Em
ampla matéria de capa, o Estadão revela os documentos que a diplomacia
norte-americana coletou sobre as relações de Lula, o lobista da
Odebrecht, com ditadores da África e da América do Sul, principalmente
os bolivarianos. Nas negociatas, muitas vezes, entrou dinheiro do BNDES.
É lama que não acaba mais:
A
diplomacia americana monitorou os negócios da empreiteira brasileira
Odebrecht no exterior e apontou para suspeitas de corrupção em obras
espalhadas pelo mundo na segunda gestão do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na Presidência (2007-2010). Telegramas confidenciais do
Departamento de Estado norte-americano revelados pelo grupo WikiLeaks
relatam ações da empresa brasileira e suas relações com governantes
estrangeiros. Lula é citado em iniciativas para defender os interesses
da Odebrecht no exterior.
No dia 21 de outubro de 2008, a embaixada americana em Quito (Equador) descreve a pressão imposta sobre as empresas brasileiras pelo presidente daquele país, Rafael Correa. O governo equatoriano ameaçava expulsar tanto a Odebrecht quanto a Petrobrás, alegando descumprimento de contratos.
A embaixada americana em Quito, porém, alerta ao Departamento de Estado dos EUA que o motivo da pressão seria outro: corrupção. “Alfredo Vera, chefe da Secretaria Anticorrupção do Equador, levantou questões sobre os preços e financiamento dos contratos da Odebrecht”, indicou o telegrama. “Apesar de não termos informações de bastidores no projeto San Francisco (usina), o posto ouviu alegações com credibilidade de corrupção envolvendo o projeto de irrigação da Odebrecht em Manabi de um ex-ministro de Finanças que se recusou a assinar os documentos do projeto diante de suas preocupações sobre a corrupção”, afirmaram os EUA.
Outro
alerta feito nos bastidores aos americanos se referia às condições do
empréstimo do BNDES, para o mesmo projeto. “O posto também ouviu
preocupações de um funcionário do Banco Central sobre termos
desfavoráveis nos empréstimos do BNDES que apoiariam o projeto de
irrigação”, constata o telegrama. Segundo os EUA, ambos problemas teriam
ocorrido em 2006, no último ano do governo de Alfredo Palácio. “Apesar
de não termos a história completa da ira de Correa contra a Odebrecht,
suspeitamos que a corrupção e a pobre construção da empresa amplamente
devem explicar suas ações (em relação a Correa)”, indicou a diplomacia.
Lula. Um
ano depois, num telegrama de 5 de outubro de 2009, a embaixada americana
no Panamá relata a Washington a situação delicada que vivia o então
presidente local, Ricardo Martinelli. Numa conversa entre os diplomatas e
um ministro do governo, Jimmy Papadimitriu, os americanos são alertados
de que um escândalo de corrupção estaria prestes a eclodir, envolvendo a
Odebrecht.
“O
administrador da campanha de Martinelli, e hoje ministro da presidência,
Jimmy Papadimitriu, disse à Emboff (sigla em inglês para “oficial da
embaixada”) que notícias estavam a ponto de sair de que Martinelli
recebeu uma grande contribuição para sua campanha da construtora
brasileira Odebrecht, que estava conduzindo várias grandes obras
públicas no Panamá”, indicou o telegrama e que cita como Martinelli
passou a ser alvo de ataques quando deu à empresa brasileira um contrato
de US$ 60 milhões para a construção de uma estrada “sem licitação”.
Em 30 de
outubro de 2007, outro telegrama apontou para as relações da Odebrecht
com políticos estrangeiros. O caso se referia à viagem de Lula para
Angola, naquele ano. A embaixada americana em Luanda escreveria naquele
dia para Washington para descrever “uma produtiva visita de Lula”.
Segundo a
mensagem, “a visita de Silva (Lula) ajudou a concluir um acordo entre a
gigante construtora brasileira Odebrecht, a paraestatal angolana no
setor do petróleo Sonangol, e a Damer, até então desconhecida empresa
angolana, para construir uma usina capaz de produzir não apenas etanol
para exportação, mas gerar 140 megawatts de eletricidade por ano pela
queima de bagaço”.
O papel
de Lula não é colocado em questão. Mas a diplomacia dos EUA levanta
questões sobre a parceria fechada pela Odebrecht: “O acordo, chamado na
imprensa de um entendimento entre a Sonangol e a Odebrecht, aloca 40%
das ações para a Odebrecht, 20% para a Sonangol, e os restantes 40% para
a Damer”. “Fontes na embaixada brasileira afirmaram que a Odebrecht foi
“evasiva” quando questionada sobre a Damer, enquanto outras fontes
apontam que a Damer está conectada com o presidente angolano (José
Eduardo) dos Santos”. (Continua).
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