sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Coluna Claudio Humberto


07 de Agosto de 2015
Apesar de ter declarado que “suporta a pressão”, a presidente Dilma já teria preparado uma carta-renúncia. Fontes do Palácio do Planalto garantem que a redação da carta não foi um ato solitário, como é comum nesses casos: Dilma teria contado com a ajuda de dois dos seus ministros mais próximos, Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça), apesar de ambos serem contrários à ideia.

Confirmada a renúncia de Dilma, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumiria imediatamente o comando do Executivo.


Além da renúncia, há outras hipóteses para a saída de Dilma: ação na Justiça Eleitoral e representação da oposição por crime financeiro.


A ação eleitoral por financiamento ilegal de campanha pode culminar no cancelamento do registro da chapa. Assim, cairiam Dilma e Temer.


Se prosperar a representação da oposição na Procuradoria-Geral da República por crimes financeiros, Dilma também poderia ser cassada.

Antonio Palocci, ex-ministro de Dilma (Casa Civil) e Lula (Fazenda), faz força para ser esquecido, como parte da sua “estratégia de defesa”. São raras as aparições até em eventos do PT. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa acusa Palocci, na delação premiada na Lava Jato, de exigir R$ 2 milhões do ‘caixa do PP’ no esquema para a campanha da presidente Dilma, em 2010. As informações foram contundentes o suficiente para que Sérgio Moro determinasse a abertura de inquérito.


O ex-ministro continua muito ligado a Lula, de quem é contato junto a grandes empresas, inclusive muitas que estão enroladas no Petrolão.


O nome do ex-ministro foi incluído na lista enviada por Rodrigo Janot ao Supremo com autoridades envolvidas na roubalheira à Petrobras.


Palocci figura em outros escândalos: improbidade quando era prefeito de Ribeirão Preto e a quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa.
 
O clima de terra arrasada na Esplanada é evidente. Ontem, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), estava abalado: ele havia orientado aliados contra a PEC que dá aumento para advocacia geral da União, mas nenhum partido aliado o acompanhou.

O DEM enxerga dedo do PT na tentativa da bancada do PMDB de lhe tirar a prometida presidência da CPI dos Fundos de Pensão. Presidente da Câmara, Eduardo Cunha ofereceu o comando da CPI ao DEM.


O acordo de Cunha com o DEM faria de Sérgio Souza (PMDB-PR), que foi suplente de Gleisi Hoffmann (PT), o relator da CPI. Mas o PMDB diz que Efraim Filho (DEM-PB) não conseguirá se eleger presidente da CPI.


Ainda existiam entusiastas de um encontro entre os ex-presidentes FHC e Lula para apaziguar os ânimos durante a crise. Mas a pesquisa de ontem com o recorde de reprovação de Dilma jogou água no otimismo.


Fiel escudeiro de Eduardo Cunha, o PSC partirá definitivamente para a oposição, a contragosto do verborrágico líder do partido, Silvio Costa (PE). Na prática, nada muda: o PSC nunca vota com o governo Dilma.


Influente no baixo e médio clero, Danilo Fortes (PMDB-CE) só vê duas opções para Dilma: “Ou reconhece que não recuperará credibilidade ou o Congresso reprova as suas contas e parte para o impeachment”.


Teve dedo do presidente do PT, Rui Falcão, na nota à imprensa que nega participação do PT na roubalheira à Petrobras. A ordem era cuidar da imagem da sigla, sem defesa de José Dirceu, preso na segunda (3).


A declaração do vice Michel Temer de que a situação do país “é grave” foi interpretada no Congresso como a pá de cal no governo Dilma. Aliados dizem que Dilma perdeu um dos seus últimos apoiadores.


... a popularidade de Dilma só é maior que o número de gols sofridos pela Seleção contra a Alemanha. E por muito pouco.

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