Publicado em março 20, 2015 por Redação
Em artigo enviado ao Jornal da Ciência, Nagib Nassar, professor emérito da UnB, alerta sobre riscos devidos à possível aprovação do eucalipto transgênico pela CTNBio na próximas semanas
Depois do milho transgênico com suas variedades tóxicas e até fatais, chegou a vez deste tipo de transgênico. Nele é introduzido um gene que acelera o crescimento além de outro que confere resistência a antibióticos.
O eucalipto é polinizado por abelhas fabricantes do mel, consumido por milhões de pessoas e fonte de renda de pequenos agricultores. Além de polinizar o eucalipto, elas polinizam outras culturas importantes na alimentação humana no Brasil como frutas cítricas e outras. O eucalipto é a principal fonte de pólen usado pelas abelhas e o mel contém mais de 1% de seu conteúdo feito de pólen. O mel consumido por humanos leva a desenvolver resistência aos antibióticos.
Agrava o perigo o fato de que as abelhas não são seletivas ao visitar flores em busca de néctar , e sua infecção ou reduzido número de sua população, leva a maior risco para todas as culturas polinizadas por elas e dependem de sua polinização para formar frutas e para propagar. A infecção de abelhas afeta a produção nacional de todas as culturas que delas dependem na fertilização e frutificação.
Em todas as ocasiões, inclusive na audiência pública organizada pela própria CTNBio, a empresa fabricante desse transgênico não conseguiu comprovar a sua segurança para abelhas. O MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário) não deixou de documentar essa falha em seu parecer.
O perigo não acaba pois a ameaça do eucalipto continua e se estende pela segurança hídrica do país, pois pelo seu crescimento rápido, ele reduz a rotação da colheita de 4 a 5 anos, e extrai água reservada em bacias hídricas, podendo agravar a crise hídrica enfrentada em diferentes regiões .
Até economicamente o país pode sofrer, pois a produção e a exportação do mel é oriunda principalmente do cultivo do eucalipto. Ele é produzido por milhares de pequenos produtores que têm nessa atividade sua principal fonte de renda. São hoje cerca de 350 mil produtores de mel, sendo 80% deles orgânicos. Com a eventual liberação, e a inevitável contaminação do mel, a exportação de mel orgânico será prejudicada pela rejeição no mercado internacional.
Uma vez autorizado o plantio em larga escala, esse tipo transgênico poderá contaminar outros cultivares de eucalipto não transgênicos devido o seu sistema de polinização alógama predominante e a transferência de seu pólen por abelhas a longa distância. Portanto, o perigo enfrentado pela contaminação do milho e algodão nativo por variedades transgênicas no Brasil e outros países volta mais uma vez a nos ameaçar.
Nagib Nassar é professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).
Fonte: Jornal da Ciência / SBPC, 5140, 19 de março de 2015
Publicado no Portal EcoDebate, 20/03/2015
"‘Eucalipto transgênico representa um risco à saúde pública’, por Nagib Nassar," in Portal EcoDebate, 20/03/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/03/20/eucalipto-transgenico-representa-um-risco-a-saude-publica-por-nagib-nassar/.
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Um comentário:
Há muita fantasia nesta postagem do Nagib. Embora ele seja professor emérito, sua análise resvala para fora da ciência e é impregnada da achismos advindos de sua militância anti-OGMs. Para uma análise completa recomendo a leitura de http://genpeace.blogspot.com.br/2015/03/perigos-percebidos-e-riscos-reais-do.html
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