O maior escândalo do mundo é obra de Lula e Dilma
José Nêumanne vai ao ponto no duro artigo publicado hoje no
Estadão, mostrando que "teles, fundos de pensão, Santo André, mensalão,
BNDES, eletrolão e petrolão não são casos isolados. Eles compõem um
escândalo só, investigado em Portugal, Suíça e EUA: é este Brasil de
Lula e Dilma". Como sempre frisa o historiador Marco Villa, trata-se de
um projeto criminoso de poder:
Que WikiLeaks, que Swissleaks, que cartéis mexicano e colombiano de
drogas, que Fifagate, que nada! O escândalo top do mundo hoje é outro.
Nada se lhe compara em grandeza aritmética, ousadia delituosa ou
desrespeito a valores éticos. E é coisa nossa! Embora nada tenhamos a
nos orgulhar de que o seja. Ao contrário!
Após se ter oposto ferozmente à escolha de Tancredo Neves pelo
Colégio Eleitoral para dar início à Nova República; à posse e ao governo
de José Sarney, a Fernando Collor, que ajudou a derrubar; ao sucessor
constitucional deste, Itamar Franco, de cuja ascensão participou; e a
Fernando Henrique Cardoso, o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao
governo federal com seu maior líder, Luiz Inácio Lula da Silva, e se
lambuzou no pote de mel do poder sem medo de ser feliz.
O primeiro objetivo caiu-lhe no colo como a maçã desabou sobre a
cabeça de Newton. Era de uma obviedade acaciana. Sob crítica feroz da
oposição, que o PT comandava, os tucanos privatizaram a Telebrás e,
devidamente desossado, o filé apetitoso das operadoras de telefones foi
devorado na nova administração. Sob as bênçãos e os olhos cúpidos do
padim Lula, a telefonia digital foi entregue a consórcios nos quais se
associaram algumas operadoras internacionais, com a experiência exigida
no ramo, burgueses amigos e fundos de pensão, cujos cofres já vinham
sendo arrombados pelos mandachuvas das centrais sindicais. Nunca antes
na história deste país houve chance tão boa para mergulhar na banheira
de moedas do Tio Patinhas.
Só que o negócio era bom demais para ser administrado em paz. Logo os
concessionários se engalfinharam em disputas acionárias, que
mobilizaram a Polícia Federal (PF), a Justiça nacional, os órgãos de
garantia de combate a monopólios e até instrumentos de arbitragem
internacional. No fragor da guerra das teles, os primeiros sinais de
maracutaia dividiram as grandes rotas com os aviões de carreira.
Sabia-se que naquele pirão tinha caroço. Mas quem ficou com a parte do
leão?
Impossível saber, pois este contencioso está enterrado sob sete
palmos de terra. Desde o Estado Novo, os sindicatos operários ou
patronais administram sem controle externo caixas que têm engordado ao
longo do tempo com a cobrança da Contribuição Sindical, que arrecada um
dia de trabalho de todo trabalhador formal no Brasil, seja ou não
sindicalizado. Sob a égide de Lula, as centrais sindicais foram
incluídas na divisão desse bolo gordo e açucarado. E o sistema
financeiro, acusado de ser a sanguessuga do suor do trabalhador,
incorporou a esse cabedal os fundos de pensão. Sob controle de
dirigentes sindicais, estes ocultam uma caixa-preta que ninguém tem
poder nem coragem para abrir.
Só que o noticiário sobre tais episódios foi soterrado pela avalanche
de denúncias provocada pelas revelações da Ação Penal (AP) 470, já
julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e conhecida popularmente
pela denominação que lhe foi dada pelo delator, Roberto Jefferson – o
mensalão. Agora, após seu julgamento ter sido concluído e com os réus
condenados, este é visto quase como lana-caprina desde a eclosão de
outro mais espetacular: a roubalheira do propinoduto da Petrobrás
devassada pela Operação Lava Jato. Mas a cada dia fica mais claro que os
dois casos se conectam e se explicam.
A importância de elucidar um crime ao investigar outro foi comprovada
quando, na Operação Lava Jato, a PF encontrou nos papéis de Meire Poza,
contadora do delator premiado Alberto Youssef, a prova de que o
operador do mensalão, Marcos Valério, deu R$ 6 milhões ao empresário
Ronan Maria Pinto, como tinha contado em depoimento referente à AP 470.
Segundo Valério, essa quantia evitaria chantagem de Ronan, que ameaçava
contar o que Lula e José Dirceu tinham que ver com o sequestro e a morte
de Celso Daniel, que era responsável pelo programa de governo na
campanha de 2002.
Mas nem essa evidência da conexão Santo André-mensalão-petrolão
convence o PSDB a dobrar a oposição do relator da CPI da Petrobrás, Luiz
Sérgio (PT-RJ), e levar Ronan a depor, como tem insistido a deputada
Mara Gabrilli (PSDB-SP). É que os tucanos articulam uma aliança com o
atual dono do Diário do Grande ABC para enfrentar o petista Carlos
Alberto Grana na eleição municipal de Santo André. E este corpo mole
pode dificultar o esclarecimento da verdade toda.
A Lava Jato já produziu fatos antes inimagináveis, como acusações
contra os maiores empreiteiros do País e até a prisão de vários deles. É
o caso de Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, que presidia
o Conselho de Administração da Oi na guerra das teles. Isso revela mais
um investigado em mais de um escândalo. Como Pedro Corrêa e José
Dirceu, acusados de receber propina da Petrobrás quando cumpriam pena
pelo mensalão.
A Consuelo Dieguez, em reportagem da revista Piauí, publicada em
setembro de 2012, Haroldo Lima, que tinha sido demitido por Dilma da
presidência da Agência Nacional de Petróleo, disse que, no Conselho de
Administração da Petrobrás, ele, a presidente e o ex-presidente da
estatal José Sérgio Gabrielli só votavam como o chefe mandava. E agora
Lula é investigado por eventual lobby para a Odebrecht no exterior em
obras financiadas pelo BNDES, a ser devassado em breve numa CPI na
Câmara.
E a Lava Jato chegou à eletricidade. Walter Cardeal, diretor da
Eletrobrás que acompanha Dilma desde o Rio Grande do Sul, foi citado na
delação de Ricardo Pessoa, tido como chefe do cartel do petrolão,
acusado de ter negociado doação de R$ 6,5 milhões à campanha da
reeleição dela. Othon Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, foi
preso ontem, sob suspeita de ter recebido propina.
Teles, fundos de pensão, Santo André, mensalão, BNDES, eletrolão e
petrolão não são casos isolados. Eles compõem um escândalo só,
investigado em Portugal, Suíça e EUA: é este Brasil de Lula e Dilma.
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