16/09/2015
às 22:29
Eu
realmente não sei se alguém faz a cabeça da presidente Dilma Rousseff.
Acho que não. Ela age como pessoa que é, à sua maneira, absolutamente
original. Ninguém de fora, a menos que fosse inimigo, lhe daria tantos
conselhos ruins.
De saída,
há uma questão obvia: se há alguém que deveria fazer de conta,
publicamente (e só publicamente), que o debate sobre o impeachment não
existe, essa pessoa é Dilma, certo? Mas quê! Ela foi a primeira do
Planalto a tratar do assunto. É incompreensível. E não para mais.
Sigamos.
Tendo resolvido levar o debate para dentro do Palácio — o que é,
reitero, uma burrice —, que faça, então, o debate político, que especule
sobre as conveniências, que trate das dificuldades que adviriam do
impedimento, que diga que não há motivos para tanto, que negue que tenha
cometido crime de responsabilidade… Tudo isso, meus caros, seria do
jogo.
O que não é
aceitável é que Dilma classifique de “golpe” o que está amparado na lei
e na Constituição, especialmente quando as circunstâncias lhe são tão
adversas. Nada menos de 66% a querem fora da Presidência, segundo
pesquisas. É claro que impopularidade não é motivo para depor ninguém.
Quando, no entanto, o público anda tão insensível aos argumentos de
Dilma, o que lhe cabe é tomar certos cuidados políticos. E ela se mostra
um desastre ambulante.
Nesta
quarta, numa entrevista a um rádio de Presidente Prudente, no interior
de São Paulo, voltou a chamar a possibilidade do impeachment de “versão
moderna de golpe”.
Disse:
“Esse método, que é querer utilizar a crise como um mecanismo para você
chegar ao poder, é uma versão moderna do golpe”. E avançou: “Acredito
que há no Brasil, infelizmente, pessoas que não se conformam que nós
sejamos uma democracia sólida, cujo fundamento maior é a legitimidade
dada pelo voto popular”.
Dilma tem
de dizer quem são essas pessoas. Ela não pode afirmar, num dia, que o
governo vai “fazer de tudo” para impedir o impeachment e, no seguinte,
que há uma conspirata para tirá-la do poder.
A
presidente sabe que Fernando Collor caiu, no que diz respeito ao grupo
que representava e às falcatruas que a esse grupo eram atribuídas, por
muito menos, não é mesmo? O esquema então descoberto e denunciado era
fichinha perto do que está aí.
A
presidente sabe que não há golpe nenhum. A presidente sabe que golpes se
sustentam em armas. A presidente sabe que a afronta à legalidade
institucional se impõe na força bruta. E sabe também que nada disso está
em curso.
Golpe, Dilma, era o que estava em curso na Petrobras.
Golpe, Dilma, é maquiar as contas do país para se eleger.
Golpe, Dilma, é se eleger com um programa e governar com o outro.
Golpe, Dilma, é atribuir ao adversário as próprias e malévolas intenções.
Golpe, Dilma, é agredir as leis e advogar a impunidade porque, afinal, chegou ao poder pelas urnas.
Sei que parece estranho dizer, mas urna, minha senhora, não é tribunal de absolvição.
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