- quarta-feira, 16 setembro 2015 23:47
Este é o resultado de um estudo inédito, o primeiro a estimar o impacto continental do desmatamento sobre a saúde, publicado nesta quarta-feira na revista Nature Geoscience. Os pesquisadores, entre eles o físico brasileiro Paulo Artaxo, utilizaram dados de satélite para avaliar a quantidade de fumaça na atmosfera, que foram combinados com modelos sobre a circulação atmosférica global e com índices de doenças provocadas por partículas finas presentes no ar, responsáveis por complicações respiratórias e cardíacas.
De acordo com Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP), a fumaça emitida a partir de grandes incêndios causa altos níveis de poluentes atmosféricos, que se espalham por uma grande extensão da América do Sul. O fogo é utilizado para limpar a área e preparar o solo para o plantio. A redução do desmatamento, no período de estudo, significou também a diminuição em cerca de 70% desses poluentes e também de gases de efeito estufa.
“Os efeitos são mais sentidos em outras regiões e não na Amazônia, onde a densidade populacional é menor”, explica Artaxo. “Na região Sudeste, onde vivem mais pessoas, o impacto dessa poluição é maior”, completa. Segundo dados do estado, a concentração do particulado fino foi reduzido em cerca de 30% no Sudeste do Brasil durante a estação seca, graças a redução do desmatamento na Amazônia.
O monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já registrou este ano (até o dia 14 de setembro) 47.468 focos de queimadas na Amazônia. Com mais de 16,5 mil focos, o Mato Grosso é o campeão de queimadas, seguido por Pará e Maranhão. Nesta época, a mais seca do ano, a maior cidade da região, Manaus, costuma amanhecer coberta pela névoa provocada pela fumaça das queimadas.
Os resultados do estudo, na opinião de Paulo Artaxo, reforçam a necessidade de zerar o desmatamento na Amazônia. “A forte redução do desmatamento até chegarmos ao desmatamento zero traz benefícios extras que vão favorecer em muito não só o meio ambiente amazônico e global, mas também a saúde da população”, afirma “Precisamos continuar o esforço de proteção da floresta amazônica, pois isso também salva vidas de brasileiros e auxilia na redução das mudanças climáticas globais", completa Artaxo.
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