Ponto alto da sessão
inconclusa do plenário do Senado, na noite de quarta-feira, foi o
discurso do senador Lindbergh Farias, do PT do Rio de
Janeiro. Liderando um grupo de onze rebeldes senadores da base
governista, entre eles Paulo Paim, também do PT, emocionado, o ex-presidente da
UNE e ex-prefeito de Nova Iguaçu, explicou porque
votaria contra a medida provisória do esbulho dos direitos trabalhistas e
previdenciários.
Redimiu parte das esquerdas que não aceitam o neoliberalismo da presidente Dilma e do ministro Joaquim
Levy, porque a conta do ajuste fiscal
não pode ser enviada apenas para o trabalhador. Lindbergh
criticou e pediu o abandono da política econômica do governo, sendo aplaudido pelas galerias cheias de
sindicalistas e pela oposição a Madame. Leu um manifesto de intelectuais,
contra a estratégia desenvolvida pelo palácio do Planalto. Outros
oposicionistas solidarizaram-se com ele e Paim: Lídice da Mata, Roberto
Rocha, Antônio Carlos Valadares e João Capiberibe, do PSB,
Randolfe Rodrigues, do PSOL, Roberto Requião, do PMDB, Cristovam Buarque, do
PDT, Marcelo Crivela, do PRB, e Hélio José, do PSD.
Foi com base nesses
dissidentes e pelo adiantado da hora que
os lideres do governo, apoiados pelo presidente Renan Calheiros, decidiram adiar para a próxima terça-feira a votação da medida provisória 664, que reduz direitos do
salário desemprego, do abono salarial e dos pescadores. A matéria
seria rejeitada, o quórum diminuía e a sombra da derrota foi
adiada para a semana que vem. A guerra será de foice em quarto
escuro, inexistindo garantias de que o governo sairá vencedor. Uma desmoralização dos diabos para os donos do poder.
Neste fim de semana os líderes das bancadas governistas estarão
refazendo contas e procurado senadores postos em dúvida, claro que levando em
suas bagagens múltiplos atos de nomeação para cargos do segundo escalão,
com o que imaginam poder virar o jogo das especulações.
ACREDITAR,
POUCOS ACREDITAM
Os governadores
estaduais deixaram Brasília mais ou menos como
chegaram: desconfiados do haver participado de uma reunião que a
pretexto de discutir o pacto federativo, resumiu-se
a um exercício de enxugar gelo e ensacar fumaça.
Reunidos pelo presidentes da Câmara e do Senado, com apenas três
ausências, os governadores acreditam que dificilmente o Congresso poderá suprir
o vazio de suas dificuldades de caixa, de dívidas e de investimentos, coisa que
apenas ao governo federal seria dado resolver. Os super poderes do palácio do
Planalto tem sido utilizados para aumentar as agruras dos estados, que
por sinal apresentam reivindicações até contraditórias. A Federação cada
vez mais transforma-se em peça de ficção.
Fonte: Carlos Chagas, jornalista
– Diário do Poder
Nenhum comentário:
Postar um comentário