ELEFANTE
BRANCO: Domingão vazio com Fla-Flu no Rio: clássico sem público e
camarotes fechados na semana passada. É verdade que o futebol não
ajuda...(Daniel Ramalho/Veja)
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Na
terça-feira, 2 de junho, quatro dias depois de ser reeleito para seu
quinto mandato na presidência da Federação Internacional de Futebol
(Fifa), o suíço Joseph Blatter convocou a imprensa e renunciou. Sentia,
disse, não ter "apoio no mundo futebolístico".
O que ele não tem, na
verdade, é a distância requerida a alguém na sua posição do lamaçal de
corrupção, falcatruas e desvios de dinheiro que engolfou a Fifa nas
últimas semanas e já levou sete dirigentes - inclusive o brasileiro José
Maria Marin, ex-presidente da CBF - à prisão.
A investigação, conduzida
pela polícia americana, bateu nos últimos dias em Jérôme Valcke,
braço-direito de Blatter, e foi aí que o chefe capitulou.
Nos seus
termos: ele pretende permanecer no cargo até a realização de nova
eleição, o que só deve acontecer em dezembro. O envolvimento de Valcke
tem um gostinho especial para os brasileiros, por ter sido ele o cartola
que, meses antes da Copa do Mundo de 2014, cobrou do Brasil, em
expressões nada educadas (ameaçando um "chute no traseiro"), mais
empenho na aplicação do celebrado e caro padrão Fifa às obras do
torneio.
Padrão, sabemos agora, ancorado em estruturas corruptas e que
deixaram um legado nefasto para o Brasil. Um ano depois da Copa, o país
do futebol tem estádios vazios, todos construídos a valores
inexplicáveis e amargando prejuízos - ao contrário da Fifa, aliás, que
amealhou lucro de 16 bilhões de reais com a megafesta de 2014.
Surpresa?
Não exatamente, mas um olhar detalhado sobre as contas chega a ser
assustador. A partir de um levantamento inédito, VEJA analisou balanços
financeiros de concessionárias das arenas, um ramo de negócios
praticamente inaugurado com a Copa - antes, elas eram tocadas pelo poder
público ou pelos clubes.
A pesquisa mostra que as obras nos doze
estádios atingiram um valor total de 8,4 bilhões de reais, 42% acima do
previsto. Nenhum deles conseguiu os patrocínios, as concessões
comerciais e a lotação das arquibancadas que garantem lucratividade.
O
resultado é um prejuízo que chega a quase 700 milhões de reais, sendo
600 milhões nos seis que se preparam para sediar a Olimpíada do Rio, em
2016. Que a Arena Amazônia, de Manaus, daria prejuízo era sabido e
anunciado. Mas e o Maracanã? O Mineirão?
Os consórcios de empreiteiras
que assumiram a gestão desses dois estádios contavam com o efeito da
Copa padrão Fifa (ah, esse padrão), que voltaria a encher as
arquibancadas de torcedores animados com as instalações novas e modernas
e os craques em campo. Deu-se o 7 a 1, o torcedor continuou em casa, os
craques se foram e a dura realidade se sobrepôs. Do site de Veja
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