domingo, 10 de maio de 2015
Com Blog do Noblat - O Globo
A barulhenta reação durante programa de rádio e TV do
partido acendeu o alerta vermelho. Foi contra o PT. Contra o até então
intocável Lula
Em março de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criou a alcunha de “mãe do PAC” para sua ministra de Minas e Energia, Dilma
Rousseff. No palanque montado no Complexo do Alemão, no Rio, Lula anunciou R$ 1
bilhão em obras para as favelas cariocas, a serem tocadas pela gerente
implacável - que dois anos e oito meses mais tarde o sucederia no mais alto
posto do país.
Começava ali a construção da ficção Dilma, a afilhada dos
sonhos do ex que passou a assombrar o PT e o próprio Lula.
No mesmo palanque, Dilma se aprochegou do chefe e aceitou
publicamente o papel.
O temperamento irascível auxiliava na criação da imagem de
durona, exigente, intransigente. Faltava-lhe quase tudo que um presidente da
República precisa ter. Sobrava-lhe arrogância, característica que Lula, dono de
igual ou maior soberba, subestimou.
Naquele ano, Lula acabara de bater o primeiro de seus muitos
recordes de popularidade. Alcançara, segundo o Datafolha, 55% de aprovação que,
10 meses depois, chegariam a inacreditáveis 70%%, e em nada menos que 78% dois
meses antes das eleições. Seu governo chegou a obter 82% na soma de ótimo e
bom.
O céu – e a Constituição que lhe proibia disputar um
terceiro mandato consecutivo – era o limite. A solução segura era a fiel mãe do
PAC, que conduziria o governo sem criar sombras.
Deu tudo errado.
A pupila começou bem. No final de março de 2011 chegou a
desbancar o imbatível Lula, alcançando 56% de aprovação, o maior percentual de
um presidente no primeiro trimestre de mandato. Substituiu com sucesso a mãe do
empacado PAC pela faxineira que demitia corruptos do governo, ampliando ainda
mais sua popularidade.
Os números lhe subiram à cabeça, fazendo-a crer que era o
que não é.
Multiplicaram-se os desmandos, as políticas do atraso, as
besteiras. Interveio nos bancos e empresas estatais, desequilibrou o setor
elétrico, com consequências drásticas para o consumidor que hoje tem de pagar a
conta.
E está envolvida diretamente, ainda que por omissão, no
escândalo da Petrobras, o maior da história, com desvios confessos em balanço
de nada menos de R$ 6 bilhões, e perdas superiores a R$ 40 bilhões por má
gestão.
Dilma foi longe demais para quem não daria um passo com as
próprias pernas. Brigou com quem não podia e afagou quem não devia. Irritou
aliados e desagradou o seu partido.
Com aprovação de apenas 12%, o pior índice que um
presidente já teve, Dilma se tornou símbolo de tudo que o país não quer.
Mas, em tempos de denúncias que não deixam o PT respirar,
ter Dilma como mãe de todos os males não era de todo ruim. Até o último dia 5.
A barulhenta reação durante programa de rádio e TV do
partido acendeu o alerta vermelho. Foi contra o PT. Contra o até então
intocável Lula.
E não adianta apelar para as mães. Elas também batem
panelas.
Postado por Tomaz
Filho às 15:55
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