terça-feira, 9 de junho de 2015

Após morte de bebê, Inmetro proíbe venda e uso de berço da Burigotto por risco de asfixia




Estudo do instituto apontou o risco e consumidores devem suspender imediatamente o uso. Produto será recolhido do mercado

Ag. O Globo
 
Atualizado em 08/06/2015 20:54:09




Com base nos registros de acidentes cadastrados no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo, o Inmetro suspendeu o registro que havia concedido ao berço dobrável modelo Nanna, fabricado pela Burigotto, e determinou o recolhimento do produto do mercado após o relato de uma mãe que perdeu a bebê de 6 meses asfixiada. A criança morreu em fevereiro, em Minas Gerais, sufocada entre o vão da lateral do berço e o colchão. Após a queixa da mãe o Inmetro estabeleceu novos procedimentos para a realização dos novos testes que constataram o perigo. Nos testes foram considerados cenários de uso normal do produto e simuladas diversas posições e travamentos.
(Foto: Divulgação)


O consumidor que tiver o modelo Nanna do berço dobrável deve suspender imediatamente o uso e entrar em contato com a empresa pelos telefones (19) 3404-2000 ou 3701-7700. O caso levou o Inmetro a publicar no final de maio, a Portaria n° 243/Presi para aumentar o rigor das exigências para a produção, venda e importação de berços-portáteis. Registre aqui eventuais casos de problema com este e outros produtos.

"O modelo havia sido certificado antes das evoluções tecnológicas do produto, que o fizeram deixar de ser seguro. Como o colchão não acompanha o berço, é algo que deve ser adquirido separadamente, não foi possível se observar antes do relato da consumidora que a falta de especificação sobre as dimensões corretas do colchão provoca um espaço em que a criança, deitada para baixo, não consegue respirar", disse Marcelo Monteiro, chefe da Divisão de Fiscalização e Verificação da Conformidade do Inmetro.

Uma das especificações da nova Portaria é que o espaço entre as laterais e o colchão não pode ser superior a 30 mm, mesmo se produto for feito de material flexível (tecidos, telas e plásticos). Agora, demais fabricantes terão mostras de seus produtos, sendo berços flexíveis ou não, submetidos aos novos testes para terem o uso liberado.

"O produto deve ser retirado do mercado em até 10 dias", completou Monteiro.

Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional do Proteste, houve falha na simulação feita pelo instituto.

"Quando testamos um produto, isto incluiu necessariamente fazer todas as simulações de uso, o que pressupõe inserir um colchão. A falta da especificação, das dimensões do colchão ideal para este produto no manual de instruções é outro erro grave que deveria ter sido notado durante a checagem do Inmetro - diz ela. - Não é o fato de um produto já ser certificado que ele não deve ser submetido novamente às simulações. É normal que os modelos sejam atualizados pelas fábricas e por isso se faz necessária a revisão", acrescenta.

Em nota, a Burigotto informou que "berço Nanna, segue todos os padrões de segurança exigidos pelo Inmetro, e possui autorização para comercializar seus produtos no mercado", mas que "por determinação do órgão, através de ofício recebido no dia 01/06, a Burigotto iniciou imediata e preventivamente a retirada do berço Nanna dos pontos de venda". Diz ainda que "não foi notificada quanto à possibilidade de recall e que aguarda a conclusão dos novos testes recém exigidos pela Portaria". O modelo é comercializado há mais de seis anos.

Os berços infantis são regulamentados pelo instituto e só podem ser vendidos após serem submetidos a um processo de certificação e autorização, no qual as fabricantes obtêm registro do produto junto ao Inmetro, e passam a exibir o Selo de Identificação da Conformidade na embalagem do produto.

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