Fundir ministérios da Educação e da Cultura seria retrocesso, diz Juca Ferreira
21/09/2015 22h22
Rio de Janeiro
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse hoje (21) que seria
um retrocesso uma eventual fusão entre os ministérios da Educação e da
Cultura, como chegou a ser especulado nos meios políticos nas últimas
semanas. O ministro informou que não recebeu nenhuma sinalização da
presidenta Dilma sobre uma possível fusão de sua pasta com a da
Educação. O
ministro da Cultura, Juca Ferreira, participou na noite desta
segunda-feira (21) da cerimônia de abertura do Seminário Internacional
Cultura e Desenvolvimento, no Rio Fernando Frazão/Agência Brasil “Ela
não sinalizou e, por não ter sinalizado, eu não acredito que vá haver. É
um rumor que até tem uma base, alguém propôs, mas não acredito nessa
possibilidade de fusão. Seria um retrocesso muito grande”, afirmou Juca
aos jornalistas, antes do início do evento.
O ministro participou
na noite desta segunda-feira da cerimônia de abertura do Seminário
Internacional Cultura e Desenvolvimento, que contou com a presença da
diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura (Unesco), Irina Bokova.
Ele explicou que a Cultura tem
particularidades que precisam de um gerenciamento próprio e que a pasta
não se fortaleceria se fosse fundida com a da Educação. “Sob o ponto de
vista gerencial e administrativo, é importante que funcionem separado,
porque têm as tecnologias de patrimônio, as tecnologias de museus, toda a
vida do mundo artístico que precisa ser agilizada e as questões do
campo da cultura popular. Se você funde, reduz a capacidade do Estado de
tratar com a profundidade que a área cultural merece. Eu não acredito e
não recomendo que se leve adiante essa ideia.”
Juca citou dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que demonstram a distância que
os brasileiros ainda têm dos equipamentos e instrumentos culturais. “Os
dados detectados pelo IBGE e pelo Ipea é que pouco mais de 5% dos
brasileiros entraram alguma vez em um museu, só 13% vão ao cinema e [os
brasileiros leem] só 1,7 livro per capita por ano”.
De acordo com
o ministro da Cultura, o país tem um deficit grande nessa área e que é
preciso avançar muito, porque a cultura qualifica as relações sociais,
permite a vida democrática, pois educa as pessoas a conviverem com o
outro e não transformarem diferença em ódio. “Ela tem um papel de
articular todas as outras dimensões da vida pública”, afirmou.
Juca
Ferreira disse também que não acredita, em sua avaliação pessoal, que a
reforma ministerial vá atingir os ministérios ligados aos programas
sociais do governo. “Eu não acredito que os ministérios da área social
sejam atingidos, porque eles têm uma força simbólica grande, de
sinalizar que o Estado apoia a justiça social, igualdade, o combate ao
racismo e à discriminação, apoia a luta das mulheres por direitos iguais
e pelo desenvolvimento cultural. Então eu acredito que, mesmo com todas
as dificuldades, é importante estrategicamente manter, e creio que o
governo vá manter.”
As mesas de debate do seminário serão transmitidas ao vivo pela página do Ministério da Cultura na internet. O evento ocorre até quarta-feira (23).
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