sábado, 23 de maio de 2015

A SOMBRA DA DERROTA DO AJUSTE FISCAL





 
 
Ponto alto da sessão inconclusa do plenário do Senado, na noite de quarta-feira, foi o discurso  do senador Lindbergh Farias,  do PT do Rio de Janeiro.  Liderando um grupo de onze rebeldes senadores da base governista, entre eles Paulo Paim, também do PT, emocionado, o ex-presidente da UNE e ex-prefeito de Nova Iguaçu,  explicou porque votaria contra  a medida provisória do esbulho dos direitos trabalhistas e previdenciários. 
 
 
Redimiu parte das esquerdas que não aceitam o neoliberalismo da presidente Dilma e do ministro Joaquim Levy, porque a conta do ajuste fiscal não pode ser enviada apenas para o trabalhador.   Lindbergh criticou e pediu o abandono  da política econômica do governo, sendo aplaudido pelas galerias cheias de sindicalistas e pela oposição a Madame. Leu um manifesto de intelectuais, contra a estratégia desenvolvida pelo palácio do Planalto. Outros oposicionistas solidarizaram-se com ele e Paim:  Lídice da Mata, Roberto Rocha, Antônio  Carlos Valadares e  João  Capiberibe, do PSB, Randolfe Rodrigues, do PSOL, Roberto Requião, do PMDB, Cristovam Buarque, do PDT, Marcelo Crivela, do PRB, e Hélio  José, do PSD.
 
 
Foi com base nesses dissidentes e pelo adiantado da hora que os lideres do governo, apoiados  pelo presidente Renan Calheiros, decidiram adiar para a próxima terça-feira a votação da medida provisória 664, que reduz  direitos do  salário  desemprego, do abono salarial e dos pescadores. A matéria seria rejeitada, o quórum diminuía  e a sombra da derrota foi   adiada para a semana que vem.  A guerra será de foice em  quarto escuro, inexistindo garantias de que o governo sairá vencedor.  Uma desmoralização dos diabos para os donos do poder. Neste fim de semana os líderes das bancadas governistas estarão refazendo contas e procurado senadores postos em dúvida, claro que levando em suas  bagagens múltiplos atos de nomeação para cargos do segundo escalão, com o que imaginam poder virar o jogo das  especulações.
 
 
ACREDITAR, POUCOS  ACREDITAM
Os governadores estaduais deixaram Brasília   mais  ou  menos como chegaram:  desconfiados do haver participado  de uma reunião que a pretexto de discutir o pacto federativo, resumiu-se a um exercício de enxugar gelo e ensacar  fumaça.   Reunidos pelo  presidentes da Câmara e do Senado, com apenas três ausências, os governadores acreditam que dificilmente o Congresso poderá suprir o vazio de suas dificuldades de caixa, de dívidas e de investimentos, coisa que apenas ao governo federal seria dado resolver. Os super poderes do palácio do Planalto tem sido utilizados para aumentar  as agruras dos estados, que por sinal apresentam reivindicações até  contraditórias. A Federação cada vez mais transforma-se em  peça de ficção.

Fonte: Carlos Chagas,  jornalista – Diário do Poder

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