A poluição no Rio de Janeiro é um dos fatores mais preocupantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) para as Olimpíadas
de 2016. A preocupação é de que os focos de poluição possam ser, no
máximo, amenizados até a data de início dos jogos. Mas a salvação para
um dos palcos aquáticos em péssimo estado, a Lagoa Rodrigo de Freitas, que será utilizada nas provas de remo, segundo um especialista, poderia ocorrer até agosto do próximo ano.
Isso é o que diz o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Cesar Rosman. A lagoa costuma ser um cenário de grande poluição, com enorme mortalidade dos peixes,
todos os anos repetidamente, agora, porém, o integrante do Departamento
de Recursos Hídricos e Meio Ambiente e de Engenharia Costeira e
Oceanográfica da UFRJ, propõe uma solução antiga e feita por ele mesmo há 22 anos: a construção de grandes dutos subterrâneos, ligando a lagoa com o mar, o que aumentaria a troca de água e favoreceria a oxigenação.
Segundo o autor, a ideia de se fazer os
dutos afogados é perfeitamente viável e atingiria os objetivos. "Se não
houver uma ligação permanente, com boa troca de água, não tem solução.
Hoje temos uma lagoa que é um doente crônico. Em menos de um ano, de hoje para as Olimpíadas, dá para fazer, e resolve o problema definitivamente”, assegurou.
Rosman afirma que décadas de poluição criaram uma camada ao fundo da Lagoa Rodrigo de Freitas, e por conta disso, quando venta muito, chove forte ou a temperatura sobe, essa camada se agita e libera substâncias tóxicas, que provocam a mortandade em massa de peixes, periodicamente.
Mobilizar tais camadas na lagoa, recuperaria os espaços aquáticos perdidos na sedimentação, além disso, a troca de águas, melhoraria a qualidade da água da lagoa,
porque aumentaria o seu volume e a sua quantidade de nutrientes. Os
dutos seriam capazes de escoar as águas da chuva, evitando alagamentos e
o contínuo assoreamento no Canal do Jardim de Alah.
Com esta nova dinâmica, os fundos
receberiam 2 vezes por dia a entrada de águas saturadas de oxigênio do
mar, o que, segundo o autor, poderia fazer com que a fauna do fundo da
lagoa, passasse a ter bons níveis de oxigênio e deixasse de ser estéril.
O sistema apresentaria quatro
tubulações subterrâneas, tendo 2,6 metros de diâmetro cada, e se
estendendo até 200 metros mar adentro. O custo da obra estaria estimado em 30 milhões de reais,
não havendo necessidade da utilização de bombas, sendo a força da maré
mais do que suficiente para puxar e empurrar a água. Ainda assim, o
professor não garante o fim da mortalidade dos peixes durante as Olimpíadas.
“Mortandades de peixes ocorrem mais
comumente na época do verão, quando a água fica mais quente e o
metabolismo de microalgas é mais acelerado, ocorrendo os choques de anoxia -
falta de oxigênio. Mas se você olhar os registros de mortandade na
lagoa, houve vários casos no inverno. Nunca estamos livres de
catástrofes ambientais”, relatou.
Todos torcemos para que as
Olimpíadas possam trazer melhorias para a Cidade Maravilhosa,
principalmente nas questões ambientais, porque no Rio de Janeiro a
natureza é tão fortemente presente que quase não se imagina que toda
aquela beleza esteja em risco por má-administração e descaso.
Nos casos da Baía de Guanabara e das Lagoas da Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Rodrigo de Freitas, claro que as obras para despoluição de suas águas
devam ser feitas em um conjunto de competências que vão além da
engenharia de construção de dutos, e que passe por sérios estudos de
impacto ambiental a fim de se encontrar as melhores soluções, que
atinjam o cerne da questão e que resolvam o problema definitivamente,
para que as obras não se verifiquem, com o decorrer do tempo, como
maquiagens para os eventos mundiais.
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