
autoridades venezuelanas não parecem estar conscientes da deterioração
que sofreu a imagem do socialismo do século XXI. A hegemonia dos meios
de comunicação, que permite ao regime distorcer os acontecimentos em
nível interno, não serve para encobrir a descrição da atualidade
política e econômica nos meios de comunicação internacionais.
A chamada
guerra econômica é a que Maduro e seus cúmplices declararam aos
venezuelanos. O suposto golpe que atribuem à oposição democrática é, na
verdade, o que eles mesmos perpetraram contra o Estado de Direito, as
liberdades individuais e os direitos humanos.
Um
ingrediente do discurso anti-imperialista do regime é a acusação de que
os problemas de escassez e carestia na Venezuela têm origem num plano de
agressão econômica arquitetado a partir de Washington. Esse seria um
esforçosupérfluo por parte do governo dos Estados Unidos.
O projeto
de arruinar a economia venezuelana foi implementado, com riqueza de
competência, pelos ideólogos da revolução bolivariana, sem necessidade
de assistência externa.
O
presidente Obama autorizou o cancelamento de vistos e contas bancárias
de funcionários venezuelanosculpados de delitos contra os direitos
humanos. Considerando-se a violência oficial empregada para reprimir as
manifestações de desobediência civil, esta sanção pode ser considerada
moderada.
Mas, para
Maduro, a decisão equivale a uma agressão contra a Venezuela e
mereceria receber um tratamento multilateral. E encarregou
aosecretário-geral da Unasul como mediador entre seu governo e o de
Washington de tratar de normalizar a relação bilateral.
Teve a
perspicácia de entregar esta tarefa a um interlocutor que depende de
visto para ingressar nos Estados Unidos. Bem além do aspecto
procedimental, torna-se pertinente questionar a justificação da Unasul
como caixa de ressonância internacional do autoritarismo bolivariano.
A
hostilidade contra os Estados Unidos e a solidariedade com a repressão
não podem se converter na razão de ser da Unasul. Este é um tema que
adquire particular relevância para os governos comprometidos com a
defesa dos princípios da democracia liberal.
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