O texto “Muito mais do que apenas boicote”, do sempre lúcido blogueiro Guilherme Macalossi, é vital para o momento. Leia-o abaixo:
O editor Carlos Andreazza, da Record, apontou para a estranha falta de resenhas de livros que estão sendo lançados com enorme sucesso. É o caso de “Pare de Acreditar no Governo”, do Bruno Garschagen, que já chegou a 10 mil exemplares vendidos.
Os cadernos culturais das grandes publicações são apinhados, muito mais do que a média da redações em si, de esquerdistas, de progressistas, de gente que vê com medo a ascensão editorial de linha liberal e conservadora. Não se trata, entretanto, de mero boicote: Essas mesmas publicações continuam mantendo gente de uma irrelevância assustadora em seu quadro de colunistas por preconceito com a “direita”.
Uma imprensa mais séria, ou pelo menos uma imprensa mais plural, já teria arrebanhado para suas publicações pessoas que repercutem nas redes sociais e que tem seu trabalho divulgado por meio de livros. É o caso de Alexandre Borges, Flavio Quintela, Bene Barbosa, Flavio Morgenstern, Bruno Garschagen e Rodrigo Gurgel, para ficar apenas entre aqueles que já publicaram obras que foram muito bem vendidas.
Por que eles todos, e tantos outros talentos, já não possuem espaço fixo no colunismo político que dá tanto destaque para rematados medíocres como Fábio Porchat e Gregorio Duvivier, ou caquéticos lambedores de botas do governo como Jânio de Freitas? É por suas convicções? É em virtude da linha de pensamento? É por não terem espírito de manada?
A população letrada, que lê jornal, é a mesma que compra livros. O fato é que a explosão dessas publicações no mercado editorial é inversamente proporcional ao abismo da tiragem dos grandes veículos impressos, em continuada queda expressiva. O público está ávido por autores liberais e conservadores. A imprensa de esquerda, firme na sua convicção de esconder do público aquilo que ganha notoriedade nas livrarias, escolheu escrever para ninguém.
A avaliação do contexto é interessante,
mas é bom complementar com a causa para o problema. Guilherme está
correto ao constatar que a esquerda atual, nos meios de comunicação,
resolveu escrever para ninguém. Mas não é só isso. Eles também optaram
escrever em nome de suas verbas estatais.
Esta situação aqui trazida por Macalossi,
infelizmente, origina-se nas escolhas da direita, que optou por não
prestar atenção à questão da luta do PT contra a mídia.
Por esta
escolha, a direita não fez uma manifestação sequer quando Rachel
Sheherazade foi censurada, e muito menos quando o PT resolveu cortar as
verbas estatais para a Revista Veja. O Partido Totalitário sabia que, ao
fazer isso, lançaria uma espécie de autocensura sobre todo o resto da
grande mídia, o que resultaria em cerceamento de espaços para o
pensamento de direita nessas publicações.
Eu acho que a pauta do impeachment não
pode ser esquecida. Há outras pautas que já não são relevantes, como a
questão das urnas eletrônicas, pois um projeto de lei de Jair Bolsonaro
garantirá a impressão do voto. Há outros pedidos absurdos e
injustificáveis, como os pedidos por intervenção militar. Decerto, a
movimentação em favor do direito ao porte de armas, liderada por Bene
Barbosa, é muito bem vinda.
O mesmo pode ser dito da iniciativa de
Miguel Nagib na luta contra a doutrinação escolar. Observe que todas
essas frentes tem importância (com exceção do pedido por intervenção
militar, que não pode ser levado a sério, em termos políticos). Porém, a
questão mais importante de todas, envolvendo a liberdade de imprensa (e
a luta para evitar que as verbas estatais de publicidade direcionem
tanto o conteúdo), simplesmente foi abandonada pela direita. Não há uma
frente sequer dedicada a esta luta.
É preciso primeiro plantar, para depois colher.
P.S.: “Nova Jerusalém” é o termo criado
pelo autor deste blog para definir, em termos de guerra política, o
ponto mais importante sob disputa para os dois lados da contenda.
Nova
Jerusalém, desde o advento do Foro de São Paulo, é o controle da mídia
(assim como da Internet, e da liberdade de expressão em geral). Assim
como nas Cruzadas, o ideal é que as tropas de ambos os lados lutassem
por essa posição. Bizarramente, essa posição é disputada unicamente pela
esquerda, mas ignorada pela direita.
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