Poderá criar mais problemas do que resolvê-los, a extinção de
dez ministérios anunciada para amanhã pelo palácio do Planalto. Porque
se ao inaugurar seu segundo mandato, a presidente Dilma tivesse passado a
faca nas próprias estruturas, o mundo político aceitaria sem fazer cara
feia. Afinal, Madame vinha de uma vitória indiscutível nas urnas,
aceitando-se que um novo período de governo comporta todo tipo de
mudanças.
Cobrada pela mídia e pelos partidos, além do empresariado, a redução do número de ministérios mereceu um dar de ombros e comentários de desprezo. Até mesmo a defesa de sua ampliação. Dilma não fez caso daquela crítica, como, aliás, também de muitas outras. Só que a crise chegou, estendendo-se da economia à política.
Cada iniciativa presidencial chegava atrasada e produzia efeitos negativos, da nomeação de Joaquim Levy para ministro da Fazenda à escolha e posterior demissão de Michel Temer como articulador político. Sem falar no primeiro ajuste fiscal, suprimindo direitos trabalhistas, como agora o segundo, propondo a volta da CPMF, reprovada ontem e hoje readmitida para nova reprovação.
No meio desse bate-cabeça que assola o governo desde outubro do ano passado, surge agora a reforma ministerial. Ninguém quer perder nada, nem o PMDB, com seis ministros, quanto mais o PT, com doze, e os penduricalhos de uma só pasta.
Aferram-se ao poder e suas benesses e ameaçam com o rompimento e a derrota de outras iniciativas açodadas de Dilma, como o veto a projetos de lei amplamente aprovados por deputados e senadores.
Pode ser que nada seja anunciado amanhã, através de manobras protelatórias tão a gosto da presidente. Mas a espada continuará próxima de seu pescoço, pois anunciou a redução. Fugir dela será pior.
Michel Temer representa o partido e o governo, mas logo precisará optar. Parte das bancadas do PMDB prega o desligamento do bloco oficial, evidenciando votar contra os interesses de Dilma. Mesmo no PT, ela vem sendo combatida e censurada. Já liberou notícias sobre mudanças no grupo palaciano, com Aloísio Mercadante ficando na Casa Civil mas diminuído, Ricardo Berzoini prestigiado e Miguel Rosseto escanteado. O Lula muda como biruta de aeroporto, ora contra, ora a favor do ajuste fiscal, mas cada vez mais afastado da sucessora.
Caso nas próximas horas o Congresso inicie a apreciação dos vetos, mais tempestades serão formadas no céu de Brasília, em especial se o Tribunal de Contas da União decidir rejeitar as contas de 2014. Ou o Tribunal Superior Eleitoral considerar que dinheiro podre irrigou a campanha da reeleição.
O ROUBO E O GOLPE
Nos anos Cinquenta, do que mais se falava era na perspectiva do golpe. Despontava Carlos Lacerda, porta-voz do adiamento das eleições presidenciais e da formação de uma junta militar. Eleito deputado federal pelo Rio, ganhou as manchetes com a formação da Frente Nacional Contra o Roubo e o Golpe. Num programa de televisão onde respondia a perguntas de populares, ouviu a indagação de um jovem: “o senhor agora está pregando o golpe. Quando começará a pregar o roubo?” Desfez-se a Frente Nacional...
Hoje o roubo tornou-se indiscutível, a partir de mensalões e petrolões. Pois não é que Dilma iniciou campanha contra o golpe?
Cobrada pela mídia e pelos partidos, além do empresariado, a redução do número de ministérios mereceu um dar de ombros e comentários de desprezo. Até mesmo a defesa de sua ampliação. Dilma não fez caso daquela crítica, como, aliás, também de muitas outras. Só que a crise chegou, estendendo-se da economia à política.
Cada iniciativa presidencial chegava atrasada e produzia efeitos negativos, da nomeação de Joaquim Levy para ministro da Fazenda à escolha e posterior demissão de Michel Temer como articulador político. Sem falar no primeiro ajuste fiscal, suprimindo direitos trabalhistas, como agora o segundo, propondo a volta da CPMF, reprovada ontem e hoje readmitida para nova reprovação.
No meio desse bate-cabeça que assola o governo desde outubro do ano passado, surge agora a reforma ministerial. Ninguém quer perder nada, nem o PMDB, com seis ministros, quanto mais o PT, com doze, e os penduricalhos de uma só pasta.
Aferram-se ao poder e suas benesses e ameaçam com o rompimento e a derrota de outras iniciativas açodadas de Dilma, como o veto a projetos de lei amplamente aprovados por deputados e senadores.
Pode ser que nada seja anunciado amanhã, através de manobras protelatórias tão a gosto da presidente. Mas a espada continuará próxima de seu pescoço, pois anunciou a redução. Fugir dela será pior.
Michel Temer representa o partido e o governo, mas logo precisará optar. Parte das bancadas do PMDB prega o desligamento do bloco oficial, evidenciando votar contra os interesses de Dilma. Mesmo no PT, ela vem sendo combatida e censurada. Já liberou notícias sobre mudanças no grupo palaciano, com Aloísio Mercadante ficando na Casa Civil mas diminuído, Ricardo Berzoini prestigiado e Miguel Rosseto escanteado. O Lula muda como biruta de aeroporto, ora contra, ora a favor do ajuste fiscal, mas cada vez mais afastado da sucessora.
Caso nas próximas horas o Congresso inicie a apreciação dos vetos, mais tempestades serão formadas no céu de Brasília, em especial se o Tribunal de Contas da União decidir rejeitar as contas de 2014. Ou o Tribunal Superior Eleitoral considerar que dinheiro podre irrigou a campanha da reeleição.
O ROUBO E O GOLPE
Nos anos Cinquenta, do que mais se falava era na perspectiva do golpe. Despontava Carlos Lacerda, porta-voz do adiamento das eleições presidenciais e da formação de uma junta militar. Eleito deputado federal pelo Rio, ganhou as manchetes com a formação da Frente Nacional Contra o Roubo e o Golpe. Num programa de televisão onde respondia a perguntas de populares, ouviu a indagação de um jovem: “o senhor agora está pregando o golpe. Quando começará a pregar o roubo?” Desfez-se a Frente Nacional...
Hoje o roubo tornou-se indiscutível, a partir de mensalões e petrolões. Pois não é que Dilma iniciou campanha contra o golpe?
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