Fabio Braga/Folhapress | |
A executiva Kely Alves, 41, com a babá de seus três filhos, a filipina Realiza Santandan, 42 |
PATRÍCIA CAMPOS MELLO - Folha de São Paulo
"Good morning Liza! Milk, please". É assim que os filhos da executiva
Kely Alves, 41, conversam com sua babá filipina no café da manhã.
Realiza Santandan, 42, começou a trabalhar em outubro do ano passado na
casa de Kely, na zona oeste de São Paulo. Liza não fala português. As
crianças, de 10, 4 e 2 anos, não falam muito inglês.
"A língua é o de menos: passaram mais de dez babás por aqui e nenhuma
dava certo, porque ficavam de má vontade", conta Kely. "A Liza está
sempre bem humorada e eu preciso até pedir para ela parar de trabalhar; o
povo filipino gosta de servir."
Com dificuldade para encontrar empregadas que aceitem dormir no serviço,
famílias de classe média alta estão trazendo domésticas das Filipinas.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
A filipina Amy Villariez, 33, com a patroa Thalita Assis, 35 |
A agência Global Talent já trouxe 70 filipinas para trabalharem de babá,
empregada ou cozinheira. A empresa cuida da seleção das mulheres em Cingapura e da papelada no Ministério do Trabalho.
As filipinas entram no Brasil com visto de trabalho válido por dois
anos, renováveis por mais dois, e ganham de R$ 1.800 a R$ 2.000 por mês.
O contratante paga R$ 6.000 para a agência e a passagem da empregada. Os
patrões garantem cumprir a legislação, com limite de oito horas de
trabalho por dia, folgas e benefícios como o INSS.
"A maioria dos que contratam são expatriados que querem uma empregada
que fale inglês e brasileiros que moraram fora", diz Priscila Rocha
Leite, sócia da agência Home Staff, que oferece o serviço da Global
Talent para as clientes da sua agência.
"As babás filipinas são tipo os médicos cubanos, mas sem pagar pedágio para o Fidel."
O país tem tradição de exportação de mão de obra para trabalhos domésticos –são 10 milhões de filipinos no mundo todo.
"Aqui o salário é melhor, consigo mandar mais dinheiro para minha
família", diz a filipina Amy Villariez, 33, que trabalha desde dezembro
para uma família no Rio. Ela sustenta a filha de nove anos e a mãe na
terra natal.
Quando morava em seu país, Amy trabalhava em um supermercado e ganhava
US$ 200 por mês. Depois, mudou para Cingapura para trabalhar de babá.
Tinha lá só uma folga por mês e não podia nem pôr o celular para
carregar, porque os patrões reclamavam do gasto de energia.
Não podia usar o wi-fi, então "roubava" a senha do vizinho. Só comia o
que sobrava e ganhava US$ 300 por mês. No Brasil, Amy ganha R$ 2.000,
mais R$ 100 por sábado, e folga todos os domingos. Todo mês, manda US$
200 para casa.
"É uma vantagem minhas filhas crescerem falando inglês e acho que estou ajudando a Amy a melhorar a vida dela também", diz Thalita Assis, 35, advogada, que vive com o marido, executivo da Shell, as filhas gêmeas de um ano e Amy na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
O casal morou 11 anos fora, em vários países. No último posto, Brunei,
tinham uma empregada filipina. "[Ela] Era incrível, fazia compras,
limpava, cozinhava e dirigia. Ela até lavava o carro!", conta. "No
Brasil, babá é só babá, cozinheira só cozinha e empregada só limpa."
REGULAMENTAÇÃO
A importação de empregadas filipinas se tornou possível desde uma
regulamentação de 2012 do Ministério do Trabalho, que permite a
contratação de mão de obra estrangeira por pessoas físicas, e não apenas
empresas.
O ministério ainda não tem dados exatos sobre empregadas filipinas no
Brasil. Segundo Aldo Cândido, coordenador-geral de imigração no
Ministério do Trabalho, o empregador precisará pagar todos os encargos,
até o FGTS, quando for regulamentada a nova PEC das domésticas.
Leonardo Ferrada, 29, sócio da Global Talent, está fechando um acordo
para importar mão de obra filipina para hotéis, de olho na Olimpíada de
2016 no Rio.
Comentário
Já tive empregadas filipinas.Elas falam inglês correntemente e são católicas como a gente, ao contrário das demais asiáticas que, na sua maioria, são budistas.Não queira NUNCA ter uma empregada budista!
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