sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O programa do PT na TV


Maurício Terra-Diário do Poder

 
Não constituiu nenhuma surpresa o conjunto de pronunciamentos e depoimentos auto-glorificantes e acusatórios do PT nesta quinta-feira. Do meu posto de observação, dentro do meu quarto em Brasília, tive alguma dificuldade para ouvir os primeiros 40 segundos de programa por causa dos fogos de artifício, que infelizmente não conseguiam encobrir as legendas também. A impressão que ficou é a de que não perdi muita coisa com isso. O panelaço convocado pela oposição, se aconteceu, não abafou o programa aqui na Asa Sul.

O resto do programa foi composto por depoimentos que ignoraram inteiramente o fato de que o estado atual do nosso quadro político é resultado direto, entre outras coisas, de ações do governo e da incapacidade presidencial para condução correta dos assuntos da sua própria administração junto ao Congresso.

Lula, como não poderia deixar de ser, acusou governos anteriores de incompetência para lidar com os problemas que ele resolveu. Nem ao menos uma palavra sobre o colossal endividamento dos componentes da "nova classe média" que conseguem, conforme ele mesmo se vangloria, andar de avião, comprar um carro e uma casa. Foge completamente à análise petista, especialmente de Lula, que qualquer um com um cartão de crédito na mão consegue passear na Disneylândia. Fica ainda mais fácil quando, como é o caso do governo, há milhões de contribuintes pagando a conta. A coisa se complica para a população quando se toma consciência  da quantidade inédita de automóveis sendo recuperados judicialmente pelas financeiras ou sendo voluntariamente entregues para quitação de dívidas impagáveis.

Há méritos inegáveis e óbvios em alguns atos dos governos petistas que ocupam o Planalto há 3 mandatos, mas, não há a menor evidência de que os integrantes desses governos se dêem conta de que todas as confusões judiciais que monopolizam as manchetes há muito tempo têm relação com o governo e sua estrutura ocupada e dominada por indicados, simpatizantes e militantes.

O programa na televisão, apesar de ocupar espaço de programação que varia de aceitável a péssima, teve o mérito de não ser muito longo. Se fosse em Cuba, seriam horas daquele discurso pré-colombiano. Ao menos nisso, temos alguma sorte. Foi o tempo suficiente para que as pessoas dissessem que o governo é ótimo, que a oposição é péssima, que seu passado é virginal, que o futuro é fantástico e está logo ali, depois da próxima eleição. É completamente óbvio que o governo nunca tenha esclarecido a população a respeito do seu financiamento, que é feito através de uma cornucópia de onde jorram promissórias, cartões de crédito e cheques sem fundo.

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